terça-feira, 30 de abril de 2019
Verdade para almas com sensibilidade nos limites, nas bordas dos sentidos...
“Às vezes é preciso dormir, dormir muito. Não pra fugir, mas pra descansar a alma dos sentimentos. Quem nasceu com a sensibilidade exacerbada sabe quão difícil é engolir a vida. Porque tudo, absolutamente tudo devora a gente.”
Maria Queiroz
Sentido dos sentidos...
Texto de Eterno Retorno:
A MEIA-NOITE DA RAZÃO
Tememos o não sentido. Somos viciados no sentido. Ser no lugar do não-ser. Cadê o meu ser! – gritamos desesperados no tempo. A ciência é a mais carente de sentido, se não houver sentido não há ciência. Eu sei, a nobreza diz que a ciência dá sentido ao sem sentido, e assim caminhamos – verniz ilusório, quem dá sentido é o homem que faz ciência. Sentido arbitrário mas que não se diz arbitrário por que segue uma lógica, gira em torno de sistemas e outras lógicas… mas também arbitrários. A lógica é o empacotamento do arbitrário para que um dependa do outro – cria-se uma rede de dependência e como as origens são esquecidas, cria-se a ilusão de coerência e sentido. Ou você para no sentido que tem, ou vai ficar escavando fundos em busca de sentidos, e como todo fundo pode ter seu fundo retirado, escavamos. Escavamos em busca de resolver o mistério, o desconhecido, o assombroso do mundo? O universo é indiferente, o mundo nos esmaga com sua brutalidade incognoscível.
A questão não é tanto escavar ou deixar de escavar, um sentido por outro sentido, ambos são buscas incessantes de sentidos. Nem razão nem irrazão. Irrazão! Palavra selvagem aos dicionários. O despotismo do sentido nos faz bichos incomodados com o silêncio, é como se precisássemos falar o tempo todo, e falamos. Se pudéssemos imaginar um mundo onde a maior parte do que comunicamos fosse realmente aquilo que gostaríamos de dizer, talvez houvesse somente uma pequena biblioteca no mundo, e o silêncio seria a partitura por onde irromperia alguns ruídos vocálicos. Compreender a tagarelice que somos, espermatozóides verborrágicos conforme chamado por Cioran, possibilita-nos deixar de viver nas trincheiras de coerência e clareza de palavras com que se trava a batalha contra nossa ruína, ruína no tempo, na morte, na dissolução… em vão. Possibilita-nos a deixar de morrer pelo sentido. Morremos a cada vez que algo sai fora da órbita do sentido. Não compreendo isso, ou isso não me faz sentido ou isso não poderia ter acontecido comigo. E quem disse que nossos encontros no mundo devem vir carimbados com uma justificativa? A história dos homens é a história da aspereza do homem contra o mundo. Também podemos acariciá-lo, delirando e devaneando sob o manto lunar.
O post A meia-noite da razão apareceu primeiro em Eterno Retorno.
Sobre esse post lembro uma citação de minha Amiga Rita de Cassia que dizia que esse texto a fazia lembrar da frase de Fernando Pessoa: "O homem é um cadáver adiado..."
Sobre esse post lembro uma citação de minha Amiga Rita de Cassia que dizia que esse texto a fazia lembrar da frase de Fernando Pessoa: "O homem é um cadáver adiado..."
segunda-feira, 29 de abril de 2019
sábado, 27 de abril de 2019
sexta-feira, 26 de abril de 2019
"Meditação não precisa de ter resultados: a meditação pode ter como fim apenas ela mesma. Eu medito sem palavras e sobre o nada. O que me atrapalha a vida é escrever:
E – e não esquecer que a estrutura do átomo não é vista mas sabe-se dela. Sei de muita coisa que não vi. E vós também. Não se pode dar uma prova de existência do que é mais verdadeiro, o jeito é acreditar: acreditar chorando."
Clarice Lispector
Comp. do FB, pg. Clarice, essa desconhecida
"O meu respeito não se adquire no grito, minha admiração não se conquista com autoridade e, a minha confiança não se ganha com discursos, porque o meu respeito é pra quem sabe dialogar, a minha admiração e pra quem sabe ser humilde e, a minha confiança é pra quem não discursa hipocrisia."
Keila Sacavem
OSTENTAÇÃO ACADÊMICA
JOSEPH CAMPBELL
Carl Jung relata uma conversa divertida com Albert Einstein: "Quando ele estava começando a trabalhar na teoria da relatividade, vinha freqüentemente à minha casa e eu o bombardeava com perguntas sobre a nova teoria. Não tenho jeito para matemática e imaginem o problema que o pobre coitado tinha para me explicar a relatividade. Ele não sabia como explicar. Diante da dificuldade dele, eu me sentia insignificante, queria me afundar no chão. Até que um dia ele me perguntou alguma coisa de psicologia e foi a minha vingança." "A especialização'' Jung acrescenta "é uma grande desvantagem; o aprofundamento é de tal ordem que você não consegue mais explicar. '1
Desde então tive muitas oportunidades de observar que hoje em dia a conversa é impossível entre os infinitamente graduados. Todos estão tão avançados no campo de seu entusiasmo e se sentem tão à vontade aí que mal sabem, e dificilmente querem saber, falar de qualquer outra coisa. Ficariam expostos como um caranguejo fora da casca.
"A essência do consciente é a diferenciação; para ampliar a consciência é preciso separar os opostos uns dos outros, e isto contra a natureza. Na natureza, os opostos se buscam - "les extrêmes se touchent" - o mesmo se dando no inconsciente, sobretudo no arquétipo da unidade, no Si mesmo. Neste último, como na divindade, os opostos são abolidos. Mas com a manifestação do inconsciente começa a cisão, do mesmo modo que na Criação: toda tomada de consciência é um ato criador e dessa experiência psicológica derivam os múltiplos símbolos cosmogônicos."
(Jung, Psicologia e Alquimia)
(Jung, Psicologia e Alquimia)
terça-feira, 23 de abril de 2019
"A porta da verdade estava aberta
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir a verdade
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade voltava igualmente
com meio perfil
e os meios perfis não coincidiam.
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade voltava igualmente
com meio perfil
e os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades diferentes uma da outra.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar.
Cada um optou conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia."
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar.
Cada um optou conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia."
Carlos Drummond de Andrade - 'Verdade'
Compartilhado do FB, página de Leda Guimarães
segunda-feira, 22 de abril de 2019
sábado, 20 de abril de 2019
Alejandra Pizarnik, adorável...
"Eu durmo e acordo com a sensação plena de que o eu é uma impossibilidade. O tempo, o fluir, o passado e o futuro encarnam em mim com uma lucidez implacável. Eu descubro que não se pode reter o eu, ele é um punhado de areia em uma mão angustiada ".
Diários, Alejandra Pizarnik.
Diários, Alejandra Pizarnik.
sexta-feira, 19 de abril de 2019
"O homem é uma corda estendida entre o animal e o super-homem - uma corda sobre o abismo. É o perigo de transpô-lo, o perigo de estar a caminho, o perigo de olhar para trás, o perigo de tremer e parar. O que há de grande do homem é ser ponte e não ser meta: o que pode amar-se, no homem, é ser uma transição e um ocaso. Amo os que não sabem viver senão no ocaso, porque estão a caminho do outro lado."
Nietzsche
Comp. do FB, da página Ponto e Vírgula, Pausa para Saltar (Edilene Torino)
Nietzsche
Comp. do FB, da página Ponto e Vírgula, Pausa para Saltar (Edilene Torino)
Giacóia, direto na jugular...
O insuportável não é só a dor, mas a falta de sentido da dor, mais ainda, a dor da falta de sentido. Giacóia.
quinta-feira, 18 de abril de 2019
O egoísmo pessoal, o comodismo, a falta de generosidade, as pequenas covardias do quotidiano, tudo isto contribui para essa perniciosa forma de cegueira mental que consiste em estar no mundo e não ver o mundo, ou só ver dele o que, em cada momento, for susceptível de servir os nossos interesses."
(Jose Saramago In :Ensaio sobre a Cegueira)
Imagem: cenas do FiIme " Ensaio sobre a Cegueira"
quarta-feira, 17 de abril de 2019
Invejar vem de "videre", de olhar. Como um dos sentimentos mais difíceis de ser reconhecido e amansado, a inveja se inscreve na primeira infância como fixação no visto vindo de fora, e como dificuldade de reconhecer o visto vindo de dentro. É um efeito das precárias condições de estruturação do Eu em suas relações com o meio. Não ultrapassada, ela compromete o sentimento de reconhecimento e de gratidão (M.Klein). É um dos sinais de outro de nossos maiores sintomas humanos: a insatisfação crônica, prima-irmã da dificuldade de reconhecer a finitude de si e da vida. É a busca desenfreada pelo que nenhum humano pode ter: tudo. O invejoso sofre, e faz sofrer. (Evelin Pestana, Casa Aberta.
"Conheço com lucidez e sem prevenção as fronteiras da comunicação e da harmonia entre mim e os outros homens. Com isso perdi algo da ingenuidade ou inocência, mas ganhei minha independência. Já não mais firmo uma opinião, um hábito ou um julgamento sobre outra pessoa. Testei o homem. É inconsistente.
Albert Einstein, In Como Vejo o Mundo.
Albert Einstein, In Como Vejo o Mundo.
terça-feira, 16 de abril de 2019
domingo, 14 de abril de 2019
Pérolas de Sandra Benedetti
"Envelhecer é a coisa mais poética do mundo: até os olhos ficam entre aspas. Deve ser porque entre a infância e a velhice há um instante chamado vida".
Sandra Benedetti
Sandra Benedetti
Alguém pode, com segurança, afirmar que sabe, que tem certezas ???
"Toda compreensão súbita se parece muito com uma aguda incompreensão." Lispector em A Paixão Segundo G.H.
Luz, atrito de densas asperezas...
Agir é sedação, embriaguez necessária da alma, fluindo em impermanências.
A Consciência, em sua percepção de incertezas, quase absolutas, respira essa relativa lucidez, fluídica, volátil, insana e fugidia.
Embriague-nos ó Vida !!!
Levantemos as âncoras de todo entendimento pois, da simbiose dos contrastes, surge nau, em novos mares.
Viver é seguir em frente, atrás das portas da gente, na busca do ideal.
Alento que acalento.
Gildo Fonseca.
sexta-feira, 12 de abril de 2019
"Pois, nos seio mesmo da paixão, nunca se deve tratar de "conhecer perfeitamente o outro": por mais que progridam neste conhecimento, a paixão restabelece constantemente entre os dois este contato fecundo que não pode se comparar a nenhuma relação de simpatia e os coloca de novo em sua relação original: a violência do espanto que cada um deles produz sobre o outro e que põe limites a toda tentativa de apreender objetivamente este parceiro. É terrível de dizer, mas , no fundo, o amante não está querendo saber "quem é" em realidade seu parceiro. Estouvado em seu egoísmo, ele se contenta de saber que o outro lhe faz um bem incompreensível... os amantes permanecem um para o outro, em última análise, um mistério. Lou Andreas-Salomé
"Não é à toa que entendo os que buscam caminho. Como busquei arduamente o meu! E como hoje busco com sofreguidão e aspereza o meu melhor modo de ser, o meu atalho, já que não ouso mais falar em caminho. Eu que tinha querido. O Caminho, com letra maiúscula, hoje me agarro ferozmente à procura de um modo de andar, de um passo certo. Mas o atalho com sombras refrescantes e reflexo de luz entre as árvores, o atalho onde eu seja finalmente eu, isso não encontrei. Mas sei de uma coisa: meu caminho não sou eu, é o outro, é os outros. Quando eu puder sentir plenamente o outro estarei salva e pensarei: eis o meu porto de chegada."
Clarice Lispector
Compartilhado do FB, Viciados em Livros
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