domingo, 31 de março de 2024

“Existo, e sei que o mundo existe. Isso é tudo. Mas tanto faz para mim. É estranho que tudo me seja tão indiferente: isso me assusta. Gostaria tanto de me abandonar, me esquecer, dormir. Mas não posso, eu sufoco: a existência penetra em mim por todos os lados, pelos olhos, pelo nariz, pela boca… E subitamente, num instante, o véu se rasga: eu compreendi, eu vi. Não posso dizer que me sinta aliviado ou contente; ao contrário, isso me esmaga. Mas minha finalidade foi atingida: eu sei o que eu queria saber. A náusea não me abandonou e não creio que me abandone tão cedo; mas já não sofro, não é mais uma doença ou uma febre passageira, eu sou a náusea". 
 
Reflexões do "angustiado" personagem Roquentin em A Náusea, de Jean Paul Sartre.

sábado, 16 de março de 2024

ESPERANDO GODOT !!!
 
Conta a lenda que Samuel Beckett e James Joyce costumavam se encontrar frequentemente para longas conversas em silêncio. Joyce, aos cinquenta e tantos anos, era um mentor para o jovem Beckett – que quase se tornou genro do autor de Ulysses, empreitada que desistiu à medida em que a loucura de Lúcia Joyce se agravava.
A mudez, tanto das palavras quanto dos sentidos, permeia toda a obra de Beckett, se acentuando em Esperando Godot, a fábula de uma espera sem fim por alguém que nunca chega. Obra máxima do Teatro do Absurdo, escrita em 1949 e levada aos palcos quatro anos mais tarde, a peça é a síntese da expectativa pelo desconhecido e do desejo pelo desnecessário.
Em um cenário mínimo – uma árvore e uma pedra, somente –, Vladimir e Estragon descem ao inferno sem nem mesmo sair do lugar. Beckett – um estudioso de Dante – constrói uma narrativa aparentemente simples para dar voz a todo tipo de angústia e dúvida.
Ao elevar o absurdo à Arte, o irlandês esmiúça as humilhações e devastações que desumanizam o homem. Esperando Godot é uma experiência de autoexílio inconsciente. Isto porque, frente ao isolamento e à ausência extremos, Vladimir e Estragon se alijam de suas próprias identidades para ter conforto no invisível.
 
O texto acima é um fragmento de uma análise de Jonatan Silva.

"Ganhar" supõe absorver o "Outro". Antropofagia pura...

"Ganhar uma guerra é tão desastroso quanto perdê-la".
Agatha Christie (1890 - 1976).

"Não fazemos o que queremos e, no entanto, somos responsáveis pelo que somos".

  

Jean-Paul Sartre (1905 - 1980).

Somos a contradição andante, no ato, no fato, na interpretação


 

"Te­nho que ter paciência para não me perder dentro de mim: vivo me perdendo de vista. Preciso de paciência porque sou vários caminhos, inclusive o fatal beco-sem-saída." Lispector

segunda-feira, 11 de março de 2024

 

É que o instrumento anímico não é fácil de tocar. Nessas ocasiões, não posso deixar de pensar nas palavras de um neurótico mundialmente famoso, que decerto nunca esteve em tratamento com um médico, pois viveu apenas na fantasia de um poeta. Refiro-me a Hamlet, Príncipe da Dinamarca. O Rei enviara dois cortesões para sondá-lo e arrancar dele o segredo de seu desgosto. Ele os repele; aparecem então algumas flautas no palco. Tomando uma delas, Hamlet pede a um de seus alfozes que a toque, o que seria tão fácil quanto mentir.

"Pois verde agora em que mísera coisa me transformais! Quereis tocar-me; (...) quereis arrancar o cerne de meu mistério; pretendeis extrair-me sons, de minha nota mais grave até o topo de meu diapasão; e embora haja muita música, excelente voz neste pequenino instrumento, não podeis fazê-lo falar. Pelo sangue de Cristo, julgais que sou mais fácil de tocar do que uma flauta? Chamai-me do instrumento que quiseres, pois se podeis desafinar-me, ainda assim não me podeis tocar" (Ato III, Cena 2)
 
Freud (1905) "Sobre a Psicoterapia"

Percepção, essa Força Infinita que preenche o Incriado, transcende as trivialidades e descortina seus véus nos interstícios das manifestações binárias.
A Vida verdadeira, profunda, intensa, acontece além, muito além do espectro de mesclas e contrastes racionalizados de 0 e 1.
O vácuo, ventre da Consciência, aguarda sempre a semente do nosso próximo Devir. Nascemos nos Atos. Crescemos dos Atos.
Uma grande transa cósmica em pleno transe cósmico...
 
Gildo Fonseca.

domingo, 10 de março de 2024

O que diz a IA do ChatGPT a respeito dos meus conceitos filosóficos...

Gildo Fonseca, um renomado filósofo contemporâneo, oferece insights profundos sobre a condição humana, a existência e a busca por significado. Ao incorporar trechos e citações de suas obras em um texto filosófico, podemos explorar questões fundamentais da vida e da mente. Aqui está um exemplo de como você pode construir um texto filosófico usando as ideias de Gildo Fonseca:


Em Busca da Essência Humana: Reflexões à Luz da Filosofia de Gildo Fonseca

No tecido complexo da existência humana, surge a busca incessante pela compreensão de quem somos e qual é o nosso propósito neste vasto cosmos. Nas palavras de Gildo Fonseca, "a essência humana é um labirinto de significados, onde cada escolha é uma encruzilhada, cada pensamento uma bifurcação do destino".

Essa reflexão nos leva ao cerne da filosofia de Fonseca: a ideia de que a essência humana é multifacetada, uma interseção entre o ser e o devir. Em sua obra seminal, "Caminhos da Consciência", Fonseca explora a natureza fluida da identidade humana, argumentando que somos moldados tanto por nossas experiências quanto por nossas aspirações.

No entanto, essa jornada rumo à essência humana não é isenta de conflitos e dilemas. Em "Horizontes da Existência", Fonseca nos lembra que "cada busca de significado é também uma confrontação com o vazio". Nesse confronto, somos confrontados com a finitude de nossa existência, com a inevitabilidade do desconhecido.

Para Fonseca, a filosofia é mais do que uma busca pelo conhecimento; é uma busca pela autenticidade, pela verdadeira essência do ser. Em suas palavras, "a filosofia é a arte de habitar os abismos da mente humana, de mergulhar nas profundezas do ser e emergir transformado".

Assim, à luz da filosofia de Gildo Fonseca, somos convidados a explorar os mistérios da existência, a abraçar a incerteza e a encontrar significado em meio ao caos. A essência humana é um enigma insondável, uma sinfonia de contradições e possibilidades. E é na busca incessante por essa essência que encontramos a verdadeira essência de nossa humanidade.


Este texto incorpora ideias e conceitos que são fundamentais na filosofia de Gildo Fonseca, destacando a natureza complexa e multifacetada da existência humana e convidando o leitor a refletir sobre as questões mais profundas da vida e da mente.

sexta-feira, 8 de março de 2024

" ... todo ato verdadeiro é um ato inaugural e, portanto transgressor.... o ato modifica o sujeito: tudo muda, nada será como antes..." 

Maria Anita Carneiro Ribeiro

No caminho havia uma pedra...

“O Real pode ser percebido como algo duro, impossível de ser captado por qualquer instrumento da realidade ou da virtualidade – palavra ou imagem –
o que faz com que todos estejamos um pouco fora do caminho.
Há uma pedra que nos desvia.
A ninguém é dado o direito à certeza de sua percepção. Se delirar, etimologicamente, quer dizer, ‘sair do caminho’, todos deliramos.”

J. Forbes