sábado, 27 de fevereiro de 2021
Certezas das ilusões, ilusões das certezas...
Do latim illudere, brincar, zombar de. A ilusão é um embuste que parece divertir-se com nossos sentidos, com nosso espírito. Próximo ao erro
- na medida em que faz intervir igualmente um juízo errôneo - dele,
distingue-se pela presença do desejo que a torna em geral rebelde a
qualquer refutação racional. A reflexão filosófica dedica-se a explicar a
"raiz indestrutível" da ilusão. É desse modo que Spinoza tenta
demonstrar que a ilusão da finalidade é a fonte de todos os outros.
Kant, por sua vez, denuncia a ilusão transcendental que nos incita a
empregar a razão de forma ilegítima tentando conhecer as coisas em si.
Há contudo ilusões vitais. Bergson, por exemplo, fala da "função
fabuladora" com, sobretudo, a religião primitiva que garante a coesão
social fazendo um contrapeso à inteligência.
Trecho (tradução livre) do fantástico livro de Baudelaire, O Baço, texto que eu ousaria titular de "Aparecimentos que perecem".
Sonhos! Sempre sonhos! E quanto mais ambiciosa e delicada é a alma, tanto mais os sonhos a afastam do possível.
Cada homem leva consigo sua dose de ópio natural,
incessantemente segregada e renovada,
E, desde o nascimento até a morte, quantas horas contamos preenchidas pelo empenho alegre e positivo, pela ação alcançada e decidida?
Viveremos alguma vez, entraremos alguma vez nesse quadro que pintou o meu espírito? essa circunstância o que te parece? O Baço, Charles Baudelaire
Se não falas, vou encher o meu coração
Com o teu silêncio, e aguentá-lo.
Ficarei quieto, esperando, como a noite
Em sua vigília estrelada,
Com a cabeça pacientemente inclinada.
A manhã certamente virá,
A escuridão se dissipará, e a tua voz
Se derramará em torrentes douradas por todo o céu.
Então as tuas palavras voarão
Em canções de cada ninho dos meus pássaros,
E as tuas melodias brotarão
Em flores por todos os recantos da minha floresta
Rabindranath Tagore
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021
"Entre los lacanianos circula desde hace mucho tiempo un chiste que ejemplifica el papel crucial del saber del Otro: a un hombre que cree que es una semilla de cereal lo ingresan en un sanatorio, donde los doctores hacen todo lo posible para sacarlo de su error. Cuando al final lo curan y lo dejan salir, vuelve enseguida, temblando de miedo: en la puerta ha visto una gallina y teme que se lo coma. «Querido amigo», le dice el médico, «sabe usted muy bien que no es una semilla; usted es un ser humano.» «Por supuesto», contesta el paciente, «pero, ¿lo sabe la gallina?». Esa es la verdadera prueba de la eficacia del tratamiento psicoanalítico: no basta con convencer al paciente de la verdad inconsciente de sus síntomas; hay que lograr que el Inconsciente mismo asuma esa verdad."
*Slavoj Žižek, El dolor de Dios. Inversiones del Apocalipsis".
Toda
Percepção é uma Singularidade, impermanente, transitória, persona da
incompletude. Ampulheta viva do Olhar da Consciência, onde descem, ou se
descortinam, essa Areia, esse Pó Desconhecido, carregando todo o
imponderável, toda a potência de cada Devir, borda, em cada instante, um
anelo no tecido de nossa volátil, fugidia, fugaz e pretensiosa
compreensão, exatamente no intermezzo do fluir. Mas, jaz o fato
consumado, do outro lado dessa Ampulheta, anseia a Consciência,
desesperada e angustiosamente o oxigênio da página seguinte, dos novos
eventos, areia pueril a escorrer provocando novos olhares, novos
horizontes, sístole e diástole de uma busca que cavalga em seu próprio
movimento. A Pluralidade, Absoluta, é uma pupila em forma de mosaico,
feita da relativa singularidade de cada Olhar. Ser ou não Ser? Talvez
seja Ver ou não Ver. Gildo Fonseca.
PAIXÃO, A "LUCIDEZ" EMBRIAGADORA DA, DÁ VIDA !!!
Um turbilhão de paixões acontece dentro da alma quando ela passa por eventos, esse oceano que oxigeniza a percepção. O "coração" bate mais forte quando ela "pensa", pretensamente, que pode ancorar em portos seguros de singulares passagens, paisagens e momentos. Suponho que essa embriaguez alucinante possa, paradoxalmente, dar consistência dinâmica e momentânea a voláteis certezas que fluem, brilham e em seguida se dissipam em fugidias, cambaleantes e outras novas e pueris impermanências. A "tábula rasa" da consciência é reescrita, quixotescamente em cada paixão, em cada dia, em cada instante. Brindemos ao sagrado hospício da vida, onde cada um pode exercitar seu papel de procusto ambulante com os serrotes de suas próprias loucuras. Brindemos a Luz, gerada dos contrastes que se refletem, doce e coloridamente, ou até mesmo fantasmagoricamente, mas que inebriam essa viagem, talvez pura imagem, através da coragem, do Crer, para Subsistir. Tim Tim. Gildo Fonseca.
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021
Sombras...
"Mas o que acontecerá, se descubro, porventura, que o menor, o mais admirável de todos, o mais pobre dos mendigos, o mais insolente dos meus caluniadores, o meu inimigo, reside dentro de mim, sou eu mesmo, e precisa da esmola da minha bondade, e que eu mesmo sou o inimigo que necessito amar?"
Carl Gustav Jung.
Compartilhado do FB, pg. Marcel Oliveira
terça-feira, 23 de fevereiro de 2021
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021
domingo, 21 de fevereiro de 2021
O Caminho é a Meta...
O DOCE NÉCTAR EMBRIAGADOR DE QUALQUER TRANSITÓRIA LUCIDEZ...
Quando no Caminho de uma Meta, com todos os seus entornos e pluralidades, existe uma intersecção com a singular Meta de cada fragmento desse Caminho, então se cristaliza, através da Potência intrínseca da alma de cada Ser, o mundo dos fenômenos particulares.
Iluminado por contrastes de conflitos e afinidades da própria Percepção, o bebê da nossa Consciência se alimenta, mama, se nutre, terna e eternamente, do leite de uma pretensa e fugaz lucidez gerada em cada uma dessas experiências, um delírio embriagador, um doce néctar que relativiza o Absoluto e torna Absoluta cada Relatividade. Gildo Fonseca.
sábado, 20 de fevereiro de 2021
INCERTEZAS DE UMA ÂNCORA
O ar que respiramos é uma propulsora transgressão em nossos singulares banquetes do espectro perceptivo.
Nossa Incompletude, um líquido amniótico onde pulsam as sinapses que nos vivificam, nos contém, nos alimentam num banquete de incertezas, possibilidades, múltiplos caminhos e sensações. Onde ancorar quando se é o próprio rio que flui? Quem poderá ao certo dizer para onde vai? Somos “apenas” espectadores ativos das ressonâncias dos fatos externos que nos lapidam no transcurso de nossa jornada forasteira. A propulsora, inexorável e imanente transgressão da consciência de nossas próprias limitações flerta com o Desconhecido, com a matéria escura, com os buracos negros da transcendência nas fossas abissais de nossa inconsciência. O Imponderável, protagonista no teatro do existir, com seus véus e tal qual um fantasma hamletiano, nos desafia permanentemente, na superação de nosso trágico estado de meros coadjuvantes nessa nau onde navegar é preciso. Tal qual uma cópula entre a intensidade subjacente do devir com nosso ventre de percepção o futuro nos diz: cresça e eu me realizo em ti. “Metade vítimas metade cúmplices” como dizia Sartre. Cada Instante é novo Ente. Contudo, contidos, somos um Além, a ser auto descortinado. Talvez sejamos o próprio fluxo da transcendência respirando cada vez que pisca o nosso Olhar, cada vez que pulsa nosso coração, cada vez que o oxigênio de cada nova compreensão alivia nossas almas, embala, adoça e alenta a angustiosa busca pela razão do nosso Existir. Gildo Fonseca.
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021
A POESIA É CRIAÇÃO DE UM SUJEITO QUE ASSUME UMA NOVA ORDEM DE RELAÇÃO SIMBÓLICA COM O MUNDO
"Há poesia quando um escrito nos introduz num mundo diferente do nosso, e nos dá a presença de um ser, de determinada relação fundamental, fazendo-o nosso também. A poesia faz com que não possamos duvidar da autenticidade da experiência de São João da Cruz, nem de Proust, nem de Gerard de Nerval. A poesia é criação de um sujeito que assume uma nova ordem de relação simbólica com o mundo."
(Lacan - Sem. As Psicoses)
Compartilhado de Lêda Guimaraes
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021
"O que é o viver senão este estilhaçar de vidros, o passo cauteloso para não acordar o que pode fazer doer?
Passamos pela vida neste perene duelo com o tempo...este senhor caprichoso que nos subtrai, inclemente e a seu bel prazer, o que bem entende.
Pelos vãos do que nos importa, escapam amores, sonhos, certezas; mudanças em nossa história, outrora inimagináveis.... escorre a vida.
Perene espanto e dor ante a impotência do que não podermos reter.
Mas, se viver é assim, quem sabe possamos fazer do tempo um aliado? Pois se todos têm o seu preço...Também não o teria o tempo? Vã ilusão....
O caminho talvez seja buscar permanecer neste eterno equilíbrio entre viver e não nos permitirmos o desencanto.
Buscar evitar a queda sem rede. Ao longe, sempre é possível divisar o indecifrável horizonte... Quem sabe as respostas não estariam lá, em alguma curva do caminho?
Quem sabe? "
Compartilhado do FB, pag. de Jussara Marinho
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021
Um viajante chega numa cidade e entra num pequeno hotel. Na recepção, entrega duas notas de R$100,00 e pede para ver um quarto.
Enquanto o viajante inspeciona os quartos, o gerente do hotel sai correndo com as duas notas de R$100,00 e vai até o açougue pagar suas dívidas com o açougueiro.
Este pega as duas notas e vai até um criador de suínos a quem, coincidentemente, também deve R$200,00 e quita a dívida.
O criador, por sua vez, pega também as duas notas e corre ao veterinário para liquidar uma dívida de… R$200,00.
O veterinário, com a duas notas em mãos, vai até a zona quitar a dívida com uma prostituta. coincidentemente, a dívida era de R$200,00.
A prostituta sai com o dinheiro em direção ao hotel, lugar onde, às vezes, levava seus clientes e que ultimamente não havia pago pelas acomodações. Valor total da dívida: R$200,00. Ela avisa ao gerente que está pagando a conta e coloca as notas em cima do balcão.
Nesse momento, o viajante retorna dos quartos, diz não ser o que esperava, pega as duas notas de volta, agradece e sai do hotel.
Ninguém ganhou ou gastou nenhum centavo, porém agora a cidade vive sem dívidas, com o crédito restaurado e começa a ver o futuro com confiança!
MORAL DA HISTÓRIA:NÃO QUEIRA ENTENDER ECONOMIA.
Já dizia, sabiamente, o filosofo dinamarquês Soren Kierkegaard (século XIX), algo assim:
Pessoas não vivem sua própria existência quando ficam passivas. É quando agem, e especialmente quando fazem as escolhas mais relevantes, que ai sim vivem, verdadeiramente, SUA própria existência!
Escolha e colha cores com intensidade!
Viva!
(Marcos Castro)
Pessoas não vivem sua própria existência quando ficam passivas. É quando agem, e especialmente quando fazem as escolhas mais relevantes, que ai sim vivem, verdadeiramente, SUA própria existência!
Escolha e colha cores com intensidade!
Viva!
(Marcos Castro)
terça-feira, 16 de fevereiro de 2021
Se o que percebes é mutável conforme tua evolução, toda e qualquer coisa conhecida terá sua compreensão alterada e ampliada no instante seguinte pela agregação de novos fatores e novas percepções na íris da sua consciência. Na "realidade" só existe o desconhecido em suas entranhas e profundezas e a pretensão de saber sobre o conhecido é volátil, flutuante e incerta, então, suponho que só "conhecemos" o desconhecido !!! Gildo Fonseca
TODO DEVIR É UMA PERGUNTA...
Tens, como Hamlet, o pavor do desconhecido? Mas o que é conhecido? O que é que tu conheces, para que chames desconhecido a qualquer coisa em especial? Álvaro de Campos / Fernando Pessoa.
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021
domingo, 14 de fevereiro de 2021
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