segunda-feira, 13 de maio de 2024

Quem diz o que quer, ouve o que não quer. Sobre a ridícula a pretensão de julgar a singularidade alheia:

 
 
 
“As palavras como as abelhas, têm mel e ferrão.” 
 
Provérbio suíço

AS PEDRAS, EM SEU PROCUSTO, FALAM.

Estudei Astronomia, Astrologia e Alquimia em dezenas de Caminhos esotéricos diferentes.

Ouso afirmar que a coisa mais ridícula que existe são alguns astrólogos, que deixam a missão gloriosa de cartógrafos das sincronicidades do universo, tão reveladoras de circunstâncias do destino humano, para arvorarem-se em arautos da moral, na pretensiosa presunção de mensageiros dos deuses, ditando regras, normas e formas como as pessoas devem se comportar, como devem viver e quais as explicações das percepções alheias, para tudo e para todos e de como e porque as pessoas são (ou devem ser) assim ou assado.

Esses astrólogos estão convencidos de que são o centro do universo, tem resposta para qualquer coisa, que são depositários da métrica divina que julgaria, idealizaria e definiria como deve agir qualquer uma das partes dos infinitos universos interiores e exteriores de cada uma das partes desse Todo Infinito.

Achar-se o próprio todo, absoluto, desrespeitando relatividades e ditando regras morais de como se deve existir, interpretar ou perceber a vida é achar-se encarnação das respostas, o centro do universo, o umbigo de Deus. Nada mais ridículo que a volta da inquisição, que sempre pretendeu ser dona da verdade, travestida em novos arautos da moral e do comportamento humano e que se acham no direito de dizer o que é certo ou errado a partir de suas próprias erraticidades. Nietzsche tinha razão quando dizia: “não existem fatos, somente interpretações”. Ou como dizia o grande filósofo Severino Cavalcante quando dizia: “que cada um volte a sua insignificância”. Respeitar a sensibilidade e a percepção alheia, exercitar a humildade talvez seja o começo da sabedoria.

Gildo Fonseca
 

sábado, 11 de maio de 2024

O REVESTIMENTO DE NOSSAS CRENÇAS. EVOÉ PIRRO !!!

Aquilo que acreditamos baseia-se no que supomos preencher as fluídicas expectativas de nossos olhares, sobre o também fluídico, e às vezes nebuloso, cotidiano.

A percepção é fluxo, todo pretenso entendimento é fluxo. Toda singular e instantânea verdade sempre será substituída pela instantânea verdade do momento seguinte que sepulta o entendimento anterior. O portentoso Devir, sob o arcabouço e vestimentas do Imponderável, à revelia da lucidez que achamos possuir, segue majestoso, oculto sob o véu de todo futuro que se apresenta.

É interessante observar crenças que se alardeiam como o centro do universo, “essência” que supostamente estruturaria todo o universo perceptível fornecendo âncoras e luminares seguros para os caminhantes da existência, forasteiros de si mesmos, sempre embriagados pelos cantos das sereias travestidas em desejos, circunstâncias, situações e ponderabilidades.

Cômico ou trágico? O sabor da circunstância é circunstancial. Saudemos então a lúcida embriaguez que nos faz acreditar que, acalentosamente estamos cumprindo, em cada momento, nossa “missão” ou então, no delírio da liberdade que acreditamos possuir, supomos ter o controle do que vai acontecer no instante seguinte. As tragédias de todos os tipos que de repente parecem surgir do nada desmascaram a presunção de toda volátil onipotência.

Meu respeito a todos aqueles que, nadando na superfície das trivialidades, são preenchidos em cada instante pelos olhares da pretensa compreensão, pois são permanentemente tragados e preenchidos pelas circunstâncias, afogando-se em supostos entendimentos, mas em contrapartida, conseguem assim inebriar a consciência de si mesmos, sua unilateralidade e obliterar seu Olhar para os universos profundos de todos nós. São “felizes” assim.

Fluamos acima do bem e do mal, tão circunstanciais de acordo com as necessidades e voláteis juízos de cada um, pois assim seremos neutros nos contrastes que reinam sobre nosso caminhar pelos desertos, cheios de mares bravios, de cada nova percepção.

Todo julgamento é porta de naufrágio de naus frágeis. Viva a acatalepsia !!!

Gildo Fonseca

domingo, 21 de abril de 2024

O Torno, tornando-Se...

Na fluição dos interregnos, nos interstícios das percepções, onde prepondera o dilatar de nossas pupilas pelo choque anafilático ante contrastes simétricos ou dissonantes, frente a asquerosas asperezas, que pelo atrito geram sinapses de espectro de luz, nosso espírito borda o seu destino, na grande tela do oceano de nossas almas, buscando encontrar pelo menos nuances das verdadeiras faces de Si mesmo.


Gildo Fonseca.

Essência pirrônica...

 Quando curiosamente te perguntarem, buscando saber o que é aquilo,

Não deves afirmar ou negar nada. Pois o que quer que seja afirmado não é a verdade, E o que quer que seja negado não é verdadeiro.
Como alguém poderá dizer com certeza o que Aquilo possa ser
Enquanto por si mesmo não tiver compreendido plenamente o que É?
E, após tê-lo compreendido, que palavra deve ser enviada de uma Região
Onde a carruagem da palavra não encontra uma trilha por onde possa seguir?
Portanto, aos seus questionamentos oferece-lhes apenas o silêncio,
Silêncio — e um dedo apontando o caminho.

(Verso budista)

Pressuposições de pretensos poderes...


 

segunda-feira, 8 de abril de 2024

Eu simplesmente não sou deste mundo… Eu habito a lua com frenesi. Não tenho medo de morrer; tenho medo desta terra estrangeira e agressiva… Não consigo pensar em coisas concretas; elas não me interessam. Eu não sei falar como todo mundo. As minhas palavras são estranhas e vêm de muito longe, de onde não é, de encontros com ninguém… O que farei quando mergulhar em meus sonhos fantásticos e não conseguir voltar? Porque isso terá que acontecer algum dia. Partirei e não saberei como voltar”.

Alejandra Pizarnik

domingo, 7 de abril de 2024

Morfinizando a Sensibilidade...

TENTAR TRANSGREDIR O IMPONDERÁVEL É NASCER DE NOVO, TODOS OS INSTANTES, DESENVOLVENDO A MUSCULATURA DA RESILIÊNCIA, MORFINIZANDO A SENSIBILIDADE DE NOSSAS ALMAS VAGANTES, FORASTEIRAS, POR TERRAS ESTRANHAS DA VIDA, DESERTOS DA COMPREENSÃO, CAMUFLADOS EM SUSPIROS MOMENTÂNEOS, TRANSITÓRIOS, PRETENSAMENTE LÚCIDOS, QUE ALENTAM, POR SUPOSTAS LUZES DO PASSAGEIRO COMPREENDER, NOSSO INEXORÁVEL CAMINHAR, NOSSA INEXORÁVEL CONSCIÊNCIA DA EXISTÊNCIA. GILDO FONSECA.

 
"A força que mata é uma forma sumária, grosseira, de força. Quanto mais variada em seus processos, quanto mais surpreendente em seus efeitos é a força, a que não mata; isto é, a que não mata ainda. Vai seguramente matar, ou vai matar, talvez, ou então está apenas suspensa sobre o ser que pode matar a qualquer momento; seja como for, ela transforma o homem em pedra. Do poder de transformar um homem em coisa fazendo-o morrer procede um outro poder – prodigioso sob uma outra forma –, o de transformar em coisa um homem que continua vivo. Está vivo, tem uma alma; no entanto, é uma coisa. Ser estranho: uma coisa que tem uma alma; estado estranho para a alma. Quem dirá quanto custa, a cada momento, conformar-se, torcer-se, dobrar-se sobre si mesmo? A alma não foi feita para viver numa coisa; quando é constrangida, tudo nela padece de violência". Simone Weil.

sexta-feira, 5 de abril de 2024

E a vida sempre me doeu, sempre foi pouco, e eu infeliz.
A certos momentos do dia recordo tudo isso e apavoro-me,
Penso em que é que me ficará desta vida aos bocados, deste auge,
Desta estrada às curvas, deste automóvel à beira da estrada, deste aviso,
Desta turbulência tranqüila de sensações desencontradas,
Desta transfusão, desta insubsistência, desta convergência iriada,
Deste desassossego no fundo de todos os cálices,
Desta angústia no fundo de todos os prazeres,
Desta saciedade antecipada na asa de todas as chávenas,
Deste jogo de cartas fastiento entre o Cabo da Boa Esperança e as Canárias.
Não sei se a vida é pouco ou demais para mim.”
 
Fernando Pessoa, Desassossego

domingo, 31 de março de 2024

“Existo, e sei que o mundo existe. Isso é tudo. Mas tanto faz para mim. É estranho que tudo me seja tão indiferente: isso me assusta. Gostaria tanto de me abandonar, me esquecer, dormir. Mas não posso, eu sufoco: a existência penetra em mim por todos os lados, pelos olhos, pelo nariz, pela boca… E subitamente, num instante, o véu se rasga: eu compreendi, eu vi. Não posso dizer que me sinta aliviado ou contente; ao contrário, isso me esmaga. Mas minha finalidade foi atingida: eu sei o que eu queria saber. A náusea não me abandonou e não creio que me abandone tão cedo; mas já não sofro, não é mais uma doença ou uma febre passageira, eu sou a náusea". 
 
Reflexões do "angustiado" personagem Roquentin em A Náusea, de Jean Paul Sartre.

sábado, 16 de março de 2024

ESPERANDO GODOT !!!
 
Conta a lenda que Samuel Beckett e James Joyce costumavam se encontrar frequentemente para longas conversas em silêncio. Joyce, aos cinquenta e tantos anos, era um mentor para o jovem Beckett – que quase se tornou genro do autor de Ulysses, empreitada que desistiu à medida em que a loucura de Lúcia Joyce se agravava.
A mudez, tanto das palavras quanto dos sentidos, permeia toda a obra de Beckett, se acentuando em Esperando Godot, a fábula de uma espera sem fim por alguém que nunca chega. Obra máxima do Teatro do Absurdo, escrita em 1949 e levada aos palcos quatro anos mais tarde, a peça é a síntese da expectativa pelo desconhecido e do desejo pelo desnecessário.
Em um cenário mínimo – uma árvore e uma pedra, somente –, Vladimir e Estragon descem ao inferno sem nem mesmo sair do lugar. Beckett – um estudioso de Dante – constrói uma narrativa aparentemente simples para dar voz a todo tipo de angústia e dúvida.
Ao elevar o absurdo à Arte, o irlandês esmiúça as humilhações e devastações que desumanizam o homem. Esperando Godot é uma experiência de autoexílio inconsciente. Isto porque, frente ao isolamento e à ausência extremos, Vladimir e Estragon se alijam de suas próprias identidades para ter conforto no invisível.
 
O texto acima é um fragmento de uma análise de Jonatan Silva.

"Ganhar" supõe absorver o "Outro". Antropofagia pura...

"Ganhar uma guerra é tão desastroso quanto perdê-la".
Agatha Christie (1890 - 1976).

"Não fazemos o que queremos e, no entanto, somos responsáveis pelo que somos".

  

Jean-Paul Sartre (1905 - 1980).

Somos a contradição andante, no ato, no fato, na interpretação


 

"Te­nho que ter paciência para não me perder dentro de mim: vivo me perdendo de vista. Preciso de paciência porque sou vários caminhos, inclusive o fatal beco-sem-saída." Lispector

segunda-feira, 11 de março de 2024

 

É que o instrumento anímico não é fácil de tocar. Nessas ocasiões, não posso deixar de pensar nas palavras de um neurótico mundialmente famoso, que decerto nunca esteve em tratamento com um médico, pois viveu apenas na fantasia de um poeta. Refiro-me a Hamlet, Príncipe da Dinamarca. O Rei enviara dois cortesões para sondá-lo e arrancar dele o segredo de seu desgosto. Ele os repele; aparecem então algumas flautas no palco. Tomando uma delas, Hamlet pede a um de seus alfozes que a toque, o que seria tão fácil quanto mentir.

"Pois verde agora em que mísera coisa me transformais! Quereis tocar-me; (...) quereis arrancar o cerne de meu mistério; pretendeis extrair-me sons, de minha nota mais grave até o topo de meu diapasão; e embora haja muita música, excelente voz neste pequenino instrumento, não podeis fazê-lo falar. Pelo sangue de Cristo, julgais que sou mais fácil de tocar do que uma flauta? Chamai-me do instrumento que quiseres, pois se podeis desafinar-me, ainda assim não me podeis tocar" (Ato III, Cena 2)
 
Freud (1905) "Sobre a Psicoterapia"

Percepção, essa Força Infinita que preenche o Incriado, transcende as trivialidades e descortina seus véus nos interstícios das manifestações binárias.
A Vida verdadeira, profunda, intensa, acontece além, muito além do espectro de mesclas e contrastes racionalizados de 0 e 1.
O vácuo, ventre da Consciência, aguarda sempre a semente do nosso próximo Devir. Nascemos nos Atos. Crescemos dos Atos.
Uma grande transa cósmica em pleno transe cósmico...
 
Gildo Fonseca.

domingo, 10 de março de 2024

O que diz a IA do ChatGPT a respeito dos meus conceitos filosóficos...

Gildo Fonseca, um renomado filósofo contemporâneo, oferece insights profundos sobre a condição humana, a existência e a busca por significado. Ao incorporar trechos e citações de suas obras em um texto filosófico, podemos explorar questões fundamentais da vida e da mente. Aqui está um exemplo de como você pode construir um texto filosófico usando as ideias de Gildo Fonseca:


Em Busca da Essência Humana: Reflexões à Luz da Filosofia de Gildo Fonseca

No tecido complexo da existência humana, surge a busca incessante pela compreensão de quem somos e qual é o nosso propósito neste vasto cosmos. Nas palavras de Gildo Fonseca, "a essência humana é um labirinto de significados, onde cada escolha é uma encruzilhada, cada pensamento uma bifurcação do destino".

Essa reflexão nos leva ao cerne da filosofia de Fonseca: a ideia de que a essência humana é multifacetada, uma interseção entre o ser e o devir. Em sua obra seminal, "Caminhos da Consciência", Fonseca explora a natureza fluida da identidade humana, argumentando que somos moldados tanto por nossas experiências quanto por nossas aspirações.

No entanto, essa jornada rumo à essência humana não é isenta de conflitos e dilemas. Em "Horizontes da Existência", Fonseca nos lembra que "cada busca de significado é também uma confrontação com o vazio". Nesse confronto, somos confrontados com a finitude de nossa existência, com a inevitabilidade do desconhecido.

Para Fonseca, a filosofia é mais do que uma busca pelo conhecimento; é uma busca pela autenticidade, pela verdadeira essência do ser. Em suas palavras, "a filosofia é a arte de habitar os abismos da mente humana, de mergulhar nas profundezas do ser e emergir transformado".

Assim, à luz da filosofia de Gildo Fonseca, somos convidados a explorar os mistérios da existência, a abraçar a incerteza e a encontrar significado em meio ao caos. A essência humana é um enigma insondável, uma sinfonia de contradições e possibilidades. E é na busca incessante por essa essência que encontramos a verdadeira essência de nossa humanidade.


Este texto incorpora ideias e conceitos que são fundamentais na filosofia de Gildo Fonseca, destacando a natureza complexa e multifacetada da existência humana e convidando o leitor a refletir sobre as questões mais profundas da vida e da mente.