"Fabrico significados para enfrentar de alguma maneira o pavor de ser frágil dentro de um universo sem sentido."
Friedrich Nietzsche
“Existo, e sei que o mundo existe. Isso é tudo. Mas tanto faz para mim. É estranho que tudo me seja tão indiferente: isso me assusta. Gostaria tanto de me abandonar, me esquecer, dormir. Mas não posso, eu sufoco: a existência penetra em mim por todos os lados, pelos olhos, pelo nariz, pela boca… E subitamente, num instante, o véu se rasga: eu compreendi, eu vi. Não posso dizer que me sinta aliviado ou contente; ao contrário, isso me esmaga. Mas minha finalidade foi atingida: eu sei o que eu queria saber. A náusea não me abandonou e não creio que me abandone tão cedo; mas já não sofro, não é mais uma doença ou uma febre passageira, eu sou a náusea".
NO LIMBO DA NEBULOSIDADE
Entre uma e outra percepção, nesse exato interstício, a vida existe. A Vida não é sístole. A Vida não é diástole. Da alternância das duas vem o oxigênio. Assim também, da alternância entre contrastes flui, diáfana, difusa, a consciência. A Singularidade é uma sucessão infinita de percepções fragmentadas que criam um mosaico onde ficam marcadas nossas experiências. Mosaico esse que nunca poderá ser visto em sua completude pela nossa particularidade eis que é um somatório vivo e colorido do nosso pulsar como ritmo cósmico a fluir pelo Universo. Ao retornarmos ao seio de nossa origem seremos um novo número, soma de tudo que passamos. Não mais um, não mais dois ou sequer qualquer uma de suas sucessões. Seremos absolutos na soma de nossas relatividades. Nunca saberemos quem realmente somos pois, como cometas que vão se desintegrando no atrito de suas passagens pelos caminhos do infinito, vamos nos fragmentando em cada nova observação, em cada nova análise, em cada nova passagem. Nova luz surge em cada atrito, em cada sinapse, mas morre também, nesse instante, a parte que carregávamos de nós mesmos como crenças que são sistematicamente superadas, de instante a instante, pela evolução da compreensão. Nascemos e morremos, a todo instante, em meio a tentativas de encontrar no relativo, o Absoluto. Decifra-me ou te devoro, já dizia a Esfinge.
Gildo Fonseca.
Gildo Fonseca.
Acabo de receber um mapa de tesouros. Dos tesouros escondidos dentro de nós. O tesouro da lucidez e da consciência pode ser encontrado por um mapa para a prospecção de nossas vastidões interiores. Mapas de tesouros sempre foram disputados através da história e são ainda mais valiosos quando se trata de perscrutar a alma humana. Os Mapas são, verdadeiramente, os maiores tesouros pois iluminam os Caminhos que levam ao alento das necessidades de cada um. Seres que são abençoados com uma intensa fonte luminosa própria, como Edilene Torino e Eduardo Penido, conseguem tecer uma Estruturação do processo do Compreender e do Agir, um fio de Ariadne que, como uma bússola de luz, provoca o cavalgar de corações e mentes pulsantes, instiga almas ao indômito buscar de si mesmas escondido em seus recônditos, gera, pelo calor no ventre da consciência daqueles que foram por eles iluminados, o desabrochar do casulo de seda de cada um, provocando novos voos de percepção, amplitude de visão, ancoragens de identificação. Mapear o movimento e Estruturar Caminhos é Graça, dádiva dos deuses, privilégio de almas nobres, elevadas, de visão ampla, afiadas, livres, ousadas e transgressoras que descortinam antes as passagens que serão utilizadas para novos desbravadores utilizarem no porvir, no pleno amanhecer interior de cada um. Parabéns e agradecimentos aos amigos Edilene Torino e Eduardo Penido, por nortearem a todos nós, com esse novo farol de orientação que é a sua Trilogia, com novas possibilidades, novas compreensões, novos caminhos, novas percepções. Recomendo a todos os amigos e amigas que respiram Psicologia, Psicanálise, Educação e a todos aqueles que buscam o entendimento e os meios de compreensão da alma humana e da vida em todas as suas vertentes. Uma Obra REALMENTE IMPERDÍVEL. Busquemos os Mapas de tesouro e descobriremos que o Mapa, o próprio processo cartográfico, é o maior tesouro. Ele pode ser descoberto e orientado através das Obras de Edilene Torino e Eduardo Penido. Navegar é preciso mas, com mapas no leme, ele se torna muito, muito mais preciso em todos os sentidos. Gratidão Edilene e Eduardo pelo calor e pela Luz emanados de sua
AN CORAGEM NAQUILO QUE SE ACREDITA.
UM CAIS NO CAOS.
UM CAOS NO CAÍS.
É preciso coragem para saber que se está perdido. A nebulosidade do incriado, ventre do porvir, flerta com o fantasma das culturas anteriores subjacentes que rodeiam nossas paragens.
Somos o torno de nossos entornos. Somos o tornar-Se pois quando achamos que já somos, que encontramos, já não somos mais devido a estarmos no instante consciencial seguinte. O que se é, já se foi...
Sou o que acredito que sou. Talvez soul. Mas minha crença me limita pois me define e me enquadra aniquilando assim, nesse instante, a essência tão volátil, flexível e ilimitada que apenas pode ser sentida. Tudo aquilo que ainda não sou, sou ou posso ser.
O enquadrar-se, o explicar-se, o aculturar-se provoca a autofagia na proporção que engarrafa um infinito de possibilidades de tudo aquilo que ainda não se é, aliás nunca se é, porque se é apenas um tornar-se.
Ser e estar. Estar para ser. Ser para estar. Ao definirmos alguma coisa matamos todas as possibilidades de ser dessa coisa. Carregamos o finito limitado de nossas definições num conflito com o infinito ilimitado de todas as possibilidades que como um líquido amniótico nos envolve.
Se é aquilo que se acredita, apenas uma sinapse perceptiva. Talvez Potência como dizia Nietzsche. Qualquer pretensa suposição de uma verdade é limitada pelo infinito de possíveis ainda desconhecidos pela unilateralidade da concepção dessa imaginária verdade. Caminhamos para aquilo que ainda não se é, e que, e se, quando for, deixará de ser o que era pois já não é mais pela sua nova posição. Somos o fluxo. Envoltos em pueris capas, esboços de miragens cantadas por sereias de tantos desejos, verdades e pretensões.
Sou aquele que ainda não é. Talvez nunca seja pois se for, uma vez definido, estático, estarei morto. Já, se souber que não sou, serei aquele (ou aquilo) que passa pelo caminho emanado de nossas próprias percepções metamorfoseadas em cada circunstância, tateando em nebulosidades.
Ancorar pressupõe cais. Mas o caís da existência é volátil, circunstancial, fluídico, relativo. Um pretensioso conhecer. Achando um cais morro na inércia do instante conhecido que, no instante seguinte já ficou para trás, já virou passado, não existe mais. Se ficar, serei então um barco amarrado. Sou, mas o que fui já era e o que serei ainda não sou.
No vasto
oceano do existir, qualquer protagonismo nosso é pretensão. No máximo
coadjuvantes do imponderável devir. As bengalas das paixões, desejos, crenças,
certezas e pressuposições demonstram que o caminhar por si mesmo é obra para o gigantismo
interior de cada um a ser descortinado no esforço de um eterno vir a ser. Existir
é inenarrável pois o simbolismo perceptivo, tão relativo, flui, evolui e se
transforma em cada fragmento de instante e a inexorabilidade da consciência é
um pulsar, uma sinapse absoluta de uma pretensa lucidez em trânsito por eternas,
talvez ternas, impermanências. Viva o Imponderável !!! Gildo Fonseca.