terça-feira, 30 de agosto de 2016

Goethe

‘Longa é a arte, breve a vida, difícil o juízo, fugaz a ocasião. Agir é fácil, difícil é pensar; incômodo é agir de acordo com o pensamento. Todo começo é claro, os umbrais são o lugar da esperança. O jovem se assombra, a impressão o determina, ele aprende brincando, o sério o surpreende. A imitação nos é inata, mas o que se deve imitar não é fácil de reconhecer. Raras as vezes em que se encontra o excelente, mais raro ainda apreciá-lo. Atraem-nos a altura, não os degraus; com os olhos fixos no pico caminhamos de bom grado pela planície. Só uma parte da arte pode ser ensinada, e o artista a necessita por inteiro. Quem a conhece pela metade, engana-se sempre e fala muito; quem a conhece por inteiro, só pode agir, fala pouco ou tardiamente. Aqueles não têm segredos nem força; seu ensinamento é como pão cozido, que tem sabor e sacia por um dia apenas; mas não se pode semear a farinha, e as sementes não devem ser moídas. As palavras são boas, mas não são o melhor. O melhor não se manifesta pelas palavras. O espírito, pelo qual agimos, é o que há de mais elevado. Só o espírito compreende e representa a ação. Ninguém sabe o que ele faz quando age com justiça; mas do injusto temos sempre consciência. Quem só atua por símbolos é um pedante, um hipócrita ou um embusteiro. Estes são numerosos e se sentem bem juntos. Sua verborragia afasta o discípulo, e sua pertinaz mediocridade inquieta os melhores. O ensinamento do verdadeiro artista abre o espírito, pois onde faltam as palavras, fala a ação. O verdadeiro discípulo aprende a desenvolver do conhecido o desconhecido e aproxima-se do mestre.’ ”
Johann Wolfgang von Goethe. In: Os Anos de Aprendizado de Wilhelm Meister.

Compartilhado do FBN, página Gigantes da Literatura Universal

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Fala-se de amor para falar de muitas
coisas que entretanto nos sucedem.


Para falar do tempo, para falar do mundo
usamos o vocabulário preciso
que nos dá o amor.


Eu amo-te. Quer dizer: eu conheço melhor
as estradas que servem o meu território.


Quer dizer: eu estou mais acordado,
não me enredo nas silvas, não me enredo,
não me prendo nos cardos, não me prendo.


Quer também dizer: amar-te-ei
cada dia mais, estarei cada dia
mais acordado. Porque este amor não pára.


E para falar da morte; da enorme
definitiva irremediável morte,
do carro tombado na valeta
sacudindo uma última vez (fragilidade)
as rodas acendedoras de caminhos
- eu lembraria que o amor nos dá
uma forma difícil de coragem,
uma difícil, inteira possessão
de nós próprios, quando aveludada
a morte surge e nos reclama.


Porque eu amo-te, quer dizer, eu estou atento
às coisas regulares e irregulares do mundo.


Ou também: eu envio o amor
sob a forma de muitos olhos e ouvidos
a explorar, a conhecer o mundo.


Porque eu amo-te, isto é, eu dou cabo
da escuridão do mundo.


Porque tudo se escreve com a tua letra.



- FERNANDO ASSIS PACHECO

in 'Cuidar dos Vivos', Coimbra, Edição do Autor/Cancioneiro Vértice, 1963


Compartilhado do Facebook, página de Beatriz Giorgi

domingo, 28 de agosto de 2016


Non sense...

O pulsar de cada percepção é como um grão que brota e alimenta o próximo instante da busca de sentidos, o sentido da busca, da busca sentida. A Vida transcende os sabores de fatais impermanências, aquece e embala nossas almas na travessia por tantos oceanos de turbulenta insensatez. Que o Grão germine e que haja mais Luz e Amor, alimentos únicos de nossas almas.   Gildo.Fonseca.

sábado, 27 de agosto de 2016

"Temos constantemente de parir nossos pensamentos de nossa dor e maternalmente transmitir-lhes tudo o que temos em nós de sangue, coração, fogo, prazer, paixão, tormento, consciência, destino, fatalidade. Viver - assim se chama para nós, transmudar constantemente tudo o que nós somos em luz e chama; e também tudo o que nos atinge; não podemos fazer de outro modo."
A Gaia Ciência, Friedrich Nietzsche

Imagem: O Navio Negreiro, William Turner.



O texto e a imagem foram compartilhados da página do FB de Gigantes da Literatura Universal

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Somos aquilo que sentimos e percebemos.
Se estamos zangados, somos a raiva.
Se estamos apaixonados, somos o amor.
Se contemplamos um pico nevado, somos a montanha.
Enquanto sonhamos, somos o sonho.
Podemos ser qualquer coisa que quisermos, mesmo sem uma varinha mágica.

Thich Nhat Hanh

domingo, 21 de agosto de 2016

Eu nunca perco. Ou eu ganho ou aprendo.


terça-feira, 16 de agosto de 2016

Parabéns a todos os filósofos que bebem do fluir Infinito no cálice da cada Finitude e, entre náuseas e êxtases, cristalizam a Vida em sinapses de Percepção no palco sua própria Consciência.

DESEJO UM FELIZ DIA DO FILÓSOFO A TODOS!!!!


"Angústia pode se comparar com uma vertigem. Aquele, cujos olhos se debruçam a mirar uma profundeza escancarada, sente tontura. Mas qual é a razão? Está tanto no olho quanto no abismo. Não tivesse ele encarado a fundura!... Deste modo, a angústia é a vertigem da liberdade, que surge quando o espírito quer estabelecer a síntese, e a liberdade olha para baixo, para sua própria possibilidade, e então agarra a finitude para nela tentar se firmar". (KIERKEGAARD).

domingo, 14 de agosto de 2016

Campbell

"Há um magnífico ensaio de Schopenhauer chamado 'Uma intenção aparente no destino do indivíduo', no qual ele diz que quando você chega a determinada idade - digamos, acima de 60 anos - e olha para trás, para a sua vida, há uma trama que você reconhece.
Quem a escreveu? Há uma continuidade, um esquema, um maravilhoso esquema. Ele disse que é um pouco como ler determinado tipo de romance. (...) Então você percebe, 'Oh, esse personagem que parecia estar na minha vida por acaso era um fator fundamental de estruturação no edifício da minha vida'. O que parecia ser acidental, na verdade, configurou-se em uma trama. Quem a escreveu?
Ao mesmo tempo, você percebe que desempenhou papéis como esse na vida de outras pessoas. Essas pessoas que o influenciaram foram influenciadas por você."

Joseph Campbell in 'Stanley Keleman - Mito e Corpo - Uma Conversa com Joseph Campbell'

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Borges, sempre maravilhoso !!!!

"En verdad la realidad no existe, y en realidad la verdad tampoco".

*Jorge Luis Borges /

Frase atribuída a Confucio

Similarmente, a "qualidade de nossa vibração" emanada em "nosso" campo, permite aquilatar o que estamos atraindo ou repelindo.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Compartilhado do FB página da Patricia Melo

domingo, 7 de agosto de 2016

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

"Mas se uma formiga, se uma abelha - pelo milagre de uma ideia ou por uma tentação de singularidade - se isolasse do formigueiro ou do enxame, se contemplasse de fora o espetáculo de suas penas, persistiria ainda em seu trabalho?" - Breviário da Decomposição (Emil M. Cioran)

Faça o seu Melhor e com Amor....