sábado, 28 de maio de 2022

 A luz é especialmente apreciada após a escuridão. Textos Judaicos


 

Oração de Jung

"Perdoa se falo coisa confusas. Ninguém me escuta. Eu falo no silêncio contigo, e tu sabes que não sou um ébrio, um alienado mental e que meu coração se revolve sob a ferida da qual a treva faz escárnio. (...) Eu andei pelos caminhos do dia e tu foste, invisível comigo, unindo significativamente pedaço a pedaço e fizeste-me ver em cada pedaço um todo."
 
Diálogo de Jung com sua Alma (Alma e Deus) - O Livro Vermelho

Singularidades permitem contrastes. O campo das manifestações é magnetismo interativo descobrindo-Se. GF

"Para a criança no ser humano, a noite permanece a costureira de estrelas. Ela junta sem costura, sem bainha e sem linha. Ela é costureira porque só trabalha com a proximidade.
(Heidegger, filósofo alemão)
 
Reflexão: o que nos aproxima?
 
Foto: Nasa - Comp. pg. Experiências Filosóficas

 

quinta-feira, 26 de maio de 2022

"Seja humilde, pois você é feito de terra.
 
Seja nobre, pois você é feito de estrelas."
 
Provérbio sérvio

Vivemos em magnéticas seduções, cristalizadas em tantas esperanças, em cada respirar de nossa Percepção, nas intersecções das relações, numa verdadeira sinfonia de uma embriaguez consciencial compartilhada !!!

"Viver" ultrapassa qualquer entendimento.... Gildo Fonseca.


" A vida, meu amor, é uma grande sedução onde tudo o que existe se seduz."
 
Clarice Lispector
 
 
Compartilhado de Beth Goulart em "Eu, simplesmente Lispector".

quarta-feira, 25 de maio de 2022

Um anúncio em uma funerária hoje me deixou preocupado:

Estamos ansiosos por ter você como nosso cliente. Experimente a qualidade de nossos serviços. Estamos te esperando...


 

domingo, 22 de maio de 2022

Extrair Coragem dos recônditos da alma...

 

“A felicidade é a aceitação corajosa da vida.”  Erich Fromm

 


 

As ilusões — dizia-me meu amigo — são talvez tão inumeráveis quanto as relações dos homens entre si, ou dos homens com as coisas. Quando a ilusão desaparece, isto é, quando vemos o ser ou o fato tal qual existe fora de nós, experimentamos um sentimento estranho, misto de saudade do fantasma desaparecido e agradável surpresa ante a novidade, ante o fato real. 
 
(BAUDELAIRE, Charles. "A corda". — In: "Pequenos Poemas em Prosa". Tradução: Paulo M. Oliveira. — Rio de Janeiro: Athena Editora, 1937.)

sábado, 21 de maio de 2022

"As nossas tragédias são sempre de uma profunda banalidade para os outros." Oscar Wilde.

Heidegger, sempre maravilhoso: "O erguer-se seguro torna visível o espaço invisível do ar". O texto abaixo é uma análise profunda sobre o emergir da criação e sua cristalização perante nossa percepção, repleto de expressões sutis nas entrelinhas. Uma dança de contrastes entre a Consciência e o que a consubstancia.

Gildo Fonseca.

 

Aí de pé, a obra arquitetônica repousa sobre o solo rochoso. Este assentar da obra extrai da rocha a obscuridade do seu suportar rude e, no entanto, a nada impelido. Aí de pé, a obra arquitetônica resiste à tempestade furiosa que sobre ela se abate, e, desta forma, revela pela primeira vez a tempestade em toda a sua violência. Só o brilho e o fulgor da rocha, que aparecem eles mesmos apenas graças ao Sol, fazem, no entanto, aparecer brilhando a claridade do dia, a amplitude do céu, a escuridão da noite. O erguer-se seguro torna visível o espaço invisível do ar. O caráter imperturbado da obra destaca-se ante a ondulação da maré e deixa aparecer, a partir do seu repouso, o furor dela. A árvore e a erva, a águia e o touro, a serpente e o grilo conseguem, pela primeira vez, alcançar a sua figura mais nítida e, assim, vêm à luz como aquilo que são. Desde cedo, os gregos chamaram a este mesmo surgir e irromper, no seu todo, a Φύσις [phýsis]. 
 
Martin Heidegger. "Origem da Obra de Arte", p. 39. Lisboa: Edição Fundação Calouste Gulbenkian, 1998.
 
Escultura: Fonte Netuno, por Bartolomeo Ammannati, em Piazza Della Signoria, Florença, Itália

terça-feira, 17 de maio de 2022

Tem mais presença em mim o que me falta.
 
Manoel de Barros
 
 
 
Sou o que ainda não conheço. Gildo Fonseca.

Um "quase" faz toda diferença...


 

Dorme meu amor...

Dorme, meu amor, que o mundo já viu morrer mais
este dia e eu estou aqui, de guarda aos pesadelos.
Fecha os olhos agora e sossega — o pior já passou
há muito tempo; e o vento amaciou; e a minha mão
desvia os passos do medo. Dorme, meu amor —
a morte está deitada sob o lençol da terra onde nasceste
e pode levantar-se como um pássaro assim que
adormeceres. Mas nada temas: as suas asas de sombra
não hão de derrubar-me — eu já morri muitas vezes
e é ainda da vida que tenho mais medo. Fecha os olhos
agora e sossega — a porta está trancada; e os fantasmas
da casa que o jardim devorou andam perdidos
nas brumas que lancei ao caminho. Por isso, dorme,
meu amor, larga a tristeza à porta do meu corpo e
nada temas: eu já ouvi o silêncio, já vi a escuridão, já
olhei a morte debruçada nos espelhos e estou aqui,
de guarda aos pesadelos — a noite é um poema
que conheço de cor e vou cantar-te até adormeceres.
 
Maria do Rosário Pedreira, em «O Canto do Vento dos Ciprestes»
 
Arte - Catherine Yastrebova - Compartilhado da página Sonhar a realidade
Cada percepção é um nascimento. Somos todos, neste preciso Instante, filhos da nossa grande Mãe, a Sinapse Cósmica. Esse processo, gestação terna e eterna, catalisada dentro de nós, ad infinitum, cria simetrias, cria enlaces, o espaço, o tempo. Cria a Vida. Em cada Olhar, gerado pela faísca divina de grandes beijos cósmicos que acontecem ao toque de toda sensação, somos nutridos em alma, pelo cordão umbilical da cristalização do entendimento, da busca, da cria de rebentos de sentidos a cada instante do Existir. Viver é descobrir-Se Filho da Mãe. Gratidão à Grande Mãe que nos dá origem. Gratidão a todas as mães que criam, em cada momento, a Vida, no Ventre, no Coração e no Espírito, conforme as necessidades de cada um. Gildo Fonseca.

Lúcida embriaguez...

 
"A sede ensina a beber a todos os animais, mas a embriaguez só pertence ao homem".
 
Henry Fielding

“Tens como Hamlet pavor do desconhecido? Mas o que é conhecido? O que é que tu conheces, para que chame de desconhecido a qualquer coisa em especial? 

Álvaro de Campos ( Fernando Pessoa)

 


segunda-feira, 16 de maio de 2022

O DESTINO É UMA SINAPSE.
 
“Quando a dor de não estar vivendo for maior que o medo da mudança, a pessoa muda” já dizia Freud.
 
Mudanças são inexoráveis. Dos 50 trilhões de células do nosso organismo pelo menos 300 milhões são renovadas a cada minuto, assim também, em cada instante, em cada fragmento perceptivo, mudamos nosso entendimento. Novas referências, novos padrões se apresentam, um infinito de possibilidades, um show de situações diferentes, sensações, momentos, afetos e racionalizações. 
 
“Não me pergunte quem sou e não me diga para permanecer o mesmo” como dizia Foucault.
 
Esse perene processo de mudança é a morfina de um pretenso compreender, encobre um desejoso olhar profundo na resposta de cada momento. Esse volátil, fugaz e transitório entendimento sempre será impactado pelos limites chocantes, alegres ou dolorosos, e por nossas reações diante das vivências anteriores ou pelas expectativas de nossa imaginação.
 
A imponderabilidade que se apresenta por fatores desconhecidos, que deslavada e jocosamente demonstra como é pretensioso o nosso controle das coisas, se demonstra senhora do destino. Quando o “doente”, conscientemente terminal ou não, atinge os limites da dor, então lhe são concedidos opióides, fascinadores, para que consiga suportar o momento e voltar à uma relativa “normalidade” consciencial.
 
A botânica define “muda” como “planta jovem tirada do viveiro para plantação definitiva ou pequeno galho retirado de planta adulta e introduzido na terra em outro local, onde se transformará num novo espécime da planta original”.
Também somos todos perenes sementes, mudas de consciências, mudas, pelo impacto das impermanências que nem chegam a permitir a racionalização da intensidade de cada momento presente, em cada um de nossos mergulhos nas águas voláteis de todo entendimento. No esterco fértil de cada fascinação nos transformamos, em cada instante, em novo espécime da nossa planta original.”
 
Gildo Fonseca.

terça-feira, 3 de maio de 2022


 


 

"Meu psicanalista afirmou que eu tenho obsessão por vingança.

Vou fazê-lo arrepender-se de ter dito isso".

 "Tudo o que você sente, você se torna." - Osho

domingo, 1 de maio de 2022

Ceticismo pirrônico em Montaigne

 

Pascal tem razão quando reconhece em Montaigne
um autêntico pirrônico. Veja a famosa passagem do Entretien:

Ele coloca todas as coisas em uma dúvida universal e tão geral que
essa dúvida se volta sobre si mesma, isto é, que ele duvida se duvida e,
duvidando até dessa última proposição, sua incerteza gira sobre ela mesma
num círculo perpétuo e sem repouso; opondo-se igualmente àqueles que
asseguram que tudo é incerto e àqueles que asseguram que tudo não o é,
porque ele não quer assegurar nada.

 
É essa dúvida que duvida de si e nessa ignorância que se ignora, e que cha-
ma de sua forma mestra, que está essência de sua opinião, a qual não pode
exprimir por nenhum termo positivo. Pois, se diz que duvida, ele se trai
assegurando ao menos que duvida, o que, sendo formalmente contra sua
intenção, ele não pôde explicar senão por uma interrogação; de modo que,
não querendo dizer ‘eu não sei ́, diz: ‘Que sei eu?’, da qual faz sua divisa,
colocando-a sobre balanças que, pesando os contraditórios, encontram-nos
num perfeito equilíbrio: ou seja, ele é um puro pirrônico.

Fragmento de Cioran, em "Os coxos", onde cita Pascal e Montaigne.

Cioran, sempre maravilhoso...

“Não há salvação possível fora da imitação do silêncio. Mas nossa loquacidade é pré-natal. Raça de tagarelas, de espermatozoides verbosos, estamos quimicamente ligados à Palavra.” 

Silogismos da amargura (1952)

"Apenas tem convicções aquele que nada aprofundou." ~ Cioran 

"Convicções são cárceres". Nietzsche

Só pra relaxar...


 

O perfeito é desumano...


 

Ceticista pirrônico até o fim...

 

 

Da mesma forma podemos inquirir: como Sócrates podia afirmar que nada sabia?

Se o enunciado é verdadeiro ele não poderia saber que não sabia...