Juízos, Agregações, Dogmas, Condenações, Preconceitos, Dualidades, Ressentimentos, Ciúmes,
Ganância ?
APENAS DEIXE IR.
Que junho nos encontre renovados de corpo e alma !!!
.. uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida.
Clarice Lispector, Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres (1969)
Gildo Fonseca.
“Tens como Hamlet pavor do desconhecido? Mas o que é conhecido? O que é que tu conheces, para que chame de desconhecido a qualquer coisa em especial? Álvaro de Campos ( Fernando Pessoa)
Gildo Fonseca.
Aí
de pé, a obra arquitetônica repousa sobre o solo rochoso. Este assentar
da obra extrai da rocha a obscuridade do seu suportar rude e, no
entanto, a nada impelido. Aí de pé, a obra arquitetônica resiste à
tempestade furiosa que sobre ela se abate, e, desta forma, revela pela
primeira vez a tempestade em toda a sua violência. Só o brilho e o
fulgor da rocha, que aparecem eles mesmos apenas graças ao Sol, fazem,
no entanto, aparecer brilhando a claridade do dia, a amplitude do céu, a
escuridão da noite. O erguer-se seguro torna visível o espaço invisível
do ar. O caráter imperturbado da obra destaca-se ante a ondulação da
maré e deixa aparecer, a partir do seu repouso, o furor dela. A árvore e
a erva, a águia e o touro, a serpente e o grilo conseguem, pela
primeira vez, alcançar a sua figura mais nítida e, assim, vêm à luz como
aquilo que são. Desde cedo, os gregos chamaram a este mesmo surgir e
irromper, no seu todo, a Φύσις [phýsis].
Martin Heidegger "Origem da Obra de Arte", p. 39. Lisboa: Edição Fundação Calouste Gulbenkian, 1998. Escultura: Fonte Netuno, por Bartolomeo Ammannati, em Piazza Della Signoria, Florença, Itália.
Compartilhado de Martin Heidegger in Art.
Drummond fala daquilo que cada um de nós carece na cidade excessivamente iluminada: certa penumbra. Sabemos que o impossível de suportar, com Lacan, é o real- para o qual não existe significação. A penumbra é aquilo que tenta contornar o real, aquilo que ao mesmo tempo é borda, margem e litoral. Luz e sombra- o território enigmático entre palavras e imagens. O gesto entre a noite e o dia, o sonho, o silêncio, o ruído, aquilo que incomoda, desarticula, a pulsão, o vazio, o nada que mora dentro das coisas, o lusco- fusco do desejo. Bia Dia.
Um homem pode sobreviver a todos os seus amigos e parentes, enterrar aqueles que ele mais ama e levar uma existência solitária como um estrangeiro numa época estranha; mas não pode sobreviver a si mesmo e aos fatores internos de sua vida, e não pode enterrá-los, pois eles são seu verdadeiro eu e, assim, são inalienáveis.
Jung.
"Meu psicólogo disse que estou com uma obsessão por vingança. Ele vai ver o que vou fazer com ele..."
DÚVIDAS DAS CERTEZAS E CERTEZA DA DÚVIDA
Nietzsche já afirmava que “convicções são cárceres”. É cada
vez maior o antropocentrismo nas interações entre as pessoas. O olhar de cada
um, permeado pela momentânea auto importância, baseado na pretensa relevância,
intensidade e valoração dos fachos de luz que chegam às suas pupilas, determina
a sua “verdade”. Essa “verdade” que sempre orbita pela dimensão das circunstâncias
perceptíveis, pelos quadrados dos círculos morais de um determinado instante
existencial e tão fortemente influenciada pelas redes sociais, cria as “serras”
dos procustos individuais onde são cortadas todas as possibilidades daquilo que
não é compreendido pela consciência daquele que expressa esse seu “cais”, essa “verdade”,
repito, sempre lastreada na amplitude e circunstancial valoração daquilo que “vê”,
daquilo que “enxerga”, daquilo que “imagina”. Não nos esqueçamos que um ponto de vista é
apenas um ponto de vista de um ponto no plano de tudo aquilo que ainda é
desconhecido para a alma de cada um de nós. Contenhamos nossa pretensão de
possuirmos os parâmetros da verdade, a referência para todas as coisas. Isso
pode ser uma “verdade” apenas para nós mesmos e ainda assim sujeita a uma
próxima revisão com o passar das circunstâncias, com o passar de nossas
próximas experiências. Somos realmente absolutamente relativos pois a
relatividade reina, Absoluta, sob um véu, a ser descortinado cada vez que
respiramos, sonhamos ou "enxergamos". Gildo Fonseca.