domingo, 29 de outubro de 2023

A CULPA DA INOCÊNCIA !!!

A Imponderabilidade desafia toda contingência. A luz, decorrente do áspero atrito entre nossas perspectivas versus tantas nuances sempre novas e desconhecidas, gera o brilho da percepção, palco para momentâneos olhares, um oxigênio sináptico do caminhar da consciência buscando seu substrato em meio a transitoriedades e impermanências.
Valor é calor do amor em meio a dor.
 
A obscuridade de todo instante seguinte, como líquido amniótico dos processos experimentais, contrasta poderosamente toda pretensa certeza, toda a presunção de que conhecemos, com nossas singulares limitações, toda a pluralidade de um infinito imensurável de possibilidades. Como um fantasma de Hamlet, o Incontingente se tornará factível e real na medida que caminhamos no existir, frente às imponderabilidades das roletas do Destino, por maiores que sejam nossas voláteis e passageiras convicções.
 
Resta-nos apenas fluir, navegar por mares às vezes bravios. Sentir, porque todo entendimento será sempre transitório, contingente, em cada piscada do tempo sobre nossas íris, tão encantadas pelo canto das sereias, aquilo que todos chamam de realidade, aquilo que todos chamam de Vida, aquilo que todos chamam “jocosa ou ironicamente” de compreensão.
 
Todo Fausto, em contrastes, se descobre infinito, em veredas de limitantes infaustos.
Tudo contemos e somos, em tudo, também contidos, em todos os sentidos.
Somos todos: Achados e Perdidos, Crentes e Iludidos. Convencedores e convencidos.
 
Gildo Fonseca

sábado, 14 de outubro de 2023

 "Medo é uma reação. Coragem é uma decisão". Winston Churchill

A FINITUDE PROVOCA UM CHOQUE ANAFILÁTICO EM NOSSA PERCEPÇÃO.
 
A onipresença da finitude, a onipotência da transitoriedade e a onisciência de toda impermanência são névoas que emparedam nossa consciência que, desesperadamente aspira o transcendente.
 
Transgredir fragmentos perceptivos para um mergulho na vivência absoluta, na plena totalidade da alma, fora dos limites encantadoramente gozosos de cada instante, em cada espaço e tempo, distante de toda relatividade, é pulsão que garante estarmos “vivos” em percepção, inconformados com quaisquer limites que nos aprisionam em pedaços da nossa própria totalidade.
 
Ser ou Não Ser, eis sempre a questão. Se aceitarmos cada sensação como sendo a plenitude do absoluto para nossa vivência naquele instante estaremos limitando, fragmentando aquilo que talvez realmente sejamos, embora não possamos ter plena certeza disso. 
 
Por outro lado se aceitarmos cada instante como sendo apenas a intensa face de uma aparente realidade, um endeusamento de cada relatividade, tão absolutamente arrogante, estaremos também sufocados pela consciente prisão do Todo que somos na Parte que estejamos vivenciando.
 
Somos Tudo, Somos Parte, Somos Fluxo. Ser é um estado, sempre transcendente em cada percepção. Estar, em cada condição, em cada olhar, em cada entendimento é apenas um passo na busca do que há de vir no espaço infinito de nossa consciência, no momento seguinte, tão indelevelmente ofuscada por tantos véus a serem sucessivamente descortinados, com relativa resiliência, pelo sentir pleno de nossas almas, vagando por mundos de tantas alternâncias, buscando a Essência, a Semente, a Luz que sempre, inexoravelmente, nos instiga a seguirmos em frente em busca de nós mesmos nas águas profundas de nossos infinitos interiores. 
 
Todas as respostas, pretensas verdades, estão além de quaisquer coisas que possamos, por ora, supor acreditar. O Futuro a Ele pertence.
 
Gildo Fonseca.

quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Amar o entorno pressupõe pretensa racionalidade e embriagadora lucidez. Gildo Fonseca.




"É preciso ter asas, quando se ama o abismo".
Nietzsche

"Não basta morrer para conhecer o sorriso de Deus – mesmo que, como foi o meu caso, se tenha vivido abismada nele uma vida inteira. Quando o pior acontecia, aquele sorriso descia às minhas trevas com um soluço de baloiço, um gingar de gonzos arrancado às cordas da infância. Eu sentava-me nele e subia, balouçando, até à luz." Fragmento de Inês Pedrosa em "Fazes-Me Falta".

quinta-feira, 5 de outubro de 2023

A inexorabilidade da consciência, do existir, de nossas limitações...

Somos, todos e cada um de nós, o palco e a plateia. Protagonistas e coadjuvantes. Somos a multiplicidade mas somos também a singularidade. Descansa o olhar da nossa percepção no plano onde pulsa a vida para que a reconheçamos, em todos os seus contrastes, faces, contornos e circunstâncias.
A aspiração, rumo ao instante seguinte, alenta com substância de esperança, as bússolas de todas as nossas caminhadas.
A Plenitude se faz presente nos interstícios das relações entre coisas, pessoas e fatos e constrói, nos torvelinhos da consciência, a ponte para o nosso reencontro com nossa alma perdida, sob os rios tumultuosos de nossas próprias sombras.
O caminhar da alma é inexorável pois transcende triviais e superficiais circunstâncias com seus alentos e desalentos. Somos o próprio Fluxo. A Liberdade em Ação. Somos todos Luzes brilhantes de uma grande sinapse cósmica.
Gildo Fonseca.

 


 

PAIXÃO, A "LUCIDEZ" EMBRIAGADORA DÁ VIDA !!!
 
Um turbilhão de paixões acontece dentro da alma quando ela passa por eventos, esse oceano que oxigeniza a percepção. O "coração" bate mais forte quando ela "pensa", pretensamente, que pode ancorar em portos seguros de singulares passagens, paisagens e momentos. Suponho que essa embriaguez alucinante possa, paradoxalmente, dar consistência dinâmica e momentânea a voláteis certezas que fluem, brilham e em seguida se dissipam em fugidias, cambaleantes e outras novas e pueris impermanências. A "tábula rasa" da consciência é reescrita, quixotescamente em cada paixão, em cada dia, em cada instante. Brindemos ao sagrado hospício da vida, onde cada um pode exercitar seu papel de procusto ambulante com os serrotes de suas próprias loucuras. Brindemos a Luz, gerada dos contrastes que se refletem, doce e coloridamente, ou até mesmo fantasmagoricamente, mas que inebriam essa viagem, talvez pura imagem, através da coragem, do Crer, para Subsistir. Tim Tim. Gildo Fonseca.

Lispector, direto na jugular da alma...

Isto não é um lamento, é um grito de ave de rapina. Irisada e intranqüila. O beijo no rosto morto.
Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida. Viver é uma espécie de loucura que a morte faz. Vivam os mortos porque neles vivemos.
De repente as coisas não precisam mais fazer sen­tido. Satisfaço-me em ser. Tu és? Tenho certeza que sim. O não sentido das coisas me faz ter um sorriso de complacência. De certo tudo deve estar sendo o que é.