quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

"Um homem é mais homem pelas coisas que silencia do que pelas que diz. Vou silenciar muitas. Sabendo que não há causas vitoriosas, gosto das causas perdidas: elas exigem uma alma inteira, tanto na derrota quanto nas vitórias passageiras. Criar é viver duas vezes... Todos tentam imitar, repetir e recriar sua própria realidade. Sempre acabamos adquirindo o rosto das nossas verdades."

Albert Camus



Comp. do FB, pg. Inteligência meu bem é afrodisíaco

Existe outra opção que não amar???

Amor fati, de Nietzsche.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

"Ídolo eterno", por Rodin

Voláteis, transitórios e efêmeros desejos oxigenam encantadoramente pretensas certezas da percepção. O doce alento dessa inexorável embriaguez é a morfina das almas forasteiras, destinadas a incompletude. Como dizia Rubem Alves: "É no vazio do jarro que se colocam flores".
Gildo Fonseca
Imagem Ídolo eterno, de Rodin.
O poder é o camaleão ao contrário:
todos tomam a sua cor.

Millôr Fernandes
" Eu gosto do impossível porque lá a
concorrência é menor."

Walt Disney




"O mais importante é a pessoa que você é quando sua sorte acaba."

Mark Rowlands


terça-feira, 29 de janeiro de 2019





















"A caverna que você teme entrar pode guardar o tesouro que você procura". 

Campbell

Avançar é gerar, pelo atrito do nosso esforço contra enevoadas e imponderáveis densidades contrarias, a colorida luz da Percepção em cada Instante seguinte. Que, como um Farol, a tua Luz brilhe a partir dos tons abrigados em seu coração e que o amoroso calor do afeto resultante, embale cada passo de seus Caminhos, do seu Porvir.
Gildo Fonseca.
Até morrer estarei enamorada de coisas impossíveis.
Cecília Meireles

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

“Tudo que está sujeito ao surgimento está sujeito à cessação.”

Buda


A Vida utiliza muitos meios para lembrar nossa finitude. Oremos por todos os vivos. Oremos por todos os mortos.
"Cuidado ao querer se livrar dos seus demônios, pode estar se livrando da melhor parte de si mesmo."

Nietzsche




domingo, 27 de janeiro de 2019

Palavras ao vento...

"Quanto mais você sabe,
menos você precisa dizer."

Jim Rohn
" Vivi a vida que vivi e a continuo a viver com as suas luzes e as suas sombras. Sinceramente não consigo distinguir uma fronteira nítida em que haja guardas aduaneiros que controlem a passagem do que foi certo ou errado, nem qual é a zona dos erros e qual a dos acertos. Não sei qual é o meu céu nem o meu inferno porque essas discussões não combinam com a realidade que conheço. O céu e o inferno estão dentro de nós mesmos e cada um sabe como lidar quando um ou outro se desata.

Eduardo Galeano / entrevista com ñ: "somos as histórias que vivemos"
Toda a literatura consiste num esforço para tornar a vida real. Como todos sabem, ainda quando agem sem saber, a vida é absolutamente irreal, na sua realidade direta; os campos, as cidades, as ideias, são coisas absolutamente fictícias, filhas da nossa complexa sensação de nós mesmos. São intransmissíveis todas as impressões salvo se as tornarmos literárias. As crianças são muito literárias porque dizem como sentem e não como deve sentir quem sente segundo outra pessoa. Uma criança, que uma vez ouvi, disse, querendo dizer que estava à beira de chorar, não «Tenho vontade de chorar», que é como diria um adulto, isto é, um estúpido, senão isto: «Tenho vontade de lágrimas». E esta frase, absolutamente literária, a ponto de que seria afetada num poeta célebre, se ele a pudesse dizer, refere absolutamente a presença quente das lágrimas a romper das pálpebras conscientes da amargura líquida. «Tenho vontade de lágrimas»! Aquela criança pequena definiu bem a sua espiral.
Fernando Pessoa - Livro do Desassossego

ANELOS DO IMPONDERÁVEL

As tragédias sempre demonstram a finitude da Vida e da nossa pretensiosa e petulante tentativa sisifiniana de controlar situações, circunstâncias, coisas, pessoas e fatos. Temos o  livre arbítrio para nossas escolhas e, em cima delas, até o planejamento, mas o que nos reserva a sempre insondável imponderabilidade de cada devir é coberta com um véu, descortinado a cada intensa emoção do inesperado. Em nossas relativas percepções não podemos abarcar a imensidão absoluta das possibilidades, no máximo, minimizá-las. Procuramos então, desesperadamente, culpas e culpados para tudo aquilo que transcende nosso controle, nossa compreensão. Vergar-se aos ventos contrários e anelar-se à próxima cena do espetáculo da vida, dançando com ela em cada uma de suas sucessivas vestimentas é reforçar a couraça da alma. O elixir embriagador de nosso mítico heroismo sempre será um doce alento em nossa passagem pelo grande oceano de incertezas.  Se navegar é preciso, compreender não é preciso, eis que, também, toda precisão é camaleoa. A Experiência é protagonista, sangue que irriga as veias do coração. Como ele vai pulsar? Por voláteis valores de cada transitoriedade, oxigenando, pela esperança, nuances de lucidez e suas quimeras em todos nós, coadjuvantes nesse baile do destino. Amanhã, será outro dia.

GILDO FONSECA

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019


"O pé sente o pé
quando pisa o chão".


Buda



Comp. do FB,
pg. Lêda Guimarães
"Existir é vencer os obstáculos opacos da experiência vivida, como a angústia, o absurdo, o desespero e o paradoxo; existir é apaixonar-se."

Kierkegaard

art by Catrin Welz-Stein

ÀS VEZES TUDO SE ILUMINA
Às vezes tudo se ilumina de uma intensa irrealidade
E é como se agora este pobre, este único, este efêmero
instante do mundo
Estivesse pintado numa tela, sempre...
Mario Quintana
in "A Cor do Invisível"
Arte by Aram Nersisyan.
Muito além dos conceitos de malfazer e bem-fazer existe um campo.
Lá te encontrarei.
(Rumi)

Obra de Emily Balivet.
Não possuímos as palavras.
Elas estão por trás dos olhos,
e não sobre os lábios.
É isso.
Virginia Woolf

Arte: Angie Brown
EM BUSCA DE SENTIDOS
Meu corpo arde ao consumir o combustível do Existir. A Energia da Percepção vibra e pulsa, singularmente, no plano de seus múltiplos  questionamentos. O ponto, o plano, e sua troca de "olhares", cria a sensação de estarmos vivos, onde a experiência e suas correlações tentam dar sentido a tantos desatinos e insanidades, próprias e alheias, nossas e da própria "Criação". Se Nietzche já dizia "Torna-te quem És", então, Somos o torno, a tornar-Se, e terna mente, no éter, espelho de nossas ambulantes e forasteiras interrogações. É assim que "eu", "Gildo", sinto. Sinto muito. Gildo Fonseca.
TUDO É PERSPECTIVA.

Somos pontos perspectivos, respirando lucidez, através dos planos de relativas intersecções conscienciais. O movimento dialético de "luz" e "sombra", essa sístole e diástole de nossa Percepção, cria esse pulsar onde se manifesta, a cada instante, essa nossa fluídica Identidade a caminho de seguros ancoradouros de pretensas "verdades", subjacentes em tantos "potes de ouro", debaixo do arco-íris, no horizonte de todo Devir. Somos o Plano. Somos o Ponto. Estamos no Olhar. Viver é Relativo. Existir é Absoluto.

Gildo Fonseca

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Há tantas auroras que não brilharam ainda!

Nietzsche



Obra de arte por Ludwig Fahrenkrog.

Alguém sabe???


Do FB, pg. Acervo Filosófico

Reich - couraças...

Para colocar em prática a inibição instintiva exigida pelo mundo moderno e aguentar o êxtase de energia resultante desta inibição, o ego tem de sofrer uma mudança. O ego, isto é, aquela parte da pessoa que se expõe ao perigo, enrijece, como dizemos, se submetida continuamente aos mesmos ou semelhantes conflitos entre a necessidade e um mundo exterior atemorizante. Ele adquire nesse processo um modo de reação crônico automático, isto é, o seu “caráter”.

É como se a personalidade afetiva se colocasse dentro de uma armadura, como se a casca dura que ele desenvolve tivesse a intenção de desviar e enfraquecer os golpes do mundo exterior assim como o clamor de necessidades interiores.
Esta armadura torna a pessoa menos sensível ao desprazer, mas também restringe a sua motilidade libidinosa e agressiva para as conquistas e o prazer. Dizemos que o ego se tornou menos flexível e mais rígido, e que a habilidade para regular a economia de energia depende da extensão da armadura.
(por Wilhelm Reich).
" O louco, o amoroso e o poeta estão recheados de imaginação."
Shakespeare

"Mas o vazio tem o valor e a semelhança do pleno. Um meio de obter é não procurar, um meio de ter é o de não pedir e somente acreditar que
o silêncio que eu creio em mim é a resposta a meu -

a meu mistério."

Clarice Lispector

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

"Eu só queria um colo para encostar minha cabeça e fingir que o mundo lá fora não existe."

Clarice Lispector

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

"A verdade mora no silêncio que existe em volta das palavras. Prestar atenção ao que não foi dito, ler as entrelinhas. A atenção flutua, toca as palavras sem ser por elas enfeitiçada. Cuidado com a sedução da clareza! Cuidado com o engano do óbvio!"

Rubem Alves

domingo, 20 de janeiro de 2019

Mal Estar na Civilização

(...) Contra o sofrimento que pode advir dos relacionamentos humanos, a defesa mais imediata é o isolamento voluntário, o manter-se à distância das outras pessoas. A felicidade passível de ser conseguida através desse método é, como vemos, a felicidade da quietude. Contra o temível mundo externo, só podemos defender-nos por algum tipo de afastamento dele, se pretendermos solucionar a tarefa por nós mesmos. Há, é verdade, outro caminho, e melhor: o de tornar-se membro da comunidade humana e, com o auxílio de uma técnica orientada pela ciência, passar para o ataque à natureza e sujeitá-la à vontade humana.
Outra técnica para afastar o sofrimento reside no emprego dos deslocamentos de libido que nosso aparelho mental possibilita e através dos quais sua função ganha tanta flexibilidade. A tarefa aqui consiste em reorientar os objetivos instintivos de maneira que eludam a frustração do mundo externo. Para isso, ela conta com a assistência da sublimação dos instintos. Obtém-se o máximo quando se consegue intensificar suficientemente a produção de prazer a partir das fontes do trabalho psíquico e intelectual. Quando isso acontece, o destino pouco pode fazer contra nós. Uma satisfação desse tipo, como, por exemplo, a alegria do artista em criar, em dar corpo às suas fantasias, ou a do cientista em solucionar problemas ou descobrir verdades, possui uma qualidade especial que, sem dúvida, um dia poderemos caracterizar em termos metapsicológicos .

(...) Evidentemente estou falando da modalidade de vida que faz do amor o centro de tudo, que busca toda satisfação em amar e ser amado. Uma atitude psíquica desse tipo chega de modo bastante natural a todos nós; uma das formas através da qual o amor se manifesta – o amor sexual – nos proporcionou nossa mais intensa experiência de uma transbordante sensação de prazer, fornecendo-nos assim um modelo para nossa busca da felicidade. Há, porventura, algo mais natural do que persistirmos na busca da felicidade do modo como a encontramos pela primeira vez? O lado fraco dessa técnica de viver é de fácil percepção, pois, do contrário, nenhum ser humano pensaria em abandonar esse caminho da felicidade por qualquer outro. É que nunca nos achamos tão indefesos contra o sofrimento como quando amamos, nunca tão desamparadamente infelizes como quando perdemos o nosso objeto amado ou o seu amor. Isso, porém, não liquida com a técnica de viver baseada no valor do amor como um meio de obter felicidade. Há muito mais a ser dito a respeito. [Ver [1]].

Freud, in o Mal Estar Na Civilização (1930[1929]), vol. XXI –(2)

Comp. do FB, pg. Marcel Oliveira


sexta-feira, 18 de janeiro de 2019


“Quero acalmar meu corpo dentro da tua alma”.
Zeca Baleiro
"A Verdadeira coragem é ir atrás de seus sonhos, mesmo quando todos dizem que ele é impossível."

Cora Coralina

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019


Barthes, sempre maravilhoso.

“Encontro pela vida milhões de corpos; desses milhões posso desejar centenas; mas dessas centenas, amo apenas um. O outro pelo qual estou apaixonado me designa e dá a especialidade do meu desejo. Esta escolha, tão rigorosa que só retém o Único, estabelece, por assim dizer, a diferença entre a transferência analítica e a transferência amorosa; uma é universal, a outra é específica. Foram precisos muitos acasos, muitas coincidências surpreendentes (e talvez muita  procura), para que eu encontre a Imagem que, entre mil, convém ao meu desejo. Eis o grande enigma do qual nunca terei a solução: por que desejo esse? Por que o desejo por tanto tempo, languidamente? É ele inteiro que desejo (uma silhueta, uma forma, uma aparência)? Ou apenas uma parte desse corpo? E, nesse caso, o que, nesse corpo amado, tem a tendência de fetiche em mim? Que porção, talvez incrivelmente pequena, que acidente? O corte de uma unha, um dente um pouquinho quebrado obliquamente, uma mecha, uma maneira de fumar afastando os dedos para falar? De todos esses relevos do corpo tenho vontade de dizer que são adoráveis. Adorável quer dizer: este é o meu desejo, tanto que único: “É isso! Exatamente isso (que amo)!” No entanto, quanto mais experimento a especialidade do meu desejo, menos posso nomeá-la; à precisão do alvo corresponde um estremecimento do nome; o próprio do desejo não pode produzir um impróprio do enunciado: deste fracasso da linguagem, só resta um vestígio: a palavra “adorável” (a boa tradução de “adorável” seria ipse latino: é ele, ele mesmo em pessoa).”

Roland Barthes, Fragmentos de um Discurso Amoroso

Outros pensamentos adoráveis de Barthes:

"cada texto é único em sua diferença e cada leitura também é única em sua diferença".


 "A linguagem é uma pele, esfrego minha linguagem no outro. É como se eu tivesse palavras ao invés de dedos, ou dedos na ponta das palavras" e como também no texto acima: "Quanto mais experimento a especialidade do meu desejo menos posso nomeá-la"

.
 "O discurso está cansado de tanto produzir sentido".

Eu, Gildo, suponho que até as simetrias da busca de sentidos da relação com o Outro, são especificidades voláteis, infindáveis, profundas e insondáveis, "non sense", sempre. 
Um véu a ser descortinado.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019