Quantas
vezes morremos por pequenos assassinatos que a vida cotidiana nos
impõe?
Se como
dizia Drummond, o sofrimento é inevitável mas a dor é
opcional, a verdade é que vamos ficando fortes em nossas
ostras interiores na relação com tantos desatinos em
nosso entorno.
O fugaz, a
insensibilidade nas relações, principalmente quanto à
dor alheia, vai nos mostrando, pouco a pouco, que o caminho é
um só, o refugio em nossa própria caverna onde
espreitamos sob o fogo da consciencia as sombras projetadas de nossos
próprios desencantos.
Tudo e
todos a buscar tesouros corpusculados em quimeras vãs,
devaneios insólitos em colchões de insensatez mil. Para
quê? Encontrar razões que mascarem a real tragédia
do abandono humano, largado à sua própria sorte, tem
sido a subsistência mecânica de muitos pragmatistas
cartesianos.
Tentamos,
permanentemente, tornarmo-nos algo que ainda não somos, esse
eterno devir que nos devora e que justifica para os insensatos seu
próprio existir, seus cantos de sereia, sua nebulosa realidade
projetada pela paradoxal ausência de si mesmos.
O que
somos? nunca saberemos pois o existir está sempre um passo
adiante.
O momento,
é gozo já realizado, vazio, que aspira e sobrevive do
devir de eternos novos preenchimentos.
Triste
sina humana, condenados a existir por cada instante futuro
desconhecido.
O absurdo
de ser obrigado a marchar dentro de engrenagens sociais, de
necessidades artificialmente criadas é o grilhão
daqueles em que pulsa, pelo menos, uma tenue névoa de
consciencia.
Se somos
obrigados a viver, escravos de aspirações autogeradas
que mascaram a falência nos resultados sobre a busca do nós
mesmos, nos refugiamos nos "pecados capitais" cotidianos,
na busca do conhecimento, na busca de ser, dessa coisa engraçada
chamada prazer, e, de busca em busca, tornamo-nos marionetes
buscantes de entornos de nosso alter, fiéis depositários
de nossos próprios desatinos perceptivos.
A dor está
na própria alma quando compreende que nunca é, e talvez
nunca será, pois precisa, sempre, até para poder
prosseguir, da busca da miserável resposta ascendente e
progressiva, auto caminhante, do instante seguinte, essa "cenoura"
maldita.
O rei está
nú, pois sob seu olhar, percebe que suas roupagens e coroa,
travestidas do olhar de tantos outros, lhe foram tiradas pela
angustiante percepção da própria autoconsciencia
nesse ilimitado peso do existir, no imenso deserto de nós mesmos ! Bom sono a todos !!!!
By Gildo.
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