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quarta-feira, 10 de março de 2021
Todo
contrato, qualquer que seja o acordo, é sempre uma amarração. Para
renascer precisamos matar, pela compreensão, as ilusões que os desejos
exaltaram amarrando-nos e abrir-se para os novos nascimentos, num
processo de embriaguez constante desse "vinho do conhecimento". Cada
percepção é um contrato entre a cultura recebida e o que dela é extraído
experimentalmente em consciência. Renascer é deixar, sistematicamente,
os casulos tecidos pelos fios de cada uma dessas percepções para trás.
Esse processo, prática viva e constante da liberdade a que estamos
condenados é uma dolorosa quebra dos contratos renascidos (refeitos) a
cada pulsar da consciência. A Vida e a Morte são partes desse
"contrato", renovado dialeticamente a cada respirar, objeto desse nosso
existir, como Sísifo, em total insensatez. Como dizia Vinicius na
música: "então pergunto a Deus que escute amigo, se foi pra desfazer
porque é que fez?". Gildo Fonseca.
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