sexta-feira, 29 de março de 2013

História da Páscoa

História da Páscoa

A história da Páscoa é rica de aspectos religiosos e simbologias

Ovo: símbolo da vida

O ovo, geralmente branco e frágil, é, de forma geral, uma metáfora para esta nova vida, ele é o símbolo do germe, encarna todo o conteúdo de uma vida numa simples casquinha, é o um que se divide passando pela metamorfose que cria o pintinho que consegue sair da sua casca, sendo um símbolo da transmutação e do renascimento. É desta forma que, para o cristianismo, Jesus é comparado ao pintinho que sai da sua casca, assim como Cristo saiu do Santo Sepulcro, sendo que a cor branca representa a pureza e a perfeição.

Do simbólico para o cotidiano, durante os 40 dias que precedem o domingo de Páscoa os fiéis estavam proibidos de consumir carnes e ovos. No entanto as galinhas, que não conheciam esta interdição, continuavam a pôr seus ovos normalmente, o que fazia com que os cristãos ficassem com muitos ovos sem poder comê-los. Para não desperdiçá-los surge, no século XII, a tradição de decorar as cascas dos ovos e oferecê-los como presente.

Conta-se que o rei Eduardo I da Inglaterra, em 1307, teria distribuído 450 ovos pintados aos membros da família real. Esta ideia acabará se desenvolvendo e ovos esculpidos em madeira são oferecidos ao rei, a família real russa começa a consumir ovos de Páscoa feitos pelo joalheiro Fabergé e os doceiros vão começar a fazer ovos em açúcar, chocolate e torrone para as crianças.
Coelho, não. Lebre de Páscoa

Para não falar de ovos sem falar de quem os traz, temos que contar que historicamente nunca foi um coelho quem fez este trabalho, mas sim a lebre, que é símbolo de fecundidade e, ao mesmo tempo, por ser indefesa, o símbolo do homem que coloca toda sua confiança em Deus. A associação ovo e lebre da Páscoa sempre teve um caráter fundamental na simbologia da chegada da primavera e este animal foi, desde cedo, confundido com o coelho pela sabedoria popular. A lebre é tão fortemente associada à fecundidade que desde a antiguidade aconselha-se comer carne de lebre para dar fertilidade às mulheres e testículos de lebre para que o bebê fosse um homem.

Ainda sobre os animais, não nos esqueçamos da galinha, um símbolo tradicional da realização dos desejos.

Finalmente, hoje em dia a Páscoa ultrapassou os limites da cristandade e de uma forma ecumênica agrega todos em torno do sabor universal do chocolate.


Matéria elaborada por Cintia Alfieri Gama, doutoranda na École Pratique des Hautes Études em Sorbonne, Paris, docente de História da Gastronomia e Antropologia da Alimentação das Faculdades Metropolitanas Unidas e conselheira científica do Museu do Louvre na França.

terça-feira, 19 de março de 2013

CONDENADOS À LIBERDADE !!!!


A CÓPULA DIALÉTICA DA VERDADE

"O excesso de verdades é pior que o erro". Pascal 

O êxtase das contradições, semente da dinâmica espiral de novas verdades, vive no interlúdio, no lapso da consciência, entre vácuos de pretensa lucidez, no intervalo de fraccionadas realidades, entre elos de contrastes que alimentam fugazes, contraditórias e contrastantes Percepções.


O erro, coadjuvante de tantas verdades individuais, alicerça nossos passos de navegantes nauseabundos no oceano do existir.


Nos interstícios de todos os sistemas binários, em todas as manifestações, está, oculta, sob o véu de loucuras insensatas, a patética tentativa do Ente de levantar-se, de afirmar o "seguro" dentro de dinâmicas tão inseguras, o ponto dentro de retas, o finito dentro de tantos infinitos, porquês dentro de tantos como.


A razoabilidade extasiante do Instante Perceptivo é o gozo da Consciência, no ventre de Infinitos possíveis de todo Infinito presente, na união entre atemporais, transcendências e irracionabilidades de amplas finitudes presentes nas possibilidades delimitadas pela nossa própria "cerca", essa protagonista carrasca da danação de nossos porquês, dentro da eterna condenação à liberdade de nós mesmos.



Gildo Fonseca



domingo, 10 de março de 2013

Interpreto que Sartre quando afirmava "o inferno são os outros", referia-se jocosamente à delegação da responsabilidade consciencial ao outro e ao meio. Ao que Freud e depois Lacan sistematizam e codificam nas estruturas analíticas das linguagens do inconsciente, Sartre contrapõe com a pretensa "supremacia" libertária do consciente. Simpatizo mais com Heidegger e sua visão ontológica. Com todo respeito, creio existir uma prevalência dessa transcendência, dessa Sombra Universal a ser descoberta, iluminada, e que se manifesta apenas por sinapses de consciência condensadas em arquétipos Yunguianos que acabam se associando, se cristalizando, na união de uma busca desesperada na tentativa de descortinar o Conhecimento, através das apalpadelas das associações não só de nossos atos cotidianos mas também da etérea percepção da eterna busca de quem somos. Cristalizemos pois a Vida, esse Caminho que construímos a cada entendimento.

por Gildo Fonseca