quinta-feira, 19 de janeiro de 2023
domingo, 15 de janeiro de 2023
Pérolas de Barthes, sempre maravilhoso...
Barthes:
"A linguagem é uma pele, esfrego minha linguagem no outro. É como se eu tivesse palavras ao invés de dedos, ou dedos na ponta das palavra."
"Quanto mais experimento a especialidade do meu desejo menos posso nomeá-la".
Onde está a matéria ???
sexta-feira, 13 de janeiro de 2023
Tudo é binário. Os caminhos tem duas vias. A Vida acontece "dentro" e "fora" de nós. Somos palco, somos plateia. Protagonistas e coadjuvantes. Pulsamos no corpo, na alma, em ritmo cadente entre a pulsão de realização e o vácuo, o grande buraco negro do ainda incriado. O possível e o impossível convivem, respiram, inspiram, existem pela combinação de contrastes que formam as imagens, a nossa estrada, na grande cavalgada do nosso espírito, no grande barco da transição no rio das experiências, onde somos o Caronte de nós mesmos, remando rumo à outra margem, em todos os instantes, onde buscamos encontrar outros fragmentos de nós mesmos para que depois, juntados os cacos de cada relação com as realidades, sonhos, delírios e lapsos de lucidez possamos, finalmente, compor, embora ainda pretensiosamente, o mosaico de quem realmente somos. No fim, voltaremos ao início. A gestação aconteceu por toda uma vida no líquido amniótico das convivências. Novamente por fim, conscientemente e no útero de nós mesmos, percebemos que após navegar por tantos conflitos que geram a luz da compreensão, não somos mais binários, mas um espelho, a soma dos grãos de areia de cada compreender e teremos então, embora ainda enevoada, muitas vezes até fantasmagórica, evanescente ou luminosa, uma vaga imagem de nós mesmos, que renascerá sempre, em cada pulsar da percepção, em cada Olhar do nosso Espírito, em cada batida de nossos corações. A dualidade do início e do fim está contida no Agora. Gildo Fonseca.
domingo, 8 de janeiro de 2023
sábado, 7 de janeiro de 2023
Adorável pérola de Giancarlo Galdino...
O texto abaixo é de Giancarlo Galdino, da Revista Bula, fazendo uma análise do filme "O pálido olho azul". Achei tão maravilhosa sua narrativa que resolvi compartilhar aqui:
Chegamos ao mundo sós, estamos sós do berço ao túmulo, e os mais espertos compreendemos logo que é necessário nos empenharmos muito para fazer com que os momentos em que passamos na companhia de outras pessoas tornem-se dignos das melhores lembranças. O aspecto eminentemente paradoxal dessa evidência é que são recorrentes as situações nas quais não se percebe interesse algum de parte a parte, e a despeito da vontade atávica, ancestral e instintiva da fuga e do isolamento, persistimos no comportamento quase obsessivo de adequarmo-nos ao que esperam de nós, observando certas normas tácitas de conduta, de como apresentar-se diante dos outros, esquecendo, ainda que apenas pelo tempo em que somos forçados a abdicar de nossas solidões, dos traumas, neuroses e, claro, das deleitosas manias que fazem nosso cotidiano um pouquinho menos enfaroso. Nem tudo é só desespero, entretanto; é difícil, mas sempre pode se dar o prodígio milagroso de se deparar com alguém que assim, por acaso ou por destino, encontra na vida o mesmo prazer que nós, precisamente por se saber feito de outro barro.
A solidão é muito mais que tão somente a vontade de estar só; há passagens na vida de cada homem, célebre ou irritantemente comum, em que é de fato necessário retirar-se do mundo, ainda que metaforicamente, mesmo que pelo espaço de um instante, para realizar feitos verdadeiramente invulgares. É preciso esquecer muito para se lembrar do pouco que importa; é forçoso mergulharmos no mais fundo de nós a fim de saber para onde devemos ir. Processo que não raro se mostra doído, abandonar a ribalta, reconhecer-se pequeno, insignificante, hediondo, frágil como qualquer outra pessoa, é um exercício de autopreservação, como se, em extirpando um órgão que já não desempenha as funções para que fora criado, conseguíssemos finalmente reoxigenar o sangue e permitir que assim a vida brote outra vez.
“O Pálido Olho Azul” sobrepuja o básico da narrativa de suspense. Socorrendo-se de elementos técnicos, Scott Cooper tem o condão de ressuscitar o interesse por um dos mais ousados escritores de todos os tempos, ao passo que escapa ao óbvio escolhendo fixar-se nos detalhes que seduzem sua audiência, seja pelo olhar, seja pelo que é dito.
sexta-feira, 6 de janeiro de 2023
quinta-feira, 5 de janeiro de 2023
A carícia não é um simples roçar, ela é modelagem.
Acariciando o outro, faço nascer, sob meus dedos, sua carne. A carícia é o
conjunto das cerimônias que o outro encarna.
Jean-Paul Sartre
Acariciando o Outro, faço nascer meu Olhar, que percebe então, o líquido aminiótico, fluídico, do Amor, criando então a sístole e diástole nossas almas. Nossa transcendência e nossa transgressão perceptiva são frutos da carícia dos (e nos) entornos.
Gildo Fonseca.
Mais uma pérola de Edilene Torino...
HOMO
Ser de barro sem sopro de vida
Pronto, rígido, frágil e esfarelável
Molde acabado que te aprisiona
Por que teu Deus não te deixou infinito?
Homo, homo
Tu cabes no uni-verso mas não o bispa em ti.
Quisera fosses feito de pó-ema e alma líquida!
E próprio te esculpiste em sopros
sem te concluíres
em formas
Irias nascer pó
Irias morrer pó
Mas irias
Viver argila.
EDILENE TORINO