terça-feira, 16 de maio de 2023

O DESTINO É UMA SINAPSE.
 
 

“Quando a dor de não estar vivendo for maior que o medo da mudança, a pessoa muda” já dizia Freud.
 
Mudanças são inexoráveis. Dos 50 trilhões de células do nosso organismo pelo menos 300 milhões são renovadas a cada minuto, assim também, em cada instante, em cada fragmento perceptivo, mudamos nosso entendimento. Novas referências, novos padrões se apresentam, um infinito de possibilidades, um show de situações diferentes, sensações, momentos, afetos e racionalizações. “Não me pergunte quem sou e não me diga para permanecer o mesmo” como dizia Foucault.
 
Esse perene processo de mudança é a morfina de um pretenso compreender, encobre um desejoso olhar profundo na resposta de cada momento. Esse volátil, fugaz e transitório entendimento sempre será impactado pelos limites chocantes, alegres ou dolorosos, e por nossas reações diante das vivências anteriores ou pelas expectativas de nossa imaginação.
 
O imponderável, que se apresenta por fatores desconhecidos, deslavada e jocosamente demonstra como é pretensioso o nosso controle das coisas e se demonstra senhor do destino. Quando o “doente”, conscientemente terminal ou não, atinge os limites da dor, então lhe são concedidos opioides, fascinadores diversos, de todos os tipos, para que consiga suportar o momento e voltar à uma relativa “normalidade” consciencial.
 
A botânica define “muda” como “planta jovem tirada do viveiro para plantação definitiva ou pequeno galho retirado de planta adulta e introduzido na terra em outro local, onde se transformará em novo espécime da planta original”.
 
Também somos todos perenes sementes, mudas de consciências, mudas ou eloquentes, que o impacto das impermanências nem permite "tempo" para a racionalização da intensidade de cada momento presente, em cada um de nossos mergulhos nas águas voláteis e turbulentas de todo entendimento. Embora Luzes, tateamos no escuro em busca do transcendente onipresente. No esterco fértil de cada fascinação nos transformamos, em cada instante, em novo espécime da nossa planta original.”
 
Gildo Fonseca.

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