sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Você encara seus "infernos" ???

O fragmento abaixo é parte de um excelente texto de Angelita Corrêa Scardua, publicado no blog do grupo papeando psicologia. 

A DESCIDA AOS INFERNOS - RITO DE MORTE E VIDA.

Para os gregos, o rito de ingresso dos mortos no Reino Inferior implicava a travessia do rio “Estige” – palavra que significa “ódio” – na barca de Caronte. O barqueiro que exigia uma moeda em troca do transporte. O dinheiro é uma das imagens de valor, de riqueza, de identidade e propriedade do ego. As roupas e insígnias reais arrancadas de Inanna, portanto, assim como a moeda paga a Caronte, nos falam daquilo que temos como sendo nossa auto-imagem, nossa máscara social, os pilares daquilo que entendemos por nossa identidade pessoal. O caráter simbólico da região inferior como espaço de ruptura com a auto-imagem pessoal é tão antigo e tão recorrente que podemos encontrá-lo, por exemplo, na Astrologia. Na visão da Astrologia, o trânsito de Plutão na Carta Natal tende a colocar por terra tudo aquilo que uma pessoa tem como sendo sólido, estável e definitivo. O mesmo se dá para o jogo do Tarot, no qual a tirada da carta da Morte, o Arcano XIII, num jogo indica que o consulente será forçado a abrir mão, a ceder, a mudar, a perder algo, seja uma posição social, um amor ou uma postura diante da vida. Nessas duas práticas divinatórias, a Astrologia e o Tarot, os reinos inferiores da morte expressam a força transformadora da vida que nos cobra movimento. A negação desse processo gera o risco da estagnação, que quase sempre é acompanhado pelo medo sistemático de abrir mão daquilo que parece seguro e confortável.

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