O AMANHÃ, EM NÓS...
Nossa
amada Clarice tinha razão, "gostar de estar vivo dói". Gostar de estar
vivo exige a custosa e laboriosa criação de necessidades mil através de
uma "voluntariosa" (ou seria inexorável?) embriaguez da consciência,
morfinizando as inquietações angustiosas e nauseantes do pulsar da alma.
Todo "para quê", "brilha ao sol" enquanto todo "por quê?", como
criatura personificada em buraco negro de tantas inquirições humanas,
busca nuances de luz, lapsos de lucidez, respiros nas contradições
contidas nos arcabouços de nossas próprias contrapartes, nessa dialética
íntima de luz e sombras, nossos contrastes ainda tão desconhecidos
dessa dinâmica gangorra binaria do nosso pretensioso compreender.
Existir é um paradoxo onde uma coisa só existe pela outra fluindo em
consciência. "Se É, apenas quando, de uma forma perceptível, dialética e
absolutamente intrínseca também "não se É". Somos coadjuvantes,
mutantes vazios a serem preenchidos pelo protagonismo das infinitas
Possibilidades de todo Amanhã, esse Devir, com tantos imponderáveis
ainda desconhecidos. Amanhã que se transformará em nós, talvez por nós,
através de nós. Essa frase, provocadoramente dúbia, tanto vale para nós
(seres) como nós (laços). Então, nosso será o próprio Amanhã
cristalizado em cada Percepção do Instante Presente. O Sol brilhará
sempre, em cada Amanhecer. Navegar é preciso embora muitas vezes,
impreciso... Gildo Fonseca
A imagem de Lispector foi compartilhada da peça Beth Goulart em simplesmente eu, Clarice Lispector
Nenhum comentário:
Postar um comentário