terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Coragem é um pulsar, respiro da alma... (G.F.)

(...) Viver não é coragem, saber que se vive é a coragem!
 
- Clarice Lispector, in "A Paixão Segundo G.H".
 
Obra "Girl seated by shore, 1878 - George Elgar Hicks. - Comp. de Literatura e Psicanálise.

domingo, 25 de agosto de 2024

Todo despertar pode ser impermanente mas flertar com o imponderável Devir, transgredindo pretensiosas certezas, mantém viva, mesmo que de forma inebriante, a chama da Consciência.
 
Gildo Fonseca.
 
 
 
Há 125 anos nascia o grande escritor Jorge Luis Borges.
 
"A opção de Borges pela beleza antes que pela verdade constitui uma das chaves de sua conciliação de filosofias contraditórias. Esta atitude incrédula não leva, como os céticos antigos, à suspensão da fala, mas a retomar a palavra no terreno da ficção e do ensaio literário. A partir de lá Borges se permite assumir e até festejar a pluralidade de perspectivas com que os homens têm interpretado o mundo, sem a necessidade de se definir por alguma delas ".
 
Texto acima foi compartilhado da pg. Sociedade de Filosofia Aplicada.
 
"Você acordou não fora de sono, mas em um sonho anterior, e esse sonho está dentro de outro, e assim por diante, para o infinito, que é o número de grãos de areia. O caminho que você deve tomar é infinito, e você morrerá antes que você tenha verdadeiramente despertado. "
"A mente estava sonhando. O mundo era seu sonho." 
 
Jorge Luis Borges

sábado, 24 de agosto de 2024

As pessoas mais bonitas que conhecemos são aquelas que conheceram o sofrimento, conheceram a derrota, conheceram o esforço, conheceram a perda e encontraram seu caminho para fora das profundezas. 
 
Essas pessoas têm uma apreciação, uma sensibilidade e uma compreensão da vida que as enche de compaixão, gentileza e uma profunda preocupação amorosa. 
 
Pessoas bonitas não acontecem por acaso... 
 
(Elisabeth Kübler-Ross)
 
Comp. de O Mundo de Gaya

sábado, 20 de julho de 2024

sexta-feira, 12 de julho de 2024

quinta-feira, 11 de julho de 2024


 


 

"Aquele que disse "mais vale ter sorte do que talento", conhecia a essência da vida. As pessoas têm medo de reconhecer que grande parte da vida depende da sorte. É assustador pensar quantas coisas fogem ao nosso controle... Em um jogo, há momentos em que a bola bate com a borda da rede, e por uma fração de segundo ela pode continuar para a frente ou para trás. Com um pouco de sorte, continue em frente e você ganha, ou não ganha e você perde. "
 
Woody Allen  "Match Point" (2005)

Texto do livro Aprendendo a viver, de Clarice Lispector
 
FUTURO IMPROVÁVEL
 
Uma vez eu irei. Uma vez irei sozinha, sem minha alma dessa vez. O espírito, eu o terei entregue à família e aos amigos com recomendações. Não será difícil cuidar dele, exige pouco, às vezes se alimenta com jornais mesmo. Não será difícil levá-lo ao cinema, quando se vai. Minha alma eu a deixarei, qualquer animal a abrigará: serão férias em outra paisagem, olhando através de qualquer janela dita da alma, qualquer janela de olhos de gato ou de cão. De tigre, eu preferiria. Meu corpo, esse serei obrigada a levar. Mas dir-lhe-ei antes: vem comigo, como única valise, segue-me como um cão. E irei à frente, sozinha, finalmente cega
para os erros do mundo, até que talvez encontre no ar algum bólide que me rebente. Não é a violência que eu procuro, mas uma força ainda não classificada mas que nem por isso deixará
de existir no mínimo silêncio que se locomove. Nesse instante há muito que o sangue já terá desaparecido. Não sei como explicar que, sem alma, sem espírito, e um corpo morto – serei ainda eu, horrivelmente esperta. Mas dois e dois são quatro e isso é o contrário de uma solução, é beco sem saída, puro problema enrodilhado em si. Para voltar de “dois e dois são quatro” é preciso voltar, fingir saudade, encontrar o espírito entregue aos amigos, e dizer: como você engordou! Satisfeita até o gargalo pelos seres que mais amo. Estou morrendo meu espírito, sinto isso, sinto…
Nota: peço licença para pedir à pessoa que tão bondosamente traduz meus textos em braile para os cegos que não traduza este.
Não quero ferir os olhos que não veem.

terça-feira, 9 de julho de 2024

 


 

"Ceder sem se dissolver; Compreender sem se sujeitar; Cuidar sem poder; Amar sem possuir; E no final de tudo, olhar para trás e sentir: eu ainda sou eu."

(Lya Luft)


 

A trivialidade é para quem gosta da superfície...

 
 
Gosto de coisas complicadas. Não gosto de água com açúcar.
 
Clarice Lispector, no livro “A descoberta do mundo”.

“As mãos translúcidas do judeu
lavram na escuridão os cristais
E a tarde que morre é medo e frio.
(As tardes à tarde são iguais. )
As mãos e o espaço de jacinto.
que palidece no confin do gueto.
quase não existem para o homem quieto.
que está sonhando com um labirinto claro.
Não é perturbado pela fama, esse reflexo
dos sonhos no sonho de outro espelho,
nem o temente amor das donzelas.
Livre da metáfora e do mito
crie um árduo cristal: o infinito
mapa daquele que é todas as suas estrelas. ”
 
Jorge Luis Borges, “Spinoza”.
 
Compartilhado do FB, página de Moacir Xavier

domingo, 2 de junho de 2024

Projeções são embasadas pelos conceitos da  luminosidade consciencial de cada singularidade. As possibilidades das percepções, compreensões e entendimentos são infinitas no espaço e no tempo. Suposições de pretensas certezas são acintes à inteligência. Nivelar o mundo partindo da estreita lucidez individual é tentar enquadrar as infinitas espirais do universo na cerca de convenientes limites.  Gildo Fonseca.

 

Na foto acima, o matemático Henry Segerman demonstra na imagem, como um plano tridimensional linear é apenas uma projeção do espaço tetradimensional curvo, corroborando os conceitos da TRR Teoria da Relatividade Restrita de Einstein. Essa demonstração instiga mergulhos filosóficos que complementam os equacionamentos da pura física teórica.

 Gildo Fonseca

segunda-feira, 13 de maio de 2024

Como você trata as pessoas? Com mel ou ferrão?

 
 
 
“As palavras como as abelhas, têm mel e ferrão.” 
 
Provérbio suíço

AS PEDRAS, EM SEU PROCUSTO, FALAM.

Estudei Astronomia, Astrologia e Alquimia em dezenas de Caminhos esotéricos diferentes.

Ouso afirmar que a coisa mais ridícula que existe são alguns astrólogos, que deixam a missão gloriosa de cartógrafos das sincronicidades do universo, tão reveladoras de circunstâncias do destino humano, para arvorarem-se em arautos da moral, na pretensiosa presunção de mensageiros dos deuses, ditando regras, normas e formas como as pessoas devem se comportar, como devem viver e quais as explicações das percepções alheias, para tudo e para todos e de como e porque as pessoas são (ou devem ser) assim ou assado.

Esses astrólogos estão convencidos de que são o centro do universo, tem resposta para qualquer coisa, que são depositários da métrica divina que julgaria, idealizaria e definiria como deve agir qualquer uma das partes dos infinitos universos interiores e exteriores de cada uma das partes desse Todo Infinito.

Achar-se o próprio todo, absoluto, desrespeitando relatividades e ditando regras morais de como se deve existir, interpretar ou perceber a vida é achar-se encarnação das respostas, o centro do universo, o umbigo de Deus. Nada mais ridículo que a volta da inquisição, que sempre pretendeu ser dona da verdade, travestida em novos arautos da moral e do comportamento humano e que se acham no direito de dizer o que é certo ou errado a partir de suas próprias erraticidades. Nietzsche tinha razão quando dizia: “não existem fatos, somente interpretações”. Ou como dizia o grande filósofo Severino Cavalcante quando dizia: “que cada um volte a sua insignificância”. Respeitar a sensibilidade e a percepção alheia, exercitar a humildade talvez seja o começo da sabedoria.

Gildo Fonseca
 

sábado, 11 de maio de 2024

O REVESTIMENTO DE NOSSAS CRENÇAS. EVOÉ PIRRO !!!

Aquilo que acreditamos baseia-se no que supomos preencher as fluídicas expectativas de nossos olhares, sobre o também fluídico, e às vezes nebuloso, cotidiano.

A percepção é fluxo, todo pretenso entendimento é fluxo. Toda singular e instantânea verdade sempre será substituída pela instantânea verdade do momento seguinte que sepulta o entendimento anterior. O portentoso Devir, sob o arcabouço e vestimentas do Imponderável, à revelia da lucidez que achamos possuir, segue majestoso, oculto sob o véu de todo futuro que se apresenta.

É interessante observar crenças que se alardeiam como o centro do universo, “essência” que supostamente estruturaria todo o universo perceptível fornecendo âncoras e luminares seguros para os caminhantes da existência, forasteiros de si mesmos, sempre embriagados pelos cantos das sereias travestidas em desejos, circunstâncias, situações e ponderabilidades.

Cômico ou trágico? O sabor da circunstância é circunstancial. Saudemos então a lúcida embriaguez que nos faz acreditar que, acalentosamente estamos cumprindo, em cada momento, nossa “missão” ou então, no delírio da liberdade que acreditamos possuir, supomos ter o controle do que vai acontecer no instante seguinte. As tragédias de todos os tipos que de repente parecem surgir do nada desmascaram a presunção de toda volátil onipotência.

Meu respeito a todos aqueles que, nadando na superfície das trivialidades, são preenchidos em cada instante pelos olhares da pretensa compreensão, pois são permanentemente tragados e preenchidos pelas circunstâncias, afogando-se em supostos entendimentos, mas em contrapartida, conseguem assim inebriar a consciência de si mesmos, sua unilateralidade e obliterar seu Olhar para os universos profundos de todos nós. São “felizes” assim.

Fluamos acima do bem e do mal, tão circunstanciais de acordo com as necessidades e voláteis juízos de cada um, pois assim seremos neutros nos contrastes que reinam sobre nosso caminhar pelos desertos, cheios de mares bravios, de cada nova percepção.

Todo julgamento é porta de naufrágio de naus frágeis. Viva a acatalepsia !!!

Gildo Fonseca

domingo, 21 de abril de 2024

O Torno, tornando-Se...

Na fluição dos interregnos, nos interstícios das percepções, onde prepondera o dilatar de nossas pupilas pelo choque anafilático ante contrastes simétricos ou dissonantes, frente a asquerosas asperezas, que pelo atrito geram sinapses de espectro de luz, nosso espírito borda o seu destino, na grande tela do oceano de nossas almas, buscando encontrar pelo menos nuances das verdadeiras faces de Si mesmo.


Gildo Fonseca.

Essência pirrônica...

 Quando curiosamente te perguntarem, buscando saber o que é aquilo,

Não deves afirmar ou negar nada. Pois o que quer que seja afirmado não é a verdade, E o que quer que seja negado não é verdadeiro.
Como alguém poderá dizer com certeza o que Aquilo possa ser
Enquanto por si mesmo não tiver compreendido plenamente o que É?
E, após tê-lo compreendido, que palavra deve ser enviada de uma Região
Onde a carruagem da palavra não encontra uma trilha por onde possa seguir?
Portanto, aos seus questionamentos oferece-lhes apenas o silêncio,
Silêncio — e um dedo apontando o caminho.

(Verso budista)

Pressuposições de pretensos poderes...


 

segunda-feira, 8 de abril de 2024

Eu simplesmente não sou deste mundo… Eu habito a lua com frenesi. Não tenho medo de morrer; tenho medo desta terra estrangeira e agressiva… Não consigo pensar em coisas concretas; elas não me interessam. Eu não sei falar como todo mundo. As minhas palavras são estranhas e vêm de muito longe, de onde não é, de encontros com ninguém… O que farei quando mergulhar em meus sonhos fantásticos e não conseguir voltar? Porque isso terá que acontecer algum dia. Partirei e não saberei como voltar”.

Alejandra Pizarnik

domingo, 7 de abril de 2024

Morfinizando a Sensibilidade...

TENTAR TRANSGREDIR O IMPONDERÁVEL É NASCER DE NOVO, TODOS OS INSTANTES, DESENVOLVENDO A MUSCULATURA DA RESILIÊNCIA, MORFINIZANDO A SENSIBILIDADE DE NOSSAS ALMAS VAGANTES, FORASTEIRAS, POR TERRAS ESTRANHAS DA VIDA, DESERTOS DA COMPREENSÃO, CAMUFLADOS EM SUSPIROS MOMENTÂNEOS, TRANSITÓRIOS, PRETENSAMENTE LÚCIDOS, QUE ALENTAM, POR SUPOSTAS LUZES DO PASSAGEIRO COMPREENDER, NOSSO INEXORÁVEL CAMINHAR, NOSSA INEXORÁVEL CONSCIÊNCIA DA EXISTÊNCIA. GILDO FONSECA.

 
"A força que mata é uma forma sumária, grosseira, de força. Quanto mais variada em seus processos, quanto mais surpreendente em seus efeitos é a força, a que não mata; isto é, a que não mata ainda. Vai seguramente matar, ou vai matar, talvez, ou então está apenas suspensa sobre o ser que pode matar a qualquer momento; seja como for, ela transforma o homem em pedra. Do poder de transformar um homem em coisa fazendo-o morrer procede um outro poder – prodigioso sob uma outra forma –, o de transformar em coisa um homem que continua vivo. Está vivo, tem uma alma; no entanto, é uma coisa. Ser estranho: uma coisa que tem uma alma; estado estranho para a alma. Quem dirá quanto custa, a cada momento, conformar-se, torcer-se, dobrar-se sobre si mesmo? A alma não foi feita para viver numa coisa; quando é constrangida, tudo nela padece de violência". Simone Weil.

sexta-feira, 5 de abril de 2024

E a vida sempre me doeu, sempre foi pouco, e eu infeliz.
A certos momentos do dia recordo tudo isso e apavoro-me,
Penso em que é que me ficará desta vida aos bocados, deste auge,
Desta estrada às curvas, deste automóvel à beira da estrada, deste aviso,
Desta turbulência tranqüila de sensações desencontradas,
Desta transfusão, desta insubsistência, desta convergência iriada,
Deste desassossego no fundo de todos os cálices,
Desta angústia no fundo de todos os prazeres,
Desta saciedade antecipada na asa de todas as chávenas,
Deste jogo de cartas fastiento entre o Cabo da Boa Esperança e as Canárias.
Não sei se a vida é pouco ou demais para mim.”
 
Fernando Pessoa, Desassossego

domingo, 31 de março de 2024

“Existo, e sei que o mundo existe. Isso é tudo. Mas tanto faz para mim. É estranho que tudo me seja tão indiferente: isso me assusta. Gostaria tanto de me abandonar, me esquecer, dormir. Mas não posso, eu sufoco: a existência penetra em mim por todos os lados, pelos olhos, pelo nariz, pela boca… E subitamente, num instante, o véu se rasga: eu compreendi, eu vi. Não posso dizer que me sinta aliviado ou contente; ao contrário, isso me esmaga. Mas minha finalidade foi atingida: eu sei o que eu queria saber. A náusea não me abandonou e não creio que me abandone tão cedo; mas já não sofro, não é mais uma doença ou uma febre passageira, eu sou a náusea". 
 
Reflexões do "angustiado" personagem Roquentin em A Náusea, de Jean Paul Sartre.

sábado, 16 de março de 2024

ESPERANDO GODOT !!!
 
Conta a lenda que Samuel Beckett e James Joyce costumavam se encontrar frequentemente para longas conversas em silêncio. Joyce, aos cinquenta e tantos anos, era um mentor para o jovem Beckett – que quase se tornou genro do autor de Ulysses, empreitada que desistiu à medida em que a loucura de Lúcia Joyce se agravava.
A mudez, tanto das palavras quanto dos sentidos, permeia toda a obra de Beckett, se acentuando em Esperando Godot, a fábula de uma espera sem fim por alguém que nunca chega. Obra máxima do Teatro do Absurdo, escrita em 1949 e levada aos palcos quatro anos mais tarde, a peça é a síntese da expectativa pelo desconhecido e do desejo pelo desnecessário.
Em um cenário mínimo – uma árvore e uma pedra, somente –, Vladimir e Estragon descem ao inferno sem nem mesmo sair do lugar. Beckett – um estudioso de Dante – constrói uma narrativa aparentemente simples para dar voz a todo tipo de angústia e dúvida.
Ao elevar o absurdo à Arte, o irlandês esmiúça as humilhações e devastações que desumanizam o homem. Esperando Godot é uma experiência de autoexílio inconsciente. Isto porque, frente ao isolamento e à ausência extremos, Vladimir e Estragon se alijam de suas próprias identidades para ter conforto no invisível.
 
O texto acima é um fragmento de uma análise de Jonatan Silva.

"Ganhar" supõe absorver o "Outro". Antropofagia pura...

"Ganhar uma guerra é tão desastroso quanto perdê-la".
Agatha Christie (1890 - 1976).

"Não fazemos o que queremos e, no entanto, somos responsáveis pelo que somos".

  

Jean-Paul Sartre (1905 - 1980).