"Compreendeu de repente o que era a angústia e soube que ela só podia
ser vencida por aqueles que a reconhecessem. Sentia-se angústia por mil
motivos, em face da dor, da justiça, do
próprio coração. Tinha-se um medo angustioso de dormir, de acordar, de
ficar sozinho, de sentir frio, de ser atacado de loucura, da morte. Mas
todas essas coisas eram apenas máscaras e disfarces. Na realidade, só se
sentia medo e angústia de uma coisa: deixar-se cair, dar o passo para a
incerteza, o pequeno passo para fora de qualquer segurança que pudesse
haver. E quem tivesse uma vez, uma única vez, abandonado, quem tivesse
praticado o grande ato de confiança e se entregasse ao destino, estaria
libertado. Ele não pertencia mais às leis da terra; caíra no espaço e
era levado pela dança das constelações. Era assim. Tudo era tão simples
que até uma criança podia compreender e saber. "
Hermann Hesse. In: O Último Verão de Klingsor
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