quinta-feira, 6 de abril de 2023

Sexta feira da paixão

O simbolismo dá crucificação

Newton afirma que um corpo permanece estático até que uma força o movimente. A matéria recebe a energia do Espírito que se fragmenta, pulverizando-se em pessoas, em circunstâncias, coisas e fatos, em múltiplos estados, criando Vida.

A crucificação de Jesus simboliza essa “pregação” do Espírito e seu elevado grau de vibração num choque com a densidade da matéria. Esse encontro, essa crucificação acontece sempre, em todos os instantes em que a Consciência percebe que, para existir, precisa de múltiplos contrastes, de luz e sombra, de diferenças, de tantas singularidade e de tudo aquilo que Ela ainda não é, mas que, para Ser, para Existir, precisa vivenciar, compreender. A lapidação das eternas sementes contidas em nossas almas começa em nosso interior, sob o palpitar das emoções cotidianas, num perene processo de auto reconhecimento, auto análise, discernimento e evolução.

Também quando Jesus afirma a Pilatos: “Eu Sou a Verdade”, Pilatos retruca “mas o que é a Verdade?” Jesus silencia pois sabe que “Verdade” é um processo, um estado em permanente mudança sob o Olhar fluídico da consciência em trânsito pelas impermanências. Nada mais eloquente que o buraco negro do silêncio quando não há ressonância no diapasão entre seres pois todos vibramos em escalas circunstanciais diferentes. O Absoluto não pode se realizar na relatividade embora cada relatividade seja, momentaneamente, absoluta para si mesma. A crucificação acontece em cada dissonância com o Outro e consigo mesmo, nos desencontros com a pretensa Verdade subjacente em cada ato, sempre fugidia e nem sempre encontrada.

A crucificação é um estado de espírito, acontece sempre e na intensidade do grau de sintonia com o Cristo interior de cada Um. O Cristo pode estar ali, sempre, na manjedoura de nossas almas mas pode também estar sendo crucificado, todos os instantes, pela ausência de nossa empatia com o Espírito onipresente em nosso entorno, a Vida que nos rodeia, como um espelho a demonstrar muitos dos insanos desvarios de nosso processo evolutivo.

Que nos salve a Páscoa interior de cada um de nós, simbolizada pelo Ovo do renascimento, do Amor, no celeiro da sinceridade, na plena consciência de que toda incompreensão e descaso é uma crucificação do Cristo que espera, pacientemente, para renascer em Nós.

Gildo Fonseca.

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