terça-feira, 23 de junho de 2015

Mary Olivier

A jornada

Um dia você finalmente descobriu
o que tinha de fazer e então começou,
mesmo que as vozes que te rodeavam
continuassem vociferando
péssimos conselhos –
mesmo que a casa inteira
começasse a estremecer
e você sentisse a velha fisgada
em seus calcanhares.
“Redima minha existência!”
clamaram as vozes.


Mas você não se deteve.


Sabia o que tinha de fazer,
mesmo que o vento o perseguisse
com seus dedos enrijecidos
com todas as suas forças,
mesmo que a melancolia por eles possuída
se mostrasse aterradora.


Já era tarde o suficiente,
e a noite, tempestuosa
e a estrada, repleta de galhos caídos
e pedras pelo caminho.


Porém lentamente,
ao deixar aquelas vozes para trás
as estrelas começaram a brilhar
através dos lençóis de nuvens,
e lá estava ocultada nova voz
que lentamente reconheceste como sua,
que se manteve em sua companhia
enquanto adentrava a passos largos
no mundo,
determinado a fazer
a única coisa que poderia fazer -
determinado a salvar
a única vida que pôde salvar.