sábado, 10 de agosto de 2019

“Torna-Te quem És” – Nietzsche.
SEXO – uma das raízes de nossa incompletude.
A palavra "sexo" deriva do termo latino "seccare". "Seccare" quer dizer dividir, partir, cortar. O que esta etimologia, especificamente, nos quer dizer é que a palavra "sexo" transporta consigo a marca da divisão, do corte, logo, da incompletude.
Platão, no "Banquete", alude a esta incompletude, através do mito do andrógino primitivo. Neste diálogo, Platão põe na boca de Aristófanes a construção de um discurso sobre o Amor, a sua origem e a sua natureza. Aristófanes narra a história de uns seres originários (os seres andróginos), de natureza dupla, com quatro pernas, quatro braços, duas cabeças, dois corações e dois sexos. Eram seres de enorme força, inteligência e orgulho, pelo que decidiram desafiar os deuses na sua autoridade.
Os deuses, porém, não podiam suportar a arrogância e o sentido de autonomia de semelhantes seres, pelo que, necessitando embora dos seus serviços, decidiram cortá-los ao meio, de modo a diminuir o seu poder e pôr fim ao seu orgulho. Nesta operação, participou não só Zeus mas também Apolo, seu filho dileto.
Desde então, diz Aristófanes, "cada metade, suspirando pela sua metade, ia ter com ela; abraçando os seus corpos, enlaçadas uma na outra, desejando ser um único ser, acabavam por sucumbir à inanição e, de um modo geral, à incapacidade de agir, porque nada queriam fazer sem a outra metade. Zeus transporta então os órgãos sexuais para a frente do corpo de cada ser - enquanto estes estavam na face exterior do corpo - de modo a permitir o acasalamento que assegurasse a geração da espécie ou a satisfação dos desejos.
Fragmentos compartilhados de A origem das palavras.


Esse texto acima me instigou algumas reflexões:

Entendi que a pluralidade cósmica, totalidade absoluta, também foi dividida em singulares e relativos fragmentos perceptivos que crescem e se expandem rumo a uma Individualidade Maior, através dos enlaces magnéticos de nossas contrapartes, projetadas em cada porvir, no gozo de cada reencontro, em cada espasmo das pupilas dilatadas de nossas almas diante de toda lucidez, no sublime reencontro de nossos tantos eus, sempre obscurecidos pelas nossas parcialidades de todo entendimento. Compartilho pois creio que todo compartilhamento é um ato transgressor de minhas próprias limitações. As respostas da Vida? Oxigênio e empuxo para minha Consciência, sublime deleite do meu Caminhar.
Gildo Fonseca.

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