quarta-feira, 29 de julho de 2020

Vincent Van Gogh, desabafos...

"Seja na figura, seja na paisagem, eu gostaria de exprimir não algo sentimentalmente melancólico, mas de uma profunda dor.
Em suma, quero chegar ao ponto em que digam de minha obra: este homem sente profundamente, e este homem sente delicadamente. Apesar da minha suposta grosseira, você me entende? Ou precisamente por causa dela.
O que é que sou aos olhos da maioria — uma nulidade ou um homem excêntrico ou desagradável —, alguém que não tem uma situação na sociedade ou que não a terá; enfim, pouco menos que nada.
Bom, suponha que seja exatamente assim, então eu gostaria de mostrar por minha obra o que existe no coração de tal excêntrico, de tal nulidade.
Esta é minha ambição, que está menos fundada no rancor que no amor "apesar de tudo", mais fundada num sentimento de serenidade que na paixão. Ainda que frequentemente eu esteja na miséria, há contudo em mim uma harmonia e uma música calma e pura. Na mais pobre casinha, no mais sórdido cantinho, vejo quadros e desenhos. E meu espírito vai nesta direção por um impulso irresistível.
(...) A arte pede um trabalho obstinado, um trabalho apesar de tudo e uma observação sempre contínua."
Vincent van Gogh, in: Cartas a Theó. — Trecho da carta de Abril de 1882. — Editora LP&M, 2018, pág. 76.
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