domingo, 29 de setembro de 2019

Fernando Pessoa, Winnicott e Espaço Transicional !
Em "Alma e realidade, duas paisagens sobrepostas" (Cancioneiro), Fernando Pessoa já nos falava deste fenômeno que, mais tarde, Winnicott traria para a Psicanálise: Esse espaço intermediário, entre o mundo interno e o mundo externo.

Resumidamente, ele dizia:
"Em todo o momento de atividade mental acontece em nós um duplo fenômeno de percepção: ao mesmo tempo que temos consciência de um estado de alma, temos diante de nós... uma paisagem qualquer... o mundo exterior (...) Todo o estado de alma é uma paisagem... Há em nós um espaço interior onde a matéria da nossa vida física se agita. Assim uma tristeza é um lago morto dentro de nós, uma alegria um dia de sol no nosso espírito... todo o estado de alma se pode representar por uma paisagem (...) Assim, tendo nós, ao mesmo tempo, consciência do exterior e do nosso espírito... temos ao mesmo tempo consciência de duas paisagens. Ora, essas paisagens fundem-se, interpenetram-se, de modo que o nosso estado de alma, seja ele qual for, sofre um pouco da paisagem que estamos vendo... De maneira que a arte que queira representar bem a realidade terá de a dar através duma representação simultânea da paisagem interior e da paisagem exterior. Resulta que terá de tentar dar uma intersecção de duas paisagens..."
Uma bela descrição de um estágio intermediário, transicional... paradoxal...!!!
Então, em que lugar estamos quando diante de uma bela paisagem?
Henrique Silva

Compartilhado do FB, página Espaço Winnicott de Psicanálise

sábado, 28 de setembro de 2019

"...de uma vida inteira, por Deus, o que se salva às vezes é apenas o erro, e eu sei que não nos salvaremos enquanto nosso erro não nos for precioso. Meu erro é o meu espelho..."

(Clarice Lispector - trecho da crônica 'Mineirinho'.)



sábado, 21 de setembro de 2019

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Quer saber o que eu penso? Você aguentaria conhecer minha verdade? Pois tome.
Prove. Sinta. Eu tenho preguiça de quem não comete erros.
Tenho profundo sono de quem prefere o morno. Eu gosto do risco. Dos que arriscam.
Tenho admiração nata por quem segue o coração. Eu acredito nas pessoas livres. Liberdade de ser. Coragem boa de se mostrar. Dar a cara a tapa! Ser louca, estranha, chata! Eu sou assim. Tenho um milhão de defeitos. Sou volúvel. Sou viciada em gente. Adoro ficar sozinha. Mas eu vivo para sentir.
Por isso, eu te peço. Me provoque. Me beije a boca. Me desafie. Me tire do sério. Me tire do tédio. Vire meu mundo do avesso! Mas, pelo amor de Deus, me faça sentir...  Este é o meu alimento: palavras para uma alma com fome.


Clarice Lispector.

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Qualquer semelhança não é mera coincidência...

Volatilidades, impermanências, medidas e pretensões. O sabor do saber dá saber?

O Existir, esse inexorável movimento libertário, transgressor, perceptivo, embriaga-se em um cálice com pluralidade líquida, de doce ou amargo sabor a depender do "valor" dado a cada singular, pretensioso, fugaz, volátil e vaporoso "saber".
Gildo Fonseca.

A inspíradora imagem acima foi compartilhada de Literatura y psicoanalisis

terça-feira, 17 de setembro de 2019

"No dia que te conheci rasguei todos os meus mapas". Frase do filme "A Sua Parte Frágil". Recheado de metáforas, cada palavra, cada imagem, cada diálogo desse filme tem profundo significado. Em meio a tantas névoas de relações obscurecidas, tantos afogamentos por pântanos de superficialidades, tanta banalidade, insensatez e imediatismos do mundo atual ainda surgem filmes extraordinários como esse, repletos de delicadeza e sensibilidade. Um filme imperdível, deleite de doce néctar inebriante que reforça o palpitar de nossos corações. Recomendo a quem ainda não assistiu. Vale a pena... Caso não encontre o filme copie e cole no seu navegador, o link abaixo para encontrá-lo:

http://netfilmeshd.com.br/search.php?q=A+sua+parte+fr%C3%A1gil









sábado, 14 de setembro de 2019

terça-feira, 10 de setembro de 2019

"Silêncio é tudo que tememos. Na voz há resgate. Mas silêncio é infinitude. Não tem face."   Emily Dickinson

O importante é o que toca o coração...

"Eu nunca fui realmente insano, exceto em ocasiões em que meu coração foi tocado".
Edgar Allan Poe
Nada acaba enquanto é percebido.

"Ter compaixão (co-sentimento) é poder viver com o outro não só a sua infelicidade mas sentir também todos os seus outros sentimentos: alegria, angústia, felicidade, dor. Esta compaixão designa portanto, a mais alta capacidade de imaginação afetiva ou seja, a arte da telepatia das emoções. Na hierarquia dos sentimentos, é o sentimento supremo."


trecho de A Insustentável Leveza do Ser, Milan Kundera.

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

sábado, 7 de setembro de 2019

Clarice, direto na jugular da alma...

"Eu me pergunto: se eu olhar a escuridão com uma lente, verei mais que a escuridão? A lente não devassa a escuridão, apenas a revela ainda mais. E se eu olhar a claridade com uma lente, com um choque verei apenas a claridade maior. Enxerguei mas estou tão cega quanto antes porque enxerguei um triângulo incompreensível. A menos que eu também me transforme no triângulo que reconhecerá no incompreensível triângulo a minha própria fonte e repetição. 

(LISPECTOR, A PAIXÃO SEGUNDO GH, 1998, p. 22)

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

terça-feira, 3 de setembro de 2019

Comp. de Aglair Grein
A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação. Cecília Meireles

Comp. do FB, pg. Aglair Grein

segunda-feira, 2 de setembro de 2019



"Pensa que não entendo? O inútil sonho de ser. Não parecer, mas ser. Estar alerta em todos os momentos. A luta: o que você é com os outros e o que você realmente é. Um sentimento de vertigem e a constante fome de finalmente ser exposta. Ser vista por dentro, cortada, até mesmo eliminada. Cada tom de voz, uma mentira. Cada gesto, falso. Cada sorriso, uma careta. Cometer suicídio? Nem pensar. (...) Mas pode se recusar a se mover e ficar em silêncio. Então, pelo menos, não está mentindo. Você pode se fechar, se fechar para o mundo. Então não tem que interpretar papéis, fazer caras, gestos falsos… Acreditaria que sim, mas a realidade é diabólica. Seu esconderijo não é à prova d'água. A vida engana em todos os aspectos. Você é forçada a reagir. Ninguém pergunta se é real ou não... Se é sincera, ou mentirosa. Isso só é importante no teatro, talvez nem nele."

Ingmar Bergman. In: Persona

domingo, 1 de setembro de 2019

As dificuldades são como as montanhas. Elas só se aplainam quando avançamos sobre elas.   Provérbio japonês
“A energia flui para onde vai a atenção.”

(The Secret)
Comp. da pag. de Rita de Cassia Antunes Oliveira
"Não vês que somos viajantes? E tu me perguntas: Que é viajar? 
Eu te respondo com uma palavra: é avançar!".


Santo Agostinho.
IDEAL CRIADOR,
ESCOLHA FATAL.
SERES EM CONSTRUÇÃO.

Escolhendo uma possibilidade, e isso é inexorável, elimino para esse instante, todos os outros possíveis que também poderiam, por outros Caminhos, levar ao Instante seguinte.

Paradoxalmente, ao fazer uma escolha, deixo de ser o escolhedor e, como um procusto de mim mesmo, viro escravo de minha própria liberdade e a angústia é o valor proporcional à consciência dessa liberdade.

Como dizia Sartre "estamos condenados à liberdade", mas creio também que estamos "condenados à eternidade", pois seria (afirmar que é cria um limitador), a única forma de vivenciarmos singularmente todos os possíveis, em todos os tempos, tornando-Nos essa Totalidade, e aí sim, absolutamente livres, conheceremos e seremos então, a Soma de todos os nossos próprios Caminhos, veias que irrigaram através dos tempos a expansão da nossa Consciência, a expansão do nosso "corpo perceptivo".

Talvez, nesse "agora" da Percepção, somente a Potência intrínseca encapsulada na semente de cada "Olhar" possa ser criadora da morfina de um pretenso Caminho independente, ideal de realização de todo artista contido em todos nós, a pintar a imagem do destino de suas almas indômitas, muitas vezes cativas na inconsciência de cotidianos embriagadores.

Gildo Fonseca