quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

SER OU NÃO SER ???
 
Toda Unidade é plana, plena, singular mas também múltipla em possibilidades, carrega em seu ventre a soma de tudo aquilo que ainda não é e que pertence ao seu próprio devir. Somos o Potencial Incriado a espera da luz perceptiva que alimenta o volátil, transitório e fugaz conhecer, diria mais, o tatear de nossas almas em sua angustiante e desterrada viagem como forasteira de sua Plenitude Original, perdida em tantas "maçãs" cotidianas. Enevoados pelas burcas das estreitas, embora pretensiosas, percepções de cada ato cotidiano, nos afogamos em mares de possibilidades, onde boiamos, fluindo em busca de uma âncora segura que referencie nossas almas, algo entre o ponto e o plano, entre a luz e as trevas, entre o que compreendemos de cada ato e o que ainda não compreendemos desse próprio ato. Somos um Fluir que se alimenta de seus entornos, conscientes e inconscientes, claros e escuros, cheios de luzes e sombras. O devir outorga e destina, mas o resto, o que decidir fazer com isto, ah, isto é, inexoravelmente conosco pois carregamos a Sensação do Existir que se dá em cada flerte com a Vida em todas as suas vertentes, nuances e contrastes. A Busca do Compreender sempre É. O que entendemos sempre somente Está. Somos o Ponto, Somos a Reta, tornando-se Plano, no bordar de cada percepção, nas bordas de cada singular cotidiano.
 
Gildo Fonseca.

Parabéns aos "pragmáticos" que sabem tudo, são os parâmetros do mundo...


 

Perceber é processo de lapidar nuances de todo porvir. Os entornos podem ser coloridos através de nossas reações. Ante enevoadas sombras, nossas pupilas pulsam, e ao pulsar, geram luz que permite que possamos perceber a nós mesmos e aos outros através de contrastes em nossos Caminhos interiores e exteriores, onde tateamos, engatinhamos e crescemos. Quem acende uma vela ilumina primeiro a Si mesmo. Quem pinta com os pincéis inusitados das transcendências onipresentes colore melhor os rebentos da própria Consciência.. Gildo Fonseca.


 

sábado, 13 de janeiro de 2024

 "Todo barro é esperança de moldura". Drummond

 

Refugiar-se no cotidiano, ó doce embriaguez. Relembrando nosso saudoso Benedito Nunes, sempre maravilhoso, que dizia: "Não nos angustiamos como sentimos medo. Tem-se medo de algo definido, de um ser particular (intra mundano), tem-se angústia sem saber de quê. É que o seu objeto é o próprio ser-no-mundo".

"O sentimento da existência humana, instantaneamente revelada, põe-nos a sós, numa penosa experiência de isolamento metafísico, que Pascal realizou e exprimiu. Isolamento essencial e paradoxal através da angústia o homem encontra a sua realidade de ser existente, e não podendo suportá-la, refugia-se no mundo, decai para o cotidiano, onde passa a existir de modo público, impessoal, protegido por uma crosta de palavras, por interesses fugidios e perspectivas limitadas, que não o satisfazem completamente e apenas disfarçam o cuidado (sorge) em que vive."
 
(Benedito Nunes analisando as simetrias entre Sartre (a náusea) e Lispector (Paixão segundo G.H.)


 


 

A mente move-se em um mundo estranho, entre a angústia e o êxtase. Georges Bataille em The Interior Experience.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

COLHEMOS E SOMOS COLHIDOS

Percepção é sinapse de alma. No interstício alternado entre infinitos e infinitesimais, interiores e exteriores, todos e partes, pulsa a pupila de nossa consciência. Colhemos e somos colhidos. Acolhemos e somos acolhidos. Somos protagonistas de nossa pretensa lucidez, coadjuvantes na superação de imponderáveis entornos.

Desenvolve-Se, inexoravelmente, resilientemente, a musculatura emocional quando percebemos nosso caminhar sobre a densidade, arrastando o peso da consciência da existência de nós mesmos. Essa fricção entre contrastes, circunstâncias e olhares, gera Luz onde quer que estejamos, aqui ou acolá, aquém ou além pois, do atrito entre entendeDor e entendido, caminha e pulsa, forasteiro, nosso coração, alimentado, estonteado, tateando na consubstanciação da catarse de sua própria Criação.

Gildo Fonseca.