sexta-feira, 11 de maio de 2012

Entre o calor e o congelamento



Quantas vezes morremos por pequenos assassinatos que a vida cotidiana nos impõe?
Se como dizia Drummond, o sofrimento é inevitável mas a dor é opcional, a verdade é que vamos ficando fortes em nossas ostras interiores na relação com tantos desatinos em nosso entorno.

O fugaz, a insensibilidade nas relações, principalmente quanto à dor alheia, vai nos mostrando, pouco a pouco, que o caminho é um só, o refugio em nossa própria caverna onde espreitamos sob o fogo da consciencia as sombras projetadas de nossos próprios desencantos.

Tudo e todos a buscar tesouros corpusculados em quimeras vãs, devaneios insólitos em colchões de insensatez mil. Para quê? Encontrar razões que mascarem a real tragédia do abandono humano, largado à sua própria sorte, tem sido a subsistência mecânica de muitos pragmatistas cartesianos.

Tentamos, permanentemente, tornarmo-nos algo que ainda não somos, esse eterno devir que nos devora e que justifica para os insensatos seu próprio existir, seus cantos de sereia, sua nebulosa realidade projetada pela paradoxal ausência de si mesmos.

O que somos? nunca saberemos pois o existir está sempre um passo adiante.
O momento, é gozo já realizado, vazio, que aspira e sobrevive do devir de eternos novos preenchimentos.

Triste sina humana, condenados a existir por cada instante futuro desconhecido.
O absurdo de ser obrigado a marchar dentro de engrenagens sociais, de necessidades artificialmente criadas é o grilhão daqueles em que pulsa, pelo menos, uma tenue névoa de consciencia.

Se somos obrigados a viver, escravos de aspirações autogeradas que mascaram a falência nos resultados sobre a busca do nós mesmos, nos refugiamos nos "pecados capitais" cotidianos, na busca do conhecimento, na busca de ser, dessa coisa engraçada chamada prazer, e, de busca em busca, tornamo-nos marionetes buscantes de entornos de nosso alter, fiéis depositários de nossos próprios desatinos perceptivos.

A dor está na própria alma quando compreende que nunca é, e talvez nunca será, pois precisa, sempre, até para poder prosseguir, da busca da miserável resposta ascendente e progressiva, auto caminhante, do instante seguinte, essa "cenoura" maldita.

O rei está nú, pois sob seu olhar, percebe que suas roupagens e coroa, travestidas do olhar de tantos outros, lhe foram tiradas pela angustiante percepção da própria autoconsciencia nesse ilimitado peso do existir, no imenso deserto de nós mesmos ! Bom sono a todos !!!!


By Gildo.





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