Silente amigo, dos longes tão vários,
sente como ao teu sopro o espaço cresce!
deixa-te, na armação dos campanários
sombrios, soar. Isso que te enfraquece
será uma força, com tal alimento:
seja a metamorfose o teu caminho!
Qual o teu mais pungente experimento?
Se te amarga o beber, torna-te vinho.
Nesta noite de excesso, sê a magia
na encruzada dos sentidos; sê tu o
sentido que a tal encontro os levou.
E se o terreno te esquecer, à fria
e imóvel terra apenas dize: eu fluo!
E à múrmura água inquieta, dize: eu sou!
.
[Rilke: In: Poemas de Rainer Maria Rilke – Sonetos a Orfeu XXIX/2
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