sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

XLIII - Antes o Vôo da Ave
Antes o vôo da ave, que passa e não deixa rasto,
Que a passagem do animal, que fica lembrada no chão.
A ave passa e esquece, e assim deve ser.
O animal, onde já não está e por isso de nada serve,
Mostra que já esteve, o que não serve para nada.
A recordação é uma traição à Natureza,
Porque a Natureza de ontem não é Natureza.
O que foi não é nada, e lembrar é não ver.
Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!
.[Alberto Caeiro. In: O Guardador de Rebanhos] - (Art: Mihai Criste)
Compartilhado do FB página Gigantes da Literatura Universal

Nenhum comentário:

Postar um comentário