"Não me prendo a nada que me defina. sou companhia, mas posso ser
solidão. tranqüilidade e inconstância, pedra e coração. Sou abraços,
sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo,
preguiça e sono. Música alta e silêncio. Serei o que você quiser, mas só
quando eu quiser. Não me limito, não sou cruel comigo! Serei sempre
apego pelo que vale a pena e desapego pelo que não quer valer… Suponho
que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de
entrar em contato. Ou toca, ou não toca."
Clarice Lispector
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020
Trecho (tradução livre) fantástico de Baudelaire, que compartilho de Marcel Oliveira, texto que eu ousaria titular de "Aparecimentos que perecem".
Sonhos! Sempre sonhos! E quanto mais ambiciosa e delicada é a alma, tanto mais os sonhos a afastam do possível.
Cada homem leva consigo sua dose de ópio natural,
incessantemente segregada e renovada,
incessantemente segregada e renovada,
E, desde o nascimento até a morte, quantas horas contamos preenchidas pelo empenho alegre e positivo, pela ação alcançada e decidida?
Viveremos alguma vez, entraremos alguma vez nesse quadro que pintou o meu espírito? esse quadro o que te parece?
O Baço Charles Baudelaire
Se não falas, vou encher o meu coração
Com o teu silêncio, e agüentá-lo.
Ficarei quieto, esperando, como a noite
Em sua vigília estrelada,
Com a cabeça pacientemente inclinada.
Com o teu silêncio, e agüentá-lo.
Ficarei quieto, esperando, como a noite
Em sua vigília estrelada,
Com a cabeça pacientemente inclinada.
A manhã certamente virá,
A escuridão se dissipará, e a tua voz
Se derramará em torrentes douradas por todo o céu.
Então as tuas palavras voarão
Em canções de cada ninho dos meus pássaros,
E as tuas melodias brotarão
Em flores por todos os recantos da minha floresta.
Rabindranath Tagore
Comp. de Alma Celta
A escuridão se dissipará, e a tua voz
Se derramará em torrentes douradas por todo o céu.
Então as tuas palavras voarão
Em canções de cada ninho dos meus pássaros,
E as tuas melodias brotarão
Em flores por todos os recantos da minha floresta.
Rabindranath Tagore
Comp. de Alma Celta
É preciso estar bêbado sempre. Tudo reside nisso:
esta é a única questão. Para não sentir o horrível peso do tempo que
nos quebra as costas e nos faz inclinar para a terra, é preciso embebedar-se sem descanso.
Mas de quê? De vinho, poesia ou virtude, como melhor acharem. Mas embriaguem-se.
E se às vezes, sobre as arquibancadas de um palácio, sobre a verde erva de uma vala, na solidão furanha do seu quarto, a embriaguez já atenuada ou desaparecida vocês acordam pergunte ao vento, à onda, à estrela, ao Pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que roda, a tudo o que canta, a tudo o que fala, pergunte-lhe que horas são; e o vento, a onda, a estrela, O pássaro, o relógio, responderão:
" Hora de ficar bêbado!"
Para não serem escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se, embriaguem-se sem parar! De vinho, poesia ou virtude, como melhor acharem.
Charles Baudelaire
E se às vezes, sobre as arquibancadas de um palácio, sobre a verde erva de uma vala, na solidão furanha do seu quarto, a embriaguez já atenuada ou desaparecida vocês acordam pergunte ao vento, à onda, à estrela, ao Pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que roda, a tudo o que canta, a tudo o que fala, pergunte-lhe que horas são; e o vento, a onda, a estrela, O pássaro, o relógio, responderão:
" Hora de ficar bêbado!"
Para não serem escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se, embriaguem-se sem parar! De vinho, poesia ou virtude, como melhor acharem.
Charles Baudelaire
A Inteligência Não É o Que Você Pensa
Primeiro, compreenda bem que intelectualidade não é inteligência. Ser intelectual é ser falso; é fingir inteligência. Não é real porque essa inteligência não é sua, é emprestada.
A inteligência é o crescimento da consciência interior. Não tem nada a ver com conhecimento, tem a ver com um carácter meditativo. Uma pessoa inteligente não funciona em função da sua experiência passada; ela funciona no presente. Ela não reage, ela responde. Daí que seja sempre imprevisível; nunca ninguém pode ter a certeza do que é que ela vai fazer.
Um católico, um protestante e um judeu estavam a falar com um amigo que dizia que lhe tinham dado seis meses de vida.
— O que é que tu farias — perguntou o homem ao católico — se o médico te tivesse dado só seis meses de vida ?
- Ah!— disse o católico. — Eu daria todos os meus bens à Igreja, comungaria todos os domingos e diria as minhas «Ave-Ma- rias» regularmente.
- E tu? — perguntou ele ao protestante.
- Eu venderia tudo, faria um cruzeiro pelo mundo e divertir- me-ia!
E tu? - perguntou o judeu.
Eu? - eu ia consultar outro médico.
Isso é inteligência!
Osho
Primeiro, compreenda bem que intelectualidade não é inteligência. Ser intelectual é ser falso; é fingir inteligência. Não é real porque essa inteligência não é sua, é emprestada.
A inteligência é o crescimento da consciência interior. Não tem nada a ver com conhecimento, tem a ver com um carácter meditativo. Uma pessoa inteligente não funciona em função da sua experiência passada; ela funciona no presente. Ela não reage, ela responde. Daí que seja sempre imprevisível; nunca ninguém pode ter a certeza do que é que ela vai fazer.
Um católico, um protestante e um judeu estavam a falar com um amigo que dizia que lhe tinham dado seis meses de vida.
— O que é que tu farias — perguntou o homem ao católico — se o médico te tivesse dado só seis meses de vida ?
- Ah!— disse o católico. — Eu daria todos os meus bens à Igreja, comungaria todos os domingos e diria as minhas «Ave-Ma- rias» regularmente.
- E tu? — perguntou ele ao protestante.
- Eu venderia tudo, faria um cruzeiro pelo mundo e divertir- me-ia!
E tu? - perguntou o judeu.
Eu? - eu ia consultar outro médico.
Isso é inteligência!
Osho
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020
Liberdade
A liberdade rege o aberto, no sentido do aclarado, isto é, o des-encoberto. A liberdade tem seu parentesco mais próximo e mais íntimo com o dar-se do desencobrimento, ou seja, da verdade. Todo desencobrimento pertence a um abrigar e esconder. Ora, o que liberta é o mistério, um encoberto que sempre se encobre, mesmo quando se
desencobre. Todo desencobrimento provém do que é livre, dirige-se ao que é livre e conduz ao que é livre. A liberdade do livre não está na licença do arbitrário nem na submissão a simples leis. A liberdade é o que aclarando encobre e cobre, em cuja clareira tremula o véu que vela o vigor de toda verdade e faz aparecer o véu como o véu que vela. A liberdade é o reino do destino que põe o desencobrimento em seu próprio caminho.
A liberdade rege o aberto, no sentido do aclarado, isto é, o des-encoberto. A liberdade tem seu parentesco mais próximo e mais íntimo com o dar-se do desencobrimento, ou seja, da verdade. Todo desencobrimento pertence a um abrigar e esconder. Ora, o que liberta é o mistério, um encoberto que sempre se encobre, mesmo quando se
desencobre. Todo desencobrimento provém do que é livre, dirige-se ao que é livre e conduz ao que é livre. A liberdade do livre não está na licença do arbitrário nem na submissão a simples leis. A liberdade é o que aclarando encobre e cobre, em cuja clareira tremula o véu que vela o vigor de toda verdade e faz aparecer o véu como o véu que vela. A liberdade é o reino do destino que põe o desencobrimento em seu próprio caminho.
Martin Heidegger. "A Questão da Técnica" [Ensaios e Conferências]. Petrópolis: editora Vozes, 2018, p. 28. - Foto: Heidegger na pedreira de Bibemus, contemplando Sainte-Victoire, em 1969.
Comp. da pg. Heidegger in Art
Comp. da pg. Heidegger in Art
terça-feira, 25 de fevereiro de 2020
domingo, 23 de fevereiro de 2020
sábado, 22 de fevereiro de 2020
O DOCE NÉCTAR EMBRIAGADOR DE QUALQUER TRANSITÓRIA LUCIDEZ...
Quando no Caminho de uma Meta, com todos os seus entornos e pluralidades, existe uma intersecção com a singular Meta de cada fragmento desse Caminho, então se cristaliza, através da Potência intrínseca da alma de cada Ser, o mundo dos fenômenos particulares.
Iluminado por contrastes de conflitos e afinidades da própria Percepção, o bebê da nossa Consciência se alimenta, mama, se nutre, terna e eternamente, do leite de uma pretensa e fugaz lucidez gerada em cada uma dessas experiências, um delírio embriagador, um doce néctar que relativiza o Absoluto e torna Absoluta cada Relatividade.
Gildo Fonseca.
Afinal
de contas, somos o que fazemos para mudar o que somos. A identidade não
é uma peça de museu, quietinha na vitrine, mas sim a sempre
surpreendente síntese das contradições nossas de cada dia. Nessa fé,
fugitiva, eu acredito. Eu acho a única fé digna de confiança, pelo
quanto se parece com o bicho humano, fodido mas sagrado, e com a louca
aventura de viver no mundo..."
* Eduardo Galeano
Compartilhado do FB, pg. Literatura y Psicoanalisis
* Eduardo Galeano
Compartilhado do FB, pg. Literatura y Psicoanalisis
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020
Adorável Alejandra Pizarnik
Atrás de um muro branco existe a variedade do arco-íris. A
boneca na sua gaiola está fazendo o outono. É o despertar para as
oferendas. Um jardim recém criado, um choro por trás da música. E que
soe sempre, assim ninguém participará ao movimento do nascimento, à
mímica das oferendas, ao discurso daquela que sou atada a esta
silenciosa que também sou. E que de mim não fique mais do que a alegria
de quem pediu para entrar e lhe foi concedido. É a música, é a morte, o
que eu quis dizer em noites variadas como as cores da floresta.
As promessas da música - alejandra pizarnik
(Aquarela de Alejandra Pizarnik, com dedicação a Hugo e data de 1961, arquivos da Universidade de Princeton
As promessas da música - alejandra pizarnik
(Aquarela de Alejandra Pizarnik, com dedicação a Hugo e data de 1961, arquivos da Universidade de Princeton
"Às vezes é preciso recolher-se. O coração não quer obedecer, mas alguma
vez aquieta; a ansiedade tem pés ligeiros, mas alguma vez resolve
sentar-se à beira dessas águas. Ficamos
sem falar, sem pensar, sem agir. É um começo de sabedoria, e dói. Dói
controlar o pensamento, dói abafar o sentimento, além de ser doloroso
parece pobre, triste e sem sentido. Amar era tão infinitamente melhor;
curtir quem hoje se ausenta era tão imensamente mais rico. Não queremos
escutar essa lição da vida, amadurecer parece algo sombrio, definitivo e
assustador. Mas às vezes aquietar-se e esperar que o amor do outro nos
descubra nesta praia isolada é só o que nos resta. Entramos no casulo
fabricado com tanta dificuldade, e ficamos quase sem sonhar. Quem nos vê
nos julga alheados, quem já não nos escuta pensa que emudecemos para
sempre, e a gente mesmo às vezes desconfia de que nunca mais será capaz
de nada claro, alegre, feliz. Mas quem nos amou, se talvez nos amar
ainda há de saber que se nossa essência é ambiguidade e mutação, este
silencio é tanto uma máscara quanto foram, quem sabe, um dia os seus
acenos." Lya Luft
Compartilhado de Claire de Lune
Compartilhado de Claire de Lune
"Dá-me a tua mão: Vou agora te contar como entrei no inexpressivo que sempre foi a minha busca cega e secreta. De como entrei naquilo que existe entre o número um e o número dois, de como vi a linha de mistério e fogo, e que é linha sub-reptícia. Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois fatos existe um fato, entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir – nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio." Lispector.
A POESIA É CRIAÇÃO DE UM SUJEITO QUE ASSUME UMA NOVA ORDEM DE RELAÇÃO SIMBÓLICA COM O MUNDO
"Há poesia quando um escrito nos introduz num mundo diferente do nosso, e nos dá a presença de um ser, de determinada relação fundamental, fazendo-o nosso também. A poesia faz com que não possamos duvidar da autenticidade da experiência de São João da Cruz, nem de Proust, nem de Gerard de Nerval. A poesia é criação de um sujeito que assume uma nova ordem de relação simbólica com o mundo."
(Lacan - Sem. As Psicoses) - Postagem compartilhada de Lêda Guimarães
"Há poesia quando um escrito nos introduz num mundo diferente do nosso, e nos dá a presença de um ser, de determinada relação fundamental, fazendo-o nosso também. A poesia faz com que não possamos duvidar da autenticidade da experiência de São João da Cruz, nem de Proust, nem de Gerard de Nerval. A poesia é criação de um sujeito que assume uma nova ordem de relação simbólica com o mundo."
(Lacan - Sem. As Psicoses) - Postagem compartilhada de Lêda Guimarães
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