sábado, 3 de julho de 2021

Onde nos encontramos?
Alguém saberia dizer?
 
Nossa percepção tem dois olhos. Um que busca o infinito, contido em cada circunstância, pessoas ou fatos. Outro que busca o infinitesimal, nas mesmas circunstâncias, pessoas e fatos. Ambos mascarados com uma imagem fixa de algum espaço e tempo presentes. Do equilíbrio dinâmico, entre fluxos e contrastes, entre um e outro olhar, encontra-se, estupefata, nossa consciência, tateando na escuridão, buscando um cais seguro nos turbulentos mares das sensações, no anfiteatro da vida, alternando-se ora como protagonista ora como coadjuvante.
 
Ela percebe o infinito no instante e o instante no infinito. Percebe a si mesma como instante e espaço, infinita e infinitesimal. Percebe-se como ventre, mas também semente, de todas as possibilidades, de todos os amanhãs. Sua amplitude é binária pois flui pelo Todo presente e por fragmentos ilimitados que, combinados, compõem uma tela, um vitral, um mosaico, uma Luz, gerada pelo atrito das contradições, dos opostos, das dores e alegrias, certezas e dúvidas. Cria, em cada um de nós, nosso próprio Amanhecer, uma construção onde somos as crias da nossa própria cria.
 
Somos apenas um número exato, preciso, de um determinado ponto no plano da jornada, contendo entretanto, potencialmente, a soma de todos os números, de todos os impossíveis, de todas as respostas. Somos o Todo e a Parte. Somos absolutamente relativos mas relativamente absolutos.
 
Gildo Fonseca.

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