domingo, 29 de setembro de 2019

Fernando Pessoa, Winnicott e Espaço Transicional !
Em "Alma e realidade, duas paisagens sobrepostas" (Cancioneiro), Fernando Pessoa já nos falava deste fenômeno que, mais tarde, Winnicott traria para a Psicanálise: Esse espaço intermediário, entre o mundo interno e o mundo externo.

Resumidamente, ele dizia:
"Em todo o momento de atividade mental acontece em nós um duplo fenômeno de percepção: ao mesmo tempo que temos consciência de um estado de alma, temos diante de nós... uma paisagem qualquer... o mundo exterior (...) Todo o estado de alma é uma paisagem... Há em nós um espaço interior onde a matéria da nossa vida física se agita. Assim uma tristeza é um lago morto dentro de nós, uma alegria um dia de sol no nosso espírito... todo o estado de alma se pode representar por uma paisagem (...) Assim, tendo nós, ao mesmo tempo, consciência do exterior e do nosso espírito... temos ao mesmo tempo consciência de duas paisagens. Ora, essas paisagens fundem-se, interpenetram-se, de modo que o nosso estado de alma, seja ele qual for, sofre um pouco da paisagem que estamos vendo... De maneira que a arte que queira representar bem a realidade terá de a dar através duma representação simultânea da paisagem interior e da paisagem exterior. Resulta que terá de tentar dar uma intersecção de duas paisagens..."
Uma bela descrição de um estágio intermediário, transicional... paradoxal...!!!
Então, em que lugar estamos quando diante de uma bela paisagem?
Henrique Silva

Compartilhado do FB, página Espaço Winnicott de Psicanálise

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