terça-feira, 24 de dezembro de 2019

domingo, 22 de dezembro de 2019

sábado, 21 de dezembro de 2019

VONTADE DE ACREDITAR, VONTADE DE DESCOBRIR !

William James costumava pregar a Vontade do Acreditar.
Da minha parte, eu gostaria de pregar a Vontade do Duvidar.

Nenhuma de nossas crenças são bem Verdade.
Todas tem pelo menos uma penumbra de imprecisão e erro.
O que se quer então não é a Vontade do Acreditar, mas o Desejo do Descobrir, que é exatamente o oposto. Bertrand Russell.
"Farei o possível para não amar demais as pessoas, sobretudo por causa das pessoas. Às vezes o amor que se dá pesa, quase como uma responsabilidade na pessoa que o recebe. Eu tenho essa tendência geral para exagerar, e resolvi tentar não exigir dos outros senão o mínimo. É uma forma de paz." 

(Clarice Lispector in "Minhas Queridas")

SUPERANDO AS RELATIVIDADES

A atmosfera dispersa os espectros do azul violeta e faz com que tenhamos percepções diferentes. Como o azul violáceo é a última cor do espectro visível, refletir sobre essa dispersão nos leva a um olhar transcendente, muito além do visível. Quando olhamos para as pessoas podemos perceber o quanto a atmosfera das relações afeta a percepção sobre a verdadeira Essência oculta, mascarada, de cada um. Nos relacionamos com "aquilo" que chega até nós em função do filtro das circunstâncias, transitórias necessidades ou processos de compreensão que estão sempre em evolução, entretanto podemos amar muito além dessas ilusões e transitoriedades, reencontrando-Nos no Ventre da Essência Primordial onde Somos Todos Absolutos. Como dizia Nietzsche: "torna-te quem és".

Gildo Fonseca.

 https://www.facebook.com/universoestelaroficial/videos/1129763470444260/UzpfSTU2NDQwNjgxMDMxMzI2NTpWSzoxMTI5NzYzNDcwNDQ0MjYw/
"Ouça, Virgínia, é preciso amar o inútil. Criar pombos sem pensar em comê-los, plantar roseiras sem pensar em colher as rosas, escrever sem pensar em publicar, fazer coisas assim, sem esperar nada em troca. A distância mais curta entre dois pontos pode ser a linha reta, mas é nos caminhos curvos que se encontram as melhoras coisas."

Lygia Fagundes Telles, in: Ciranda de Pedra. — Editora Companhia das Letras, 2009, pág. 135.




Reta é alma de todas as curvas...
Mosaico pleno de singulares pluralidades.
Cada curva contém Tudo.
Todo Tudo, também se curva.
Curva é alma de todas as retas.


Gildo Fonseca.

domingo, 15 de dezembro de 2019


Beckett e sua sensibilidade


O TODO E A PARTE.

Nunca seremos inteiros enquanto conscientes de nossas limitações e inconscientes de nossas possibilidades.

Todo devir é amplitude de nossa inteireza possível, mas, concomitantemente, um grito consciente de nossas limitações.

O imponderável a nossa frente sempre desafia essa semente oculta em nós que podemos ousar chamar nossa Força de Empuxo.

Somos Metades inteiras em Intensidade vivendo na Inteira Metade transcendente que nos contém e que se projeta para criar o palco de nossos sonhos, útero onde desenvolvemos, em meio ao líquido amniótico da criatividade cósmica, cada Porvir, cada Olhar, cada Aspiração.

Do pretenso equilíbrio lúcido e dinâmico entre possíveis e impossíveis, metades e inteiros, "Eu" e o "Outro" vamos tirando o véu de nós mesmos e ora como protagonistas ora como coadjuvantes vamos descobrindo os enredos ocultos da Criação, o Sentido da Vida, buscando o sentir do Sentir.

Gildo Fonseca

Vivemos na intersecção de nossas relatividades afins buscando, às apalpadelas, construir o mosaico para um Devir, finalmente, Absoluto. Somos nossa própria experiência, uma eterna especialidade em construção. Suponho que somos cristalizados, absolutamente, através de cada relatividade. Gildo Fonseca.

sábado, 14 de dezembro de 2019


Acreditar em algo e não o viver é desonesto.

Mahatma Gandhi
AFETOS PALIATIVOS DE ADJETIVOS TRANSITIVOS E SEM SUBSTANTIVOS

Inconsciência, minha amante afetuosa das horas de consciente desamparo, onde estas?
insensatez de vãs quimeras, transitórios afetos e desejos que desviam nosso olhar do Infinito, onde estas?


Desejos embriagadores que com seu colorido véu iludem nosso existir, onde estás?
Entre fatos, laços, meios sem fim, sigo, eu, buscador de mim.
Inteirações fraccionadas em pulverizadas vontades e relações, quando te tornarás Inteira, preenchendo meus vazios, totalizando-me, espelhando a imagem completa de tudo aquilo que ainda não sou?


Embriague-me vida, entre brindes que saudam os caminhos dessa grande nau de insensatos, que nos conduz à portos desconhecidos de nossos eus, nesse imenso universo infinito.


Ora Eros, ora Tanatos, vamos seguindo, com "sandálias" embora descalços, para onde? quem se atreve, com certeza, dizer que sabe?
Seguimos então, embriagando-nos, uns aos outros, com a cotidiana e pueril transcendência de limitações de todo ser que busca Ser, e, buscando, torna-se, e tornando-se, nunca, em tempo algum, poderá ser, pois, se for, estará morto, em todo eterno renascer.


Se for, nunca será, eis que resta o que é, só Processo, além, além, muito além de tudo que, individualmente, imagina que é. Como dizia Vinicius de Moraes na música:


"as vezes quero crer mas não consigo, é tudo uma total insensatez, então pergunto a Deus, que escute amigo, se foi pra desfazer porque é que fez? Mas não tem nada não, tenho meu violão..." Haja violão....



Gildo Fonseca
A primeira necessidade humana é o estabelecimento do sentido de confiança (Winnicott). Dela parte a possibilidade de construir, vivenciar e diferenciar um mundo interno de um
mundo externo; a possibilidade de haver sonho, esperança, ao lado da realidade - e não em oposição à realidade. Quando o ambiente não proporciona as condições para o poder confiar, não se estabelece também a confiança em si: acentua-se a necessidade de termos que definir, constantemente, o que pertence à realidade interna e o que é da realidade externa.
O mundo se torna agressivo, nós nos tornamos agressivos. A experiencia de poder confiar é pré-requisito para a esperança. Na base da confiança não está um ambiente que nunca falha, mas um ambiente que é capaz de "estar ali", disponível para a criança e capaz de sustentar a continuidade apesar dos movimentos da vida. Quando a confiança não se estabelece na infância, buscamos vida a fora a família que precisamos ter e, constantemente, estamos também à espreita da família que não tivemos, multiplicada em todos os demais relacionamentos. Não confiar é não conseguir sonhar a si mesmo nem ao mundo.


(Evelin Pestana, Casa Aberta - Página, Psicanálise, Artes, Educação).

O Pensador...


"Tudo fica bem com você por perto..." 

Charlie Brown.
Não se deixe enganar por aquilo que aparecer na superfície.
Nas profundezas é onde tudo se torna lei.

Rainer Maria Rilke
Quando penso no que já vivi me parece que fui deixando meus corpos pelos caminhos.
Clarice Lispector
"Se me torno objeto, posso ser completo. Se me torno objeto, posso completar a falta do Outro."
1) Se me torno objeto, posso ser completo. O que a propaganda – e uma imensa parte da cultura – nos vende de forma velada? Compre um objeto e sinta-se satisfeito. Em outras palavras, compre um objeto e esteja em harmonia, esteja completo. Compre e cale a tensão. Compre e cale o desejo. Não importa que isto dure 30 minutos (aliás, é este mesmo o objetivo), mas a fantasia é a de que esta suposição é concebível quando, na verdade, estamos falando de um engodo, esta suposição é inviável! Um objeto é aquilo que promete tamponar uma falta (um carro, um perfume, um iPad, uma companheira), mas que não tampona coisa nenhuma.
2) Se me torno objeto, posso completar a falta do Outro. O que caracteriza o objeto é o fato de não ter demanda própria. O objeto não demanda algo para si. Sua única ‘função’ é sua utilidade para seu proprietário. Sua função é satisfazer a demanda de seu mestre. A partir do momento em que abro mão de minha subjetividade, renuncio também aos meus desejos, às minhas demandas mais singulares. Meu objetivo passa a não ser nenhum outro que não seja o de atender e satisfazer aos desejos e demandas de Outro (com maiúscula porque a relação é assimétrica – o Outro é aquele a quem suponho um saber completo, o qual me falta). Desta forma, minha satisfação é saber que meu único valor e utilidade reside em ser instrumento da fruição de outrem. Se me torno objeto, simplifico minha complexidade, minhas contradições, meus não-saberes, minhas faltas, minhas imperfeições. Se me alio àquele que sabe tudo, meu saber incompleto fica aliviado. Em suma, me deformo para servir de instrumento à realização de Outro e assim calar minha dimensão de tensão e de falta. Gozo ao reduzir-me a objeto e ao calar as angústias provenientes da minha humanidade. Mas veja, esta dinâmica só pode ser vista como deformação sob uma perspectiva (tal qual a psicanalítica) que localiza o sujeito justamente como algo para além de sua objetificação, diferente de perspectivas que situem o ser humano como uma máquina, um amontoado de átomos, como um conjunto de processos químicos (como algumas correntes científicas e o segmento da indústria farmacêutica).
'Paixão em Ser Instrumento' de Laerte de Paula.
Publicado por Cristina Gomide Maciel e resgatado por Nattalia Ramos
Compartilhado do FB, pg. Marcel Oliveira

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Quanto maiores as condições, maior a densidade. A Leveza é inversamente proporcional ao desespero do espírito ao ancorar-se em circunstâncias onde tenta cristalizar-se em situações para tentar nascer, a cada instante, em sentido para si mesmo. O neutro pleno do Amor é incircunstancial.
Gildo Fonseca.

Como Ser Livre

Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo - quando o homem se ergue a este píncaro, está livre, como em todos os píncaros, está só, como em todos os píncaros, está unido ao céu, a que nunca está unido, como em todos os píncaros.


Fernando Pessoa, 'Teoria da Heteronímia'

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

O orgasmo clitoridiano
Na época de Freud era comum as mulheres da elite recorrerem a uma cirurgia íntima que consistia em aproximar o clitóris da vagina, pois os médicos prometiam que o orgasmo clitoridiano seria transferido para a zona vaginal. A amiga de Freud, a princesa da Grécia Marie Bonaparte, o conheceu em 1925 para tratamento psicanalítico, pois estava à beira do suicídio e traumatizada por conta do seu “casamento de fachada” com o príncipe Jorge da Grécia que era homossexual e alcoólatra, daí ter feito a tal cirurgia na vagina, acreditando assim, que curaria a sua frigidez e teria prazer no sexo, mas não teve nenhum resultado positivo. Bonaparte ficou encantada com os resultados da sua análise com Freud, pois superou a questão da frigidez e tornou-se sua fiel escudeira, inclusive ajudando-o financeiramente. Freud dizia que somente existe o orgasmo clitoridiano, pois é o clitóris que provoca esse prazer na mulher e, em 1953, o Relatório Kinsey, realizado com seis mil mulheres, bem como outras pesquisas, tais como: Giese, Hite e France Magazine concluíram que há somente um orgasmo na mulher: o clitoridiano, o que respaldou a hipótese de Freud...
Luís Olímpio Ferraz Melo

As nossas tragédias são sempre de uma profunda banalidade para os outros...

Oscar Wilde


"A vida pertence aos vivos, e quem vive deve estar preparado para mudanças."

Johann Wolfgang Von Goethe
Nunca tomar ninguém como modelo.
Para as nossas ações e omissões, não é preciso tomar ninguém como modelo, visto que as situações, as circunstâncias e as relações nunca são as mesmas e porque a diversidade dos caráteres também confere um colorido diverso a cada ação. Desse modo, duo cum faciunt idem, non est idem (quando duas pessoas fazem o mesmo, não é o mesmo). Após ponderação madura e raciocínio sério, temos de agir segundo o nosso carácter. Portanto, também em termos práticos, a originalidade é indispensável; caso contrário, o que se faz não combina com o que se é.
Arthur Schopenhauer, in 'Aforismos para a Sabedoria de Vida.

Imagens que falam por si...


"Eu amei muito as estrelas para ter medo da noite".

Galileu.


Toques sutis da(dão) alma.
Eu, Gildo, acredito.


"Levei quatro anos para pintar como Rafael e levei uma vida inteira para pintar como uma criança".

Picasso

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Sigmund Freud dizia que há a necessidade de punição na sociedade quando ocorre um crime, como contou nessa anedota para exemplificar o mecanismo de deslocamento. “Numa aldeia havia um ferreiro que cometera um crime capital. O júri decidiu que o crime devia ser punido, porém, como o ferreiro era o único da aldeia e era indispensável, e como, por outro lado, lá havia três alfaiates, um destes foi enforcado em seu lugar”.
Suposições...



Distante não é inalcançável. Distante é produção de sentimento.

Lá onde o sol se esconde num jogo infantil,
Lá, distância mais próxima do meu estado essencial,
Lá que guarda a alegria do espírito,
Que é lugar bom,
Que abriga a direção correta.
Lá onde a amizade é verdadeira e onde o amor é sentimento invendável.
Contrariando o poeta
Gorjeiam as aves aqui pior que acolá.

Mário Quintana

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

(...) Viver não é coragem, saber que se vive é a coragem!

Clarice Lispector, in
"A Paixão Segundo G.H".



Obra "Girl seated by shore, 1878 - George Elgar Hicks. - Comp. de Literatura e Psicanálise.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019



Às vezes a esperança não dorme comigo, mas ela me acorda todas as manhãs.

Gildo Fonseca.

domingo, 1 de dezembro de 2019

sábado, 30 de novembro de 2019

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Compre se valer a pena...




Reflete aquilo que é reflexo no espelho, mas, para o olho mais penetrante, é visível o reflexo que ele mesmo carrega do mundo, nesse olho que ele vê no espelho. Numa palavra, não há necessidade de dois espelhos opostos para que logo sejam criados os reflexos infinitos do palácio dos espelhos. A partir do momento em que existem o olho e um espelho, produz-se um desdobramento infinito de imagens entrerefletidades.

Lacan 1962-1963

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Mesmo aqui – e justamente aqui, na inaparência do ordinário, vigora o extraordinário do aparecimento. Isso quer dizer: aqui onde eu, o pensador, me abrigo, o inaparente se encontra na intimidade do aparecimento e do brilho mais extremos. Aqui onde possuo abrigo, o que parece estar excluído do outro reúne-se numa unidade. Aqui, no âmbito do pensador, em todo lugar, o que parece se contrapor e excluir, o contrário, é o mesmo tempo o que atrai. Talvez essa atração seja até necessária para que um possa encontrar o outro. Onde isso acontece, vigora a luta. O pensador se demora na proximidade do que está imbuído de luta.
HEIDEGGER, Martin. In “Heráclito”, p. 25. Rio de Janeiro: editora Relume Dumará, 1998.
Compartilhado de Literatus
"Eu via minha vida se ramificando à minha frente como a figueira verde daquele conto.
Da ponta de cada galho, como um enorme figo púrpura, um futuro maravilhoso acenava e cintilava. Um desses figos era um lar feliz com marido e filhos, outro era uma poeta famosa, outro, uma professora brilhante, outro era Ê Gê, a fantástica editora, outro era feito de viagens à Europa, África e América do Sul, outro era Constantin e Sócrates e Átila e um monte de amantes com nomes estranhos e profissões excêntricas, outro era uma campeã olímpica de remo, e acima desses figos havia muitos outros que eu não conseguia enxergar.
Me vi sentada embaixo da árvore, morrendo de fome, simplesmente porque não conseguia decidir com qual figo eu ficaria. Eu queria todos eles, mas escolher um significava perder todo o resto, e enquanto eu ficava ali sentada, incapaz de tomar uma decisão, os figos começaram a encolher e ficar pretos e, um por um, desabaram no chão aos meus pés."
Sylvia Plath, in: A Redoma de Vidro. — Editora: Biblioteca Azul, 2014, pág. 88, 89.