domingo, 4 de junho de 2023

Se uma coisa fosse verdadeiramente bela e agradável, se essas qualidades de fato pertencessem a ela, nós a veríamos como desejável em todos os momentos e lugares.
Mas existe algo neste mundo que seja considerado belo por todos?
Como diz o verso budista:
“Para aquele que ama, a bela mulher é objeto de desejo; para o eremita, é uma tentação; para o lobo, uma boa refeição”.
Da mesma forma, se um objeto fosse intrinsecamente repulsivo, todos teriam uma boa razão para evitá-lo.
Mas tudo muda se reconhecermos que estamos apenas atribuindo essas qualidades às coisas e pessoas.
Não há em um belo objeto nenhuma qualidade intrínseca que o torne benéfico para a mente, assim como também não há nada em um objeto feio que, por causa dessa qualidade, cause dano à mente.
Do mesmo modo, uma pessoa que hoje percebemos como inimiga com toda a certeza é, para outro, objeto de afeição, e poderemos um dia criar laços de amizade com esse mesmíssimo indivíduo.
Reagimos como se as características fossem inseparáveis da pessoa e do objeto sobre os quais as depositamos.
Assim, distanciamo-nos da realidade e somos arrastados pelo mecanismo de atração e repulsão, mantido em constante movimento por nossas projeções mentais.
Nossos conceitos congelam as coisas em entidades artificiais, fazendo-nos perder nossa liberdade interior, do mesmo modo que a água perde sua fluidez quando se torna gelo.
 
Monge Matthieu Ricard
 
Tashi delek བཀྲ་ ཤིས་ བདེ་ ལེགས Que absolutamente todos os Seres Sencientes possam se beneficiar.
 
Compartilhado do FB, pg. de Ammonius Saccas

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