sábado, 30 de dezembro de 2023

 

Quando curiosamente te perguntarem, buscando
saber o que é aquilo,
Não deves afirmar ou negar nada.
Pois o que quer que seja afirmado não é a verdade,
E o que quer que seja negado não é verdadeiro.
Como alguém poderá dizer com certeza o que
Aquilo possa ser
Enquanto por si mesmo não tiver compreendido
plenamente o que É?
E, após tê-lo compreendido, que palavra deve ser
enviada de uma Região
Onde a carruagem da palavra não encontra uma
trilha por onde possa seguir?
Portanto, aos seus questionamentos oferece-lhes
apenas o silêncio,
Silêncio — e um dedo apontando o caminho.
(Verso budista)

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

"Vitória" é um contraste, da "derrota". GF

"Também os vencedores são vencidos pela vitória".

F. Nietzsche


 

Ousar transcender é respirar o oxigênio da coragem...

O “serviço” para a verdade (do sujeito) exige a audácia do aventureiro, muito mais que a progressão prudente do dialético. (Nietzsche).
 
Para que possa vir a verdade do sujeito sob o sujeito da verdade!
(Marcos Castro)

 

Nascer é processo... Morrer é processo...

 

"Morremos lutando para nascer".   Henry Miller

 Somos apenas uma sinapse, uma percepção do instante, dos entornos, dos espelhos, da luz que reflete o brilho, fugaz "ouro de tolo" do pretenso e auto inebriante entendimento contido em cada instante. Um colírio alucinógeno que sucede-se no porvir de cada amanhecer da consciência.

Gildo Fonseca.

domingo, 19 de novembro de 2023

ADORÁVEIS TRANSGRESSÕES DO FUTURO PRESENTE !!!
Transcender implica em permitir que o N ovo contido no Instante seguinte traga um abraço afetuoso demonstrando que podemos Ser, sempre, muito mais que aquilo que percebemos no momento presente. Todo caos é semente de Ordem. Todo vazio "É" útero de infinitas possibilidades a serem cristalizadas pelas vibrações inerentes a Essência da Vida contidas nas reações de nossas percepções. As imagens que compõem esse mosaico de miragens dos espelhos cotidianos são fruto da nossa transcendente e inexorável respiração cósmica que irriga o sangue de nossa alma e gera Movimento produzindo em nós e para nós a sensação de Vida fazendo com que percebamos o Existir através daquilo que, talvez, realmente sejamos, aspirantes de um Devir, apenas "Sinapses de dinâmicas Possibilidades Cósmicas". Fiat Lux !!!
Gildo Fonseca.

domingo, 12 de novembro de 2023

A circunstância dá Vida. 

Gildo Fonseca


A Vida, ávida de Si, habita em circunstâncias, cristaliza-se em situações, em relações, em experiências. Tem mil faces, em cada momento, ao gosto de cada observador. Mascara-se em   imponderáveis devires, a dançar, desafiadoramente, com suas burcas, frente qualquer análise ou tentativa de pueris e pretensos entendimentos.

O partejar perpétuo do novo, multifacetado à olhares sob demanda, caminha, enquadra, estica, aperta, expande, delimita. O Tudo está à mesa, permeado pelos entornos de nossas próprias limitações, frente ao imponderável, ao impossível. Apartes à parte, a parte não é o Todo. Apenas o todo daquela parte. O desjejum é circunscrito ao sabor de cada sensação, ao realizar de tantos desejos, tão transitórios, travestidos de necessidades que, uma vez satisfeitas, relaxam, justificam e anestesiam, até o próximo palpitar desejante, o fluir da própria consciência. O Fluir dá Vida. A Vida dá o Fluir.

Se nunca nos banhamos no mesmo rio como dizia Heráclito, também nunca nos banhamos na mesma percepção, ela nasce e morre ante o instante seguinte onde já mudaram o instante, os olhares, as sensações, nossa evolução, o nível da frequência vibratória do nosso entendimento, do nosso sabor e apetites diante da mesa da vida. O imponderável Devir não é massa cinzenta ou barro a ser esculpido. Tem também Vida própria. Ante nosso esculpimento, com nossa criatividade, esses castelos de areia, demonstram que o desconhecido é infinito ante nossa finita pretensão de definí-Lo. No vazio do Vaso, que se molda em cada contraste, é que a Vida se espelha para Existir. Um Narciso multifacetado servido em limitadas bandejas de acordo com a fome de cada um dos atores alternando-se em coadjuvantes e protagonistas em cada um de nossos entendimentos.

A Vida tem vida própria, flerta conosco, insinuando desejos tal qual uma odalisca a despertar sonhos, lançando cantos de sereia a cada novo instante, nos barcos carontescos de cada situação, onde pagamos o centil da travessia onde flutuamos. Da vida para a morte. Das morte para a vida.

Conscientes de nossa tragédia, só nos resta transformarmos esse alimento em oxigênio, em empuxo para nossa resiliência. O absurdo da falta de sentido só faz sentido em quem é sentido.

Lispector dizia, sobre a esfinge: “vamos ver quem decifra e quem devora quem”. Diante do enigma da esfinge somos ambulantes e transitórias respostas, encorpadas, cristalizadas, em cada necessidade existencial, mesmo que passageira, persistente, envolvente e cativante, pelas cores dos sentimentos usados nas paletas de cada um de nossos passageiros olhares.

Talvez forasteiros, talvez arteiros do berço onde balança nossa imaginação mas, com certeza, somos também artífices dos ópios onde fluem e se mesclam os vapores de nossa própria inconsciência que podem tomar formas de acordo com a presunção de nossa consciência.

Gildo Fonseca.

sábado, 11 de novembro de 2023

en tender...

"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."
 
Texto de Clarice Lispector - A paixão segundo G.H.

domingo, 29 de outubro de 2023

A CULPA DA INOCÊNCIA !!!

A Imponderabilidade desafia toda contingência. A luz, decorrente do áspero atrito entre nossas perspectivas versus tantas nuances sempre novas e desconhecidas, gera o brilho da percepção, palco para momentâneos olhares, um oxigênio sináptico do caminhar da consciência buscando seu substrato em meio a transitoriedades e impermanências.
Valor é calor do amor em meio a dor.
 
A obscuridade de todo instante seguinte, como líquido amniótico dos processos experimentais, contrasta poderosamente toda pretensa certeza, toda a presunção de que conhecemos, com nossas singulares limitações, toda a pluralidade de um infinito imensurável de possibilidades. Como um fantasma de Hamlet, o Incontingente se tornará factível e real na medida que caminhamos no existir, frente às imponderabilidades das roletas do Destino, por maiores que sejam nossas voláteis e passageiras convicções.
 
Resta-nos apenas fluir, navegar por mares às vezes bravios. Sentir, porque todo entendimento será sempre transitório, contingente, em cada piscada do tempo sobre nossas íris, tão encantadas pelo canto das sereias, aquilo que todos chamam de realidade, aquilo que todos chamam de Vida, aquilo que todos chamam “jocosa ou ironicamente” de compreensão.
 
Todo Fausto, em contrastes, se descobre infinito, em veredas de limitantes infaustos.
Tudo contemos e somos, em tudo, também contidos, em todos os sentidos.
Somos todos: Achados e Perdidos, Crentes e Iludidos. Convencedores e convencidos.
 
Gildo Fonseca

sábado, 14 de outubro de 2023

 "Medo é uma reação. Coragem é uma decisão". Winston Churchill

A FINITUDE PROVOCA UM CHOQUE ANAFILÁTICO EM NOSSA PERCEPÇÃO.
 
A onipresença da finitude, a onipotência da transitoriedade e a onisciência de toda impermanência são névoas que emparedam nossa consciência que, desesperadamente aspira o transcendente.
 
Transgredir fragmentos perceptivos para um mergulho na vivência absoluta, na plena totalidade da alma, fora dos limites encantadoramente gozosos de cada instante, em cada espaço e tempo, distante de toda relatividade, é pulsão que garante estarmos “vivos” em percepção, inconformados com quaisquer limites que nos aprisionam em pedaços da nossa própria totalidade.
 
Ser ou Não Ser, eis sempre a questão. Se aceitarmos cada sensação como sendo a plenitude do absoluto para nossa vivência naquele instante estaremos limitando, fragmentando aquilo que talvez realmente sejamos, embora não possamos ter plena certeza disso. 
 
Por outro lado se aceitarmos cada instante como sendo apenas a intensa face de uma aparente realidade, um endeusamento de cada relatividade, tão absolutamente arrogante, estaremos também sufocados pela consciente prisão do Todo que somos na Parte que estejamos vivenciando.
 
Somos Tudo, Somos Parte, Somos Fluxo. Ser é um estado, sempre transcendente em cada percepção. Estar, em cada condição, em cada olhar, em cada entendimento é apenas um passo na busca do que há de vir no espaço infinito de nossa consciência, no momento seguinte, tão indelevelmente ofuscada por tantos véus a serem sucessivamente descortinados, com relativa resiliência, pelo sentir pleno de nossas almas, vagando por mundos de tantas alternâncias, buscando a Essência, a Semente, a Luz que sempre, inexoravelmente, nos instiga a seguirmos em frente em busca de nós mesmos nas águas profundas de nossos infinitos interiores. 
 
Todas as respostas, pretensas verdades, estão além de quaisquer coisas que possamos, por ora, supor acreditar. O Futuro a Ele pertence.
 
Gildo Fonseca.

quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Amar o entorno pressupõe pretensa racionalidade e embriagadora lucidez. Gildo Fonseca.




"É preciso ter asas, quando se ama o abismo".
Nietzsche

"Não basta morrer para conhecer o sorriso de Deus – mesmo que, como foi o meu caso, se tenha vivido abismada nele uma vida inteira. Quando o pior acontecia, aquele sorriso descia às minhas trevas com um soluço de baloiço, um gingar de gonzos arrancado às cordas da infância. Eu sentava-me nele e subia, balouçando, até à luz." Fragmento de Inês Pedrosa em "Fazes-Me Falta".

quinta-feira, 5 de outubro de 2023

A inexorabilidade da consciência, do existir, de nossas limitações...

Somos, todos e cada um de nós, o palco e a plateia. Protagonistas e coadjuvantes. Somos a multiplicidade mas somos também a singularidade. Descansa o olhar da nossa percepção no plano onde pulsa a vida para que a reconheçamos, em todos os seus contrastes, faces, contornos e circunstâncias.
A aspiração, rumo ao instante seguinte, alenta com substância de esperança, as bússolas de todas as nossas caminhadas.
A Plenitude se faz presente nos interstícios das relações entre coisas, pessoas e fatos e constrói, nos torvelinhos da consciência, a ponte para o nosso reencontro com nossa alma perdida, sob os rios tumultuosos de nossas próprias sombras.
O caminhar da alma é inexorável pois transcende triviais e superficiais circunstâncias com seus alentos e desalentos. Somos o próprio Fluxo. A Liberdade em Ação. Somos todos Luzes brilhantes de uma grande sinapse cósmica.
Gildo Fonseca.

 


 

PAIXÃO, A "LUCIDEZ" EMBRIAGADORA DÁ VIDA !!!
 
Um turbilhão de paixões acontece dentro da alma quando ela passa por eventos, esse oceano que oxigeniza a percepção. O "coração" bate mais forte quando ela "pensa", pretensamente, que pode ancorar em portos seguros de singulares passagens, paisagens e momentos. Suponho que essa embriaguez alucinante possa, paradoxalmente, dar consistência dinâmica e momentânea a voláteis certezas que fluem, brilham e em seguida se dissipam em fugidias, cambaleantes e outras novas e pueris impermanências. A "tábula rasa" da consciência é reescrita, quixotescamente em cada paixão, em cada dia, em cada instante. Brindemos ao sagrado hospício da vida, onde cada um pode exercitar seu papel de procusto ambulante com os serrotes de suas próprias loucuras. Brindemos a Luz, gerada dos contrastes que se refletem, doce e coloridamente, ou até mesmo fantasmagoricamente, mas que inebriam essa viagem, talvez pura imagem, através da coragem, do Crer, para Subsistir. Tim Tim. Gildo Fonseca.

Lispector, direto na jugular da alma...

Isto não é um lamento, é um grito de ave de rapina. Irisada e intranqüila. O beijo no rosto morto.
Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida. Viver é uma espécie de loucura que a morte faz. Vivam os mortos porque neles vivemos.
De repente as coisas não precisam mais fazer sen­tido. Satisfaço-me em ser. Tu és? Tenho certeza que sim. O não sentido das coisas me faz ter um sorriso de complacência. De certo tudo deve estar sendo o que é.

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

“A minha vida, a mais verdadeira, é irreconhecível, extremamente interior e não tem uma só palavra que a signifique.”
 
Clarice Lispector, no livro 'A Hora da Estrela'.

terça-feira, 26 de setembro de 2023

Falcão, um coração de ouro, uma admiração por toda a eternidade...

POR TODA ETERNIDADE
Porto Alegre, 1983 -







O Hotel Majestic colocou Mário Quintana no olho da rua.
A miséria havia chegado absoluta ao universo do poeta.
Mário não se casou e não tinha filhos.
Estava só, falido, desesperançoso e sem ter para onde ir.
O porteiro do hotel, jogou na calçada um agasalho de Mário, que tinha ficado no quarto, e disse com frieza: - Toma, velho!
Derrotado, recitou ao porteiro: - A poesia não se entrega a quem a define.
Mário estava só.
Absolutamente só.
Onde estavam os passarinhos?
A sarjeta aguardava o ancião. Alguém como Mário Quintana jogado à própria sorte!
Paulo Roberto Falcão, que jogava na Roma, à época, estava de férias em sua cidade natal e soube do acontecido.
Imediatamente se dirigiu ao hotel e observou aquela cena absurda. Triste, Mário chorava.
O craque estacionou seu carro, caminhou até o poeta e indagou: - Sr. Quintana, o que está acontecendo?
Mário ergueu os olhos e enxugou as lágrimas - daquelas que insistem em povoar os olhos dos poetas - e, reconhecendo o craque, lhe disse: - Quisera não fossem lágrimas, quisera eu não fosse um poeta, quisera ouvisse os conselhos de minha mãe e fosse engenheiro, médico, professor. Ninguém vive de comer poesia.
Mário explicou a Falcão que todo seu dinheiro acabara, que tudo o que possuía não era suficiente para pagar sequer uma diária do hotel.
Seus bens se resumiam apenas às malas depositadas na calçada.
De súbito, Falcão colocou a bagagem em seu carro, no mais completo silêncio.
E, em silencio, abriu a porta para Mario e o convidou a sentar-se no banco do carona.
Manobrou e estacionou na garagem de um outro hotel, o pomposo Royal.
Desceu as malas.
Chamou o gerente e lhe disse: - O Sr. Quintana agora é meu hóspede!
Por quanto tempo, Sr. Falcão? - indagou o funcionário.
O jogador observou o olhar tímido e surpreso do poeta e, enquanto o abraçava, comovido, respondeu: - POR TODA ETERNIDADE.
O Hotel Royal pertencia ao jogador! O poeta faleceu em 1994.

Por isso sou fã desse ex jogador!! POR TODA ETERNIDADE✔️


 


 

segunda-feira, 25 de setembro de 2023

"Liberdade é ter a autonomia de escolher quais sentimentos devem me habitar."  Erick Tozzo

domingo, 24 de setembro de 2023

"Toda sombra também tem o seu dizer, sua "palavra" incipiente. Cada Palavra é uma Luz, paradoxalmente sombreada, prismada e multifacetada pelos espelhos de seus próprios heterônimos, possibilidades e contradições. Somos todos Sombras da Luz, reluzindo pela fricção dialética entre nossas contrapartes, cristalizando Identidades conscienciais intersectivas, criando Experiências, Caminhos e Realidades que vão sendo absorvidos pelos Buracos Negros da sempre transcendente, fugidia e dinâmica Lucidez, rumo a outras dimensões perceptivas de nós mesmos. Gildo Fonseca.

O escuro da(á) noite espera que reflexões iluminem nossas percepções do que pode ser visível, para corpo, para a alma, para a razão, para o coração. 

Gildo Fonseca.

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Todo amanhecer é impetuoso, desafi a dor e nos "cobra" a Liberdade !!!

Gildo Fonseca

 

“O inconsciente de um ser humano pode reagir ao de outro sem passar pelo consciente.”

Sigmund Freud
 

terça-feira, 19 de setembro de 2023

VOLATILIDADES, IMPERMANÊNCIAS, MEDIDAS E PRETENSÕES.

O SABOR DE SABER DÁ SABER ?
O Existir, esse inexorável movimento libertário, transgressor, perceptivo, embriaga-se em um cálice com pluralidade líquida, de doce ou amargo sabor a depender do "valor" dado a cada singular, pretensioso, fugaz, volátil e vaporoso "saber".

Gildo Fonseca.

"Erótica é a alma que aceita suas dores, atravessa seu deserto e ama sem pudores." Adelia Prado

sábado, 16 de setembro de 2023

sexta-feira, 8 de setembro de 2023

Olhares espiralados...

"Eu me pergunto: se eu olhar a escuridão com uma lente, verei mais que a escuridão? A lente não devassa a escuridão, apenas a revela ainda mais. E se eu olhar a claridade com uma lente, com um choque verei apenas a claridade maior. Enxerguei mas estou tão cega quanto antes porque enxerguei um triângulo incompreensível. A menos que eu também me transforme no triângulo que reconhecerá no incompreensível triângulo a minha própria fonte e repetição.

(LISPECTOR, A PAIXÃO SEGUNDO GH, 1998, p. 22)

sábado, 2 de setembro de 2023

Quando penso no que já vivi me parece que fui deixando meus corpos pelos caminhos.  Clarice Lispector

Até onde conseguimos discernir, o único propósito da existência humana é acender uma luz na escuridão da mera existência.
 
Carl Jung

 

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Supor achar...

"Você terá o direito de se achar quando, e se, presunçosamente souber onde se acha." Gildo Fonseca.

segunda-feira, 21 de agosto de 2023

 A verdadeira afeição na longa ausência se prova. Camões.

Naquilo que um Espírito se contenta mede-se o tamanho de sua perda. Hegel.

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Vamos pular as cercas de todos os entornos e enlaces culturais...

 

 

 

Não existem prisões para Almas fortes.....

A única prisão é a Consciência da inexorável Liberdade.

"Condenados à Liberdade", como dizia Sartre. 

Superar essa angústia, essa náusea das paredes, dos limites, impõe descortinar, gradativa e resilientemente, nossos horizontes interiores, onde estamos todos contidos, pulverizados em sonhos, esperanças e desejos. 

Gildo Fonseca.


Borges, ceticista pirrônico ? rs.

"Na verdade a realidade não existe, e na verdade a verdade também não".   Jorge Luis Borges

Tudo o que é áspero dissolve-se no caminhar de seus próprios conflitos. 

Gildo Fonseca

"A argila não vem ao caso é o vazio que faz o vaso."

Lao Tsé

quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Parabéns a todos os filósofos que bebem do Fluir Infinito, no cálice da cada Finitude e, entre náuseas e êxtases, cristalizam a Vida, em sinapses de Percepção, iluminando o palco do Existir, onde a Consciência se desnuda em doce embriaguez. Gildo Fonseca.

DESEJO QUE TODOS TENHAM UM FELIZ DIA DO FILÓSOFO !!!!

"A angústia pode se comparar com uma vertigem. Aquele, cujos olhos se debruçam a mirar uma profundeza escancarada, sente tontura. Mas qual é a razão? Está tanto no olho, quanto no abismo. Não tivesse ele encarado a fundura!... Deste modo, a angústia é a vertigem da liberdade, que surge quando o espírito quer estabelecer a síntese, e a liberdade olha para baixo, para sua própria possibilidade, e então agarra a finitude para nela tentar se firmar". (KIERKEGAARD).

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Comp. O Divã - Psicanálise
 

Necessidade de uma lúcida embriaguez...

 

"Para quem sofre, é uma alegria inebriante desviar o olhar de seu sofrimento e esquecer de si mesmo."   Friedrich Nietzsche

Comp. de O Divâ - Psicanálise
 

Compartilhado do FB, pg. O Divã - Psicanálise
 

quinta-feira, 10 de agosto de 2023

"O que é o céu senão um suborno e o inferno senão uma ameaça?" 

Jorge L. Borges

quarta-feira, 9 de agosto de 2023

"Toda linha reta é o círculo de um arco infinito".

Jorge Luiz Borges.

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

sábado, 5 de agosto de 2023

 Achei que era indeciso - agora, só não tenho certeza...

Escravos de convicções, de entornos, da pretensão de saber, de qualificar e quantificar qualquer coisa...

 
"Pobres mortais. Até quando vocês irão acreditar na fábula de que são livres? Vós sois escravos. Uns da beleza, outros do conhecimento. Uns dos ídolos de barro, outros da falta de um ídolo. Uns da mentira, outros daquilo que chamam de verdade. Digam-me suas ideias e eu mostrarei quem é o seu senhor". 
 
Nietzsche.
 
 
Compartilhado de O Martelo de Nietzsche

quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Testar limites é exercício do crescimento, sístole e diástole da consciência, transcendendo enevoados procustos de nossa percepção. A luz pulsa na proporção inversa dos anteparos de nossas sombras, de nossos copos vazios, sempre sendo preenchidos pelos licores do doce néctar do canto de tantas sereias. Embriague-me ó Vida. Faz escuro, mas eu canto. Faz escuro, mas eu cresço. 

Gildo Fonseca.

domingo, 30 de julho de 2023

Texto maravilhoso de Hélio Pellegrino

 Carta a uma jovem poeta (por Hélio Pellegrino)

 "O homem é um deus quando sonha e um mendigo quando pensa" Hölderlin
 
No princípio é o sonho. E, depois dele - mas implicando-o, necessariamente -, é o contato, o contraste e o confronto com a estranheza das coisas. O movimento humano se faz da fantasia para a concretude do mundo. Temos que perder o macio inimaginável do sonho, sua diáfana gentileza de pés de lã, para ancorar no concreto. Temos de saltar de paraquedas, na direção da realidade. Torna-se indispensável, nesta hora, um aparelho minimamente capaz de amortecer o choque contra a terra: tranco fundador. É, porém, ilusório supor que tal passagem possa processar-se sem ruptura - e sem vertigem. Machado de Assis, do alto de sua ironia, garante que é melhor cair das nuvens do que de um terceiro andar. Não estou seguro de que este aforisma possa adequar-se, com propriedade, ao tema que examinamos. Os sonhos não são nuvens, mas a primeira pátria do homem. Cair deles é - literalmente - perder o paraíso, vicissitude com certeza mais dolorosa do que partir uma perna, após a queda de um terceiro pavimento.
O poeta, o ficcionista dão o salto o sonho para o signo compartilhado. Existe, fora de dúvida, um sofrimento na agonia da criação artística, na medida em que ela é um parto - e um nascimento. Pulamos do avião, abandonando o grande bojo narcísico pela aventura de recortar em palavras, imagens e metáforas aquilo que é nosso mistério original. Não obstante, na dor universal desse processo de objetivação, por cujo intermédio o ser humano se eventra, para conhecer-se, o artista fica com a melhor parte. Ele consegue construir um sonho - ou um voo - dirigido, cujo destino se consuma na obra de arte. O artista conquista e preserva, portanto, sua condição de fazendeiro do ar, permanecendo no território da semiótica - lugar onde o humano se embriaga da insustentável leveza do ser.
As coisas, contudo, se tornam mais torturadas - e tortuosas - quando se trabalha a própria matéria da vida, na tentativa de fazer dela um sonho dirigido. O concreto, fora de nós, é transcendente e, por isto mesmo, terrível. Para segurá-lo - e domá-lo - é preciso abrir a guarda ou, mais precisamente, a brecha por onde a morte entra. O real é o myterium tremendum, brasa viva que nos queima as mãos. O artista, com seu uniforme de amianto, converte as grandes queimadas da montanha em florestas de símbolos que ardem. As palavras promovem, com eficácia, a encantação do mundo. Elas nos ajudam a elucidar o real na medida em que, por afastar-nos dele, nos permite conhecê-lo. A linguagem, em última instância, tece os fios da pertinência ao cosmo. Ela é mediação, acolchoado de presenças ausentes, gentileza do Logos que nos poupa ao grande espanto. Já os místicos, desmesurados essenciais, se aplicam com indômita paixão à tarefa de encarar, no olho, a radiância do real. Eles invocam e convocam, na solidão da noite, o vazio - abolição da linguagem -, para albergar, no centro do vórtice espantoso, a presença inimaginavelmente esplêndida do real - diadema do poder de Deus.
O artista, na sua aventura criadora, não chega a tanto. Ele é mais modesto, enfrenta - sim - o real, mas simbolizado, mediado pelo signo. In hoc signo vinces: com este signo vencerás. O artista se encomenda aos poderes da linguagem, que aponta para o real, ao mesmo tempo que o oculta. O real é o impossível - diz Lacan numa estocada de mestre. Ele é silêncio, êxtase impronunciável, fornalha ardente da paixão de Deus, aterradora e esmagadora. O artista, espécie de santo de segunda mão, fica rasante à carnadura do real, aflorando-o sem deflorá-lo, A partir da proximidade ao coração selvagem da vida, transportado de amoroso espanto, ergue voo, através da linguagem, no sentido de anunciar, comemorar - e elucidar - a suprema dignidade do real.
O artista, pela palavra, dá notícia da realidade, fala de sua presença, representa-a e, com isto, empalidece - ou amortece - sua desocultação. O místico, ao contrário, pela brecha escancarada e vazia de sua liberdade, abre lugar ao relâmpago do ser, não corroído pela função simbolizadora da linguagem. A palavra é sempre, por um lado, defesa contra o real, defesa legítica - ou legítma defesa. Ela nos permite contemplar as explosões nucleares do Sol, mas com óculos escuros. Quem quiser não usá-los, nesta emergência, corre o risco de ficar cego. Foi, aliás, o que aconteceu a São Paulo, no caminho de Damasco. Ele ficou siderado e fulgurado pela luz da revelação do Real e, perdendo a visão, caiu - literalmente - do cavalo.
Lacan, sucessor da grandeza de Freud, desbravou tais questões com inigualável densidade. Ele nos mostra que, através da função simbolizadora, somos salvos da psicose - e da possibilidade do desastre psíquico. Nos casos de neurose, por exemplo, existe um relacionamento, no inconsciente, de conteúdos mentais já simbolizados ou representados. O neurótico embora possa assustar-se e, até mesmo, aterrorizar-se com seus sonhos, tem sempre o recurso de acordar deles abrindo os olhos, seja literalmente, seja de maneira metafórica, através de sua elucidação interpretativa. Os sonhos são sempre estruturados como linguagem. Eles representam o desejo inconsciente e, na pior das hipóteses, vão surgir à consciência como sintomas.
No caso das psicoses, o problema é estruturalmente diverso. O psicótico tem áreas de sua experiência psíquica que ele não simbolizou, nem recalcou, mas foracluiu, segundo a terminologia lacaniana. O recalque implica uma prévia atividade simbolizadora. Quando esta não existe, o material rejeitado aparece à consciência sob a forma real - não simbólica. A psicose, portanto, é uma impossibilidade de sonhar. Quem canta, seus males espanta - diz o velho brocardo. O sonho é, a seu modo, uma espécie de canção tecida de imagens, que nos salva do excesso de realidade. O psicótico, sem poder onírico, é soterrado por esse excesso e, sob seus escombros, carece de canto, sucumbe ao peso dos próprios males.
O artista - mestre no sonhar e no dizer - escapa esse duro infortúnio. Ele sonha e diz o seu sonho e, nesta medida, ao conferir-lhe o cânon apolíneo da beleza domada, conquista-o, sublima-o, resolve-o. O artista sonha de novo o seu sonho, quando o exprime, e, assim, consegue transformá-lo em canto geral. A arte é sonho dirigido, ofertado à comunhão dos homens, na medida em que paga imposto da palavra para ingressar no circuito do intercâmbio social. O artista, ao modelar o seu sonho, socializa-o, insere-o no mundo, rompe sua abastança autárquica - e narcísica. Arte é sonho compartilhado, comunicado, dialógico. Não resta dúvida , porém, que o artista, ao transpor seu sonho para a linguagem de todos, sofre aí o doloroso impacto da constrição a que o sujeita a ordem do simbólico. As palavras - e, de resto, quaisquer símbolos - são um código e uma álgebra. Elas operam a partir das leis do discurso, através de signos que se põem no lugar das coisas, sem presença delas. Toda arte, portanto, é tingida de ausência, e fala sempre de uma pátria perdida. Toda arte é exílio: canção do exílio. Os poetas - Gonçalves Dias, Baudelaire, Manuel Bandeira - não me deixam mentir.