“O abstrato líquido é também o meio concreto de um tipo de homens, de uma raça de homens que não vivem exatamente como os terrestres, que não percebem nem sentem como estes (...).

E, apesar de não se excluir uma reconciliação final, um farol ou uma barragem constituem o lugar de um enfrentamento mortífero entre a loucura da terra e a superioridade da água. (...)

Finalmente o que descobríamos na água era a promessa ou a indicação de um outro estado da percepção: uma percepção mais que humana, uma percepção não mais talhada nos sólidos, que não tinha mais o sólido por objeto, por condição, por meio. Uma percepção mais fina e mais ampla, uma percepção molecular, própria de um "olhar mais profundo”.

Fragmento, livremente adaptado, de uma citação deleuziana. Gildo Fonseca.