terça-feira, 31 de julho de 2018

Nietzsche, cruel...

Pobres mortais. Até quando vocês irão acreditar na fábula de que são livres? Vós sois escravos. Uns da beleza, outros do conhecimento. Uns dos ídolos de barro, outros da falta de um ídolo. Uns da mentira, outros daquilo que chamam de verdade. Digam-me suas ideias e eu mostrarei quem é o seu senhor!

segunda-feira, 30 de julho de 2018

Carta a uma jovem poeta (por Hélio Pellegrino)
"O homem é um deus quando sonha e um mendigo quando pensa" Hölderlin
No princípio é o sonho. E, depois dele - mas implicando-o, necessariamente -, é o contato, o contraste e o confronto com a estranheza das coisas. O movimento humano se faz da fantasia para a concretude do mundo. Temos que perder o macio inimaginável do sonho, sua diáfana gentileza de pés de lã, para ancorar no concreto. Temos de saltar de pára-quedas, na direção da realidade. Torna-se indispensável, nesta hora, um aparelho minimamente capaz de amortecer o choque contra a terra: tranco fundador. É, porém, ilusório supor que tal passagem possa processar-se sem ruptura - e sem vertigem. Machado de Assis, do alto de sua ironia, garante que é melhor cair das nuvens do que de um terceiro andar. Não estou seguro de que este aforisma possa adequar-se, com propriedade, ao tema que examinamos. Os sonhos não são nuvens, mas a primeira pátria do homem. Cair deles é - literalmente - perder o paraíso, vicissitude com certeza mais dolorosa do que partir uma perna, após a queda de um terceiro pavimento.

O poeta, o ficcionista dão o salto o sonho para o signo compartilhado. Existe, fora de dúvida, um sofrimento na agonia da criação artística, na medida em que ela é um parto - e um nascimento. Pulamos do avião, abandonando o grande bojo narcísico pela aventura de recortar em palavras, imagens e metáforas aquilo que é nosso mistério original. Não obstante, na dor universar desse processo de objetivação, por cujo intermédio o ser humano se eventra, para conhecer-se, o artista fica com a melhor parte. Ele consegue construir um sonho - ou um vôo - dirigido, cujo destino se consuma na obra de arte. O artista conquista e preserva, portanto, sua condição de fazendeiro do ar, permanecendo no território da semiótica - lugar onde o humano se embriaga da insustentável leveza do ser.
As coisas, contudo, se tornam mais torturadas - e tortuosas - quando se trabalha a própria matéria da vida, na tentativa de fazer dela um sonho dirigido. O concreto, fora de nós, é transcendente e, por isto mesmo, terrível. Para segurá-lo - e domá-lo - é preciso abrir a guarda ou, mais precisamente, a brecha por onde a morte entra. O real é o myterium tremendum, brasa viva que nos queima as mãos. O artista, com seu uniforme de amianto, converte as grandes queimadas da montanha em florestas de simbolos que ardem. As palavras promovem, com eficácia, a encantação do mundo. Elas nos ajudam a elucidar o real na medida em que, por afastar-nos dele, nos permite conhecê-lo. A linguagem, em última instância, tece os fios da pertinência ao cosmo. Ela é mediação, acolchoado de presenças ausentes, gentileza do Logos que nos poupa ao grande espanto. Já os místicos, desmesurados essenciais, se aplicam com indormida paixão à tarefa de encarar, no olho, a radiância do real. Eles invocam e convocam, na solidão da noite, o vazio - abolição da linguagem -, para albergar, no centro do vórtice espantoso, a presença inimaginavelmente esplêndida do real - diadema do poder de Deus.
O artista, na sua aventura criadora, não chega a tanto. Ele é mais modesto, enfrenta - sim - o real, mas simbolizado, mediado pelo signo. In hoc signo vinces: com este signo vencerás. O artista se encomenda aos poderes da linguagem, que aponta para o real, ao mesmo tempo que o oculta. O real é o impossível - diz Lacan numa estocada de mestre. Ele é silêncio, êxtase impronunciável, fornalha ardente da paixão de Deus, aterradora e esmagadora. O artista, espécie de santo de segunda mão, fica rasante à carnadura do real, aflorando-o sem deflorá-lo, A partir da proximididade ao coração selvagem da vida, transportado de amoroso espanto, ergue vôo, através da linguagem, no sentido de anunciar, comemorar - e elucidar - a suprema dignidade do real.
O artista, pela palavra, dá notícia da realidade, fala de sua presença, representa-a e, com isto, empalidece - ou amortece - sua desocultação. O místico, ao contrário, pela brecha escancarada e vazia de sua liberdade, abre lugar ao relâmpago do ser, não corroído pela função simbolizadora da linguagem. A palavra é sempre, por um lado, defesa contra o real, defesa legítica - ou legítma defesa. Ela nos permite contemplar as explosões nucleares do Sol, mas com óculos escuros. Quem quiser não usá-los, nesta emergência, corre o risco de ficar cego. Foi, aliás, o que aconteceu a São Paulo, no caminho de Damasco. Ele ficou siderado e fulgurado pela luz da revelação do Real e, perdendo a visão, caiu - literalmente - do cavalo.
Lacan, sucessor da grandeza de Freud, desbravou tais questões com inigualável densidade. Ele nos mostra que, através da função simbolizadora, somos salvos da psicose - e da possibilidade do desastre psíquico. Nos casos de neurose, por exemplo, existe um relacionamento, no inconsciente, de conteúdos mentais já simbolizados ou representados. O neurótico embora possa assustar-se e, até mesmo, aterrorizar-se com seus sonhos, tem sempre o recurso de acordar deles abrindo os olhos, seja literalmente, seja de maneira metafórica, através de sua elucidação interpretativa. Os sonhos são sempre estruturados como linguagem. Eles representam o desejo inconsciente e, na pior das hipóteses, vão surgur à consciência como sintomas.
No caso das psicoses, o problema é estruturalmente diverso. O psicótico tem áreas de sua experiência psíquica que ele não simbolizou, nem recalcou, mas foracluiu, segundo a terminologia lacaniana. O recalque implica uma prévia atividade simbolizadora. Quando esta não existe, o material rejeitado aparece à consciência sob a forma real - não simbólica. A psicose, portanto, é uma impossibilidade de sonhar. Quem canta, seus males espanta - diz o velho brocardo. O sonho é, a seu modo, uma espécie de canção tecida de imagens, que nos salva do excesso de realidade. O psicótico, sem poder onírico, é soterrado por esse excesso e, sob seus escombros, carece de canto, sucumbe ao peso dos próprios males.
O artista - mestre no sonhar e no dizer - escapa esse duro infortúnio. Ele sonha e diz o seu sonho e, nesta medida, ao conferir-lhe o cânon apolíneo da beleza domada, conquista-o, sublima-o, resolve-o. O artista sonha de novo o seu sonho, quando o exprime, e, assim, consegue transformá-lo em canto geral. A arte é sonho dirigido, ofertado à comunhão dos homens, na medida em que paga imposto da palavra para ingressar no circuito do intercâmbio social. O artista, ao modelar o seu sonho, socializa-o, insere-o no mundo, rompe sua abastança autárquica - e narcísica. Arte é sonho compartilhado, comunicado, dialógico. Não resta dúvida , porém, que o artista, ao transpor seu sonho para a linguagem de todos, sofre aí o doloroso impacto da constrição a que o sujeita a ordem do simbólico. As palavras - e, de resto, quaisquer símbolos - são um código e uma álgebra. Elas operam a partir das leis do discurso, através de signos que se põem no lugar das coisas, sem presença delas. Toda arte, portanto, é tingida de ausência, e fala sempre de uma pátria perdida. Toda arte é exílio: canção do exílio. Os poetas - Gonçalves Dias, Baudelaire, Manuel Bandeira - não me deixam mentir.
Compartilhado do
Projeto VemSer 

Rita de Cassia

domingo, 29 de julho de 2018

Do FB, pg. Revista Bula
"É belo modelar uma estátua e dar-lhe vida. Mas é sublime modelar uma inteligência e dar-lhe a liberdade."

Virma Stocco


Comp. do FB, pg. da Virma Stocco

"Só os sentidos podem curar a alma, tal como só a alma pode curar os sentidos."

Oscar Wilde
Os ganhos ou os danos dependem da perspectiva e possibilidades de quem vai tecendo a sua história. O mundo em si não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui identidade, sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem.
Viver, como talvez morrer, é recriar-se: a vida não está aí apenas para ser suportada nem vivida, mas elaborada. Eventualmente reprogramada. Conscientemente executada. Muitas vezes, ousada.
Lya Luft
"A certeza é fatal. O que me encanta é a incerteza.
A neblina torna as coisas maravilhosas."


Oscar Wilde

Nunca desista...



sábado, 28 de julho de 2018


"O que você quer que seja diferente, tem que fazer acontecer."

Jussara Marinho

Confie em seu coração...


Refletindo sobre todas as nossas paixões

"Paixão" vem do latim "patior" que significa sofrer e suportar.




Você está disposto a sofrer e suportar os efeitos de todas as paixões que tem na Vida?
"O sucesso e o amor preferem o corajoso."

(Ovídio) 


“Todos os dias desfaleço e desfaço-me em cinza efêmera:
todos os dias reconstruo minhas edificações, em sonho eternas.”

Cecília Meireles 

Arte by José Parra.

"Multipliquei-me para me sentir
Para me sentir, precisei sentir tudo
Transbordei, não fiz senão extravasar-me
Despi-me, entreguei-me
E há em cada canto da minha alma um altar a um deus diferente."
Fernando Pessoa


art by Omar Galliani
Comp. do FB, pg. Patricia Melo

sexta-feira, 27 de julho de 2018

“Eu estou cansado, chefe. Cansado de estar na estrada, solitário como um pardal na chuva. Cansado de nunca ter um amigo por perto, para me dizer de onde nós viemos ou para onde vamos, ou por quê. Acima de tudo, eu estou cansado de pessoas sendo maldosas umas com as outras.
Eu estou cansado de toda a dor que eu sinto e ouço do mundo todo o dia. Tem muita dela. São como pedaços de vidro na minha cabeça, o tempo todo. Você pode entender?”
(Do filme: À espera de um milagre)
Que a vida do homem não passa de um sonho, alguns já pensaram nisso e eu também partilho desse sentimento. Quando considero as limitações nas quais estão restritas as forças ativas e investigativas do homem; quando vejo como toda ação se resume a criar satisfação para as necessidades, que por sua vez não têm outro objetivo senão o de prolongar a nossa pobre existência; e ainda que toda calma a respeito de certos pontos de nossa busca não passa de uma resignação sonhadora, já que decoram as paredes, entre as quais está preso, com figuras coloridas e perspectivas luminosas. - E tudo isso, Wilhelm, me emudece.Volto-me para mim mesmo e encontro um mundo! E de novo predominam o pressentimento e o obscuro desejo sobre a representação e a força viva. E tudo isso flutua nos meus sentidos, e então sorrio e prossigo sonhando mundo afora.
Os sofrimentos do jovem Werther, Goethe, p.29.

Refletindo sobre a Vida...


"Você tem que parar para mudar de direção."
Erich Fromm

Reflexões sobre o custo do Levantar


"O que sou é o único lugar seguro que conheço."

Inês Pedrosa

quinta-feira, 26 de julho de 2018


"De quanta complexa incompreensão será feita a compreensão que os outros tem de nós."

Fernando pessoa, o livro do desassossego.

"A humanidade tem dupla moral, uma que prega mas não pratica, outra que pratica mas não prega". 

Bertrand Russell



Você sabia que o coração possui inteligência?
"Pesquisas científicas recentes sugerem que o coração pensa e que as suas células possuem memória."
"A energia eletromagnética gerada pelo coração é cerca de 60 vezes maior que a do cérebro e sua frequência é também cinco mil vezes mais forte se comparada com a frequência de energia cerebral."
"Há momentos em que as palavras perdem os sentidos e, por mais que tentemos emprega-las, elas parecem não servir.
Então a gente não fala, simplesmente sente."
Freud
O excesso de luz cega a vista.
O excesso de som ensurdece o ouvido.
Condimentos em demais estragam o gosto.
O ímpeto das paixões perturba o coração.
A cobiça do impossível destrói a ética.
Por isso, o sábio em sua alma
Determina a medida de cada coisa.
Todas as coisas visíveis lhe são apenas
Setas que apontam para o Invisível.
Lao-Tsé (Tao-Te King)
"O 'homem justo' requer, continuamente, a fina sensibilidade de uma balança: para os graus de poder e direito, que, dada a natureza transitória das coisas humanas, sempre ficarão em equilíbrio apenas por um instante, geralmente subindo ou descendo: portanto, ser justo é difícil, e exige muito prática e boa vontade, e muito espírito muito bom."

Nietzsche ( Aurora )
"Viver é desviar incessantemente. De tal forma nos desviamos que a confusão nos impede de saber do que nós estamos desviando".

Franz Kafka

quarta-feira, 25 de julho de 2018

O importante é a "virada por cima" que sempre nos espera logo ali na frente...

Gingar para sobreviver...





"O olho vê somente o que a mente está preparada para compreender."
Henri Bergson


terça-feira, 24 de julho de 2018


"Não se pode ver a luz sem sombra, não é possível perceber o silêncio sem o ruido, não pode alcançar a sabedoria sem a loucura" 

Jung



"Quem só acredita no visível tem um mundo muito pequeno "

(Caio F de Abreu)