quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019
Mia Couto
Poema da minha alienação
Demoro-me no outro lado de mim
porque me atrai
esse ser impossível
que sou
esse ser que me nega
para que seja ainda eu
Porque desejo esse alguém
que me invade e me ocupa
que me usurpou a palavra e o gesto
me fez estrangeiro do meu corpo
e me deixou mudo, contemplando-me.
Lanço-me na procura da minha pedra
no infindável trabalho
de me reconstruir
recolhendo os sinais do meu desaparecimento
percorrendo o revés da viagem
para regressar a um lugar inabitável.
Todas as vezes que me venci
não me separei do meu sonho derrotado
e, assim, me fiz nuvem
reparti-me em infinitas gotas
para que fosse bebido, vertido, transpirado
e voltasse de novo a ser céu
transparência de azul, harmonia perfeita
e poder regressar ao lugar interior
para me deitar, de novo,
no sangue que me iniciou.
porque me atrai
esse ser impossível
que sou
esse ser que me nega
para que seja ainda eu
Porque desejo esse alguém
que me invade e me ocupa
que me usurpou a palavra e o gesto
me fez estrangeiro do meu corpo
e me deixou mudo, contemplando-me.
Lanço-me na procura da minha pedra
no infindável trabalho
de me reconstruir
recolhendo os sinais do meu desaparecimento
percorrendo o revés da viagem
para regressar a um lugar inabitável.
Todas as vezes que me venci
não me separei do meu sonho derrotado
e, assim, me fiz nuvem
reparti-me em infinitas gotas
para que fosse bebido, vertido, transpirado
e voltasse de novo a ser céu
transparência de azul, harmonia perfeita
e poder regressar ao lugar interior
para me deitar, de novo,
no sangue que me iniciou.
Mia Couto Comp. da pg. de Marcel Oliveira
A força do imponderável...
"Trame, planeje, calcule, postule, o quanto quiser.
Sempre existirão surpresas à sua frente.
Conte com isso!"
Sempre existirão surpresas à sua frente.
Conte com isso!"
Henry Miller
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019
Trecho (tradução livre) fantástico de Baudelaire, que compartilho da página de Marcel Oliveira, texto que eu ousaria titular de "Aparecimentos que perecem".
Sonhos! Sempre sonhos! E quanto mais ambiciosa e delicada é a alma, tanto mais os sonhos a afastam do possível.
Cada homem leva consigo sua dose de ópio natural, incessantemente segregada e renovada,
E, desde o nascimento até a morte, quantas horas contamos preenchidas pelo empenho alegre e positivo, pela ação alcançada e decidida?
Viveremos alguma vez, entraremos alguma vez nesse quadro que pintou o meu espírito? o que você acha desse quadro?
O Baço Charles Baudelaire
terça-feira, 26 de fevereiro de 2019
Depois subitamente Orlando caía numa das suas expressões melancólicas [...] atirava-se de rosto para baixo no gelo, e ficava olhando para dentro das águas geladas e pensando na morte. Pois tem razão o filósofo ao dizer que entre a felicidade e a melancolia não medeia espessura maior que a de uma lâmina de faca; e prossegue opinando serem irmãs gêmeas; e daí conclui que todos os extremos de sentimentos são aparentados com a loucura.
.
[Virginia Woolf. In: Orlando - uma biografia.
[Virginia Woolf. In: Orlando - uma biografia.
[Art. Mariusz Lewandowski]
Comp. da pg. Gigantes da Literatura Universal
"Não me prendo a nada que me defina. sou companhia, mas posso ser solidão. tranqüilidade e inconstância, pedra e coração. Sou abraços, sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e sono. Música alta e silêncio. Serei o que você quiser, mas só quando eu quiser. Não me limito, não sou cruel comigo! Serei sempre apego pelo que vale a pena e desapego pelo que não quer valer… Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato. Ou toca, ou não toca."
Clarice Lispector
Comp. do FB, pg. Edilene Torino
Clarice Lispector
Comp. do FB, pg. Edilene Torino
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019
sábado, 23 de fevereiro de 2019
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019
Doce néctar da transitória lucidez...
Quando o Caminho da Meta corresponder a intersecção da Meta do Caminho, então se cristaliza, através da Potência Intrínseca da alma de cada Um, o mundo dos fenômenos particulares, iluminado por contrastes entre conflitos e afinidades, onde o bebê da nossa Consciência se alimenta, se nutre, terna e eternamente, do leite da lucidez gerado em cada uma dessas experiências, doce néctar que relativiza o Absoluto e torna Absoluta, cada Relatividade. Gildo Fonseca
Uma amiga querida me questionou "em off", sobre o linguajar do texto acima então aqui vai o que penso a respeito. Gosto de mergulhar nos simbolismos, alegorias e metáforas subjacentes a cada palavra, a cada frase, a cada percepção, elas fazem parte da minha embriaguez existencial. O fio de Ariadne do compreender é sempre singular mas é com a multiplicidade dele com suas inquirições nas relações entre os Seres e a Vida é que bordamos a colcha que pode cobrir e aquecer nosso espírito forasteiro caminhando por um mundo de tantos contrastes. Ouso acreditar que poderíamos até alterar ligeiramente a famosa frase do nosso querido Nietzsche e dizer que "não existem os fatos de qualquer entendimento, somente voláteis, relativas e confortáveis interpretações". Cada Ser é uma Taça onde transborda o vinho da Instigação. Respiramos, ressentidos, a busca de sentidos e isso é também inerente à comunicação. Estamos todos sob a tutela da famosa frase da esfinge, sobre a Vida: "decifra-me ou te devoro".
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019
terça-feira, 19 de fevereiro de 2019
"O que é o viver senão este estilhaçar de vidros, o passo cauteloso para não acordar o que pode fazer doer?
Passamos pela vida neste perene duelo com o tempo...este senhor caprichoso que nos subtrai, inclemente e a seu bel prazer, o que bem entende.
Pelos vãos do que nos importa, escapam amores, sonhos, certezas; mudanças em nossa história, outrora inimagináveis.... escorre a vida.
Perene espanto e dor ante a impotência do que não podermos reter.
Mas, se viver é assim, quem sabe possamos fazer do tempo um aliado? Pois se todos têm o seu preço...Também não o teria o tempo? Vã ilusão....
O caminho talvez seja buscar permanecer neste eterno equilíbrio entre viver e não nos permitirmos o desencanto.
Buscar evitar a queda sem rede. Ao longe, sempre é possível divisar o indecifrável horizonte... Quem sabe as respostas não estariam lá, em alguma curva do caminho?
Quem sabe? "
Jussara Marinho
Comp. do FB, pg. Jussara Marinho
domingo, 17 de fevereiro de 2019
O PERIGO DA AREIA MOVEDIÇA DE REALIDADES PANTANOSAS.
Sempre seremos maiores que nossos próprios pântanos. As sombras dependem do nosso consciente Existir, pois são ausências refletivas da Luz que nos ilumina. A Luz "passa" por nós somente quando é consciencialmente Percebida.
Atrás, ficam as sombras, lapsos dos nossos inconscientes pântanos interiores.
Gildo Fonseca.
Lacan dizia que amar é dar o que não se tem, mas ele era um eterno amante faltante. São tantas tentativas de explicar o que é o amor, nos poemas, literaturas, filosofias, nas artes na mitologia em que os gregos buscavam explicações para tudo. Heróis, deuses, titãs influenciando em suas vidas. Passamos séculos e séculos tentando explicar e compreender o que ainda hoje parece menos incompreendido, mas a ausência desse afeto tem deixado pessoas solitárias, depressivas e entre tantas outras doenças. Parece ser tão fácil explicar o que é o amor, mas será que existe uma fórmula que explique de fato o existir com seus afetos e desafetos? Podemos ver as mais variadas obras de arte construídas como expressão do amor e muito se faz no mundo para a conquista desse afeto. Poemas incompletos, complexos, acabados e silenciosas ações diante do horror de guerras em nome do amor... ou da falta de amor! Gleci Lima (2012)
Pintura Sir Lawrence
Pintura Sir Lawrence
Não importa o que aconteça, não importa o quão longe você pareça estar de onde você quer estar, nunca pare de acreditar que, de alguma forma você irá conseguir.Tenha uma crença implacável de que as coisas vão funcionar, que o longo caminho tem um propósito, que as coisas que você deseja podem não acontecer hoje, mas irão acontecer.
Persista e persevere, seu caminho desejado continua sendo possível.
Sagrade
Persista e persevere, seu caminho desejado continua sendo possível.
Sagrade
sábado, 16 de fevereiro de 2019
Pausa para respirar entre nevoeiros...
"Como dorme docemente o luar neste canteiro! Sentemo-nos aqui e deixemos os acordes da música deslizarem em nossos ouvidos! A calma, o silêncio e à noite convidam aos acentos de suaves harmonias".
O mercador de Veneza - Ato V, Cena 1
Comp. do FB, pg. Shakespeare Indignado
O mercador de Veneza - Ato V, Cena 1
Comp. do FB, pg. Shakespeare Indignado
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