sábado, 20 de novembro de 2010

SOBRE COMUNICAÇÃO

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Temo quando as codificações são nossas âncoras ou nossos lemes.
É como se reduzíssemos o conteúdo dos livros à páginas e letras.
Sentir é absoluto, transcende particularidades, intransitivo.
Codificar é relativo, circunstancial, transitivo.

Degredados da Unidade Absoluta, multifacetados em singularidades perceptivas buscamos desesperadamente anelos que nos unam ao que éramos originalmente. Buscamos em cada gota do mar das experiências a totalidade de nosso oceano interior dividido, perdido, incompleto. Talvez seja por isso que todo número é a soma das partes que o compôem. Já os contidos são apenas individualidades... E entretanto um não existe sem o outro.

Silêncio talvez seja então um vazio que anafilaticamente torna eloquente nosso anseio de pertencimento ao devir nessa oposição ao vácuo do Incriado, onde nos levantamos e erguemos a voz em busca de nossos próprios ouvidos cósmicos, rumo a esse desconhecido chamado Eu mesmo. Creio que quando Nietzsche dizia torna-te quem és talvez estivesse se dirigindo também ao Silêncio das Possibilidades ainda não ouvidas...

Ressonâncias de Vazios Inteiros...

Silêncio negativo = ausência de nossa presença.
Silêncio positivo = presença de nossa ausência.
ou
Silenciar é poder estar, sem para o outro, ser...
Silenciar é poder ser, sem para o outro, estar...

Comunicar....

Comunicar é tornar comum o meio, o código. O problema é que não nos preenche mais apenas o meio, mas somente a apreensão absoluta do outro, alimento antropofágico em que nossas almas, pela digestão dos contrastes, torna-se forte ao perceber que ao digerir esse desconhecido alheio geramos as próprias forças que nos permitem existir e continuar, tornando-nos, nós mesmos, também o alimento que fortalece e vivifica o eterno Vir a Ser que nós contém e que também, antropofagicamente nos devora...

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