sábado, 10 de dezembro de 2022

Nunca seremos inteiros enquanto conscientes de nossas limitações e inconscientes de nossas possibilidades. Todo devir é amplitude de nossa inteireza possível, mas, concomitantemente, o grito consciente de nossas limitações, nosso tamanho e da semente oculta, contida em todos nós, de todos os impossíveis.

Metades inteiras em intensidades e inteiras metades que se projetam para criar os palcos de nossos sonhos.
 
Do equilíbrio lúcido e dinâmico entre possíveis e impossíveis, metades e inteiros, "Eu" e o "Outro" vamos tirando o véu de nós mesmos e descobrimento os enredos da própria Criação.
 
Gildo Fonseca.

"Levanta corpo, que o espírito quer ir em frente..." Caio Fernando Abreu

“Por te falar eu te assustarei e te perderei? Mas se eu não falar eu me perderei, e por me perder eu te perderia...

“Se eu falar eu te perderei?”. Lispector em "Paixão segundo G.H.".

"As palavras amortalham os sentimentos que elas próprias partejam. O dizer modifica o sentir".

Benedito Nunes em "A paixão da existência e da Linguagem'.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Voar, voar, subir, subir...

Os procustos culturais, as convenções, a lógica binária do pensar, do sentir, desafiam as percepções da alma em seu fluir por imagens, circunstâncias e julgamentos. A transgressão de nossos entornos, interiores e exteriores, através de mergulhos nos permanentes oceanos,  ocultos por trás de todas as circunstâncias e sensações, a superação de nossos limites, tantas vezes auto impostos por tantos equívocos e pretensas compreensões, gestados em tantos condicionamentos, é condição “sine qua non” para caminharmos em direção ao reencontro com nosso Eu Original, perdido e desafiado em tantas miragens, cantos de sereia, tantos Carontes contidos nas travessias de vida e morte subjacentes em cada experiência. Levantarmos o véu obnubilado de nossas consciências é desafio perene. Que as Forças, em permanente gestação no útero dos recônditos de nossas inquirições, pulsem, intensamente, gerando sinapses de lucidez, permitindo que possamos encontrar a Verdade, as Respostas que estão sempre à nossa espreita, em todo Vir a Ser, em toda Vida que, a cada amanhecer, nos espera e nos desafia, provocando assim nosso inexorável Crescimento.

Gildo Fonseca.


 

domingo, 4 de dezembro de 2022

Que saudades...

“O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesmo compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que se não sente bem onde está, que tem saudades... sei lá de quê!”   ―  Florbela Espanca

Cronos corta as asas do Cupido,
(1694),
obra de Pierre Mignard. ⠀
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“A paixão sempre é vencida pelo Tempo”
 
Como toda boa obra de arte, dificilmente o quadro em questão possuirá um significado único, uma verdade cabal que não se possa pôr em debate. O pitaco que darei a seguir, portanto, não tem a menor pretensão de se colocar como unívoco, mas apenas de propor uma possibilidade de leitura.
 
A primeira coisa a se destacar é que o pintor optou por representar Eros (ou cupido) como criança, em vez de pintá-lo nas formas adolescente ou adulta. Sendo esse o deus do amor romântico (ou erótico, se preferir) tal decisão já impõe a priori determinado olhar: o amor como algo jovial, pueril, delicado e não plenamente racional.
 
Cronos, por outro lado, é o titã ligado ao tempo, posto na tela como um homem de meia-idade. O fato de estar picotando as asas da criança transmite a mensagem mais facilmente detectável: o tempo afeta o amor e o desejo, domando-os e, às vezes, impedindo-os de se realizarem de forma plena.
 
Por que digo que o tempo está impedindo o amor de agir em plenitude? Ora, quando se quer que uma ave não voe, é costume de alguns criadores cortarem partes de suas asas, o que acaba por prendê-las ao chão. Tal perspectiva se reforça ao observarmos que o titã também possui asas e que elas estão em perfeito estado. Ou seja, o tempo permanece a voar livremente, enquanto o amor romântico tem tal habilidade cerceada.

Texto: Natãnael Alves - Via A História Esquecida 
 
Comp. de Psiquê - Alma e Conhecimento - Kátia de Souza

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Tudo tem preço mas apenas algumas coisas, pessoas e fatos tem Valor.

Gildo Fonseca.