sábado, 14 de outubro de 2023

A FINITUDE PROVOCA UM CHOQUE ANAFILÁTICO EM NOSSA PERCEPÇÃO.
 
A onipresença da finitude, a onipotência da transitoriedade e a onisciência de toda impermanência são névoas que emparedam nossa consciência que, desesperadamente aspira o transcendente.
 
Transgredir fragmentos perceptivos para um mergulho na vivência absoluta, na plena totalidade da alma, fora dos limites encantadoramente gozosos de cada instante, em cada espaço e tempo, distante de toda relatividade, é pulsão que garante estarmos “vivos” em percepção, inconformados com quaisquer limites que nos aprisionam em pedaços da nossa própria totalidade.
 
Ser ou Não Ser, eis sempre a questão. Se aceitarmos cada sensação como sendo a plenitude do absoluto para nossa vivência naquele instante estaremos limitando, fragmentando aquilo que talvez realmente sejamos, embora não possamos ter plena certeza disso. 
 
Por outro lado se aceitarmos cada instante como sendo apenas a intensa face de uma aparente realidade, um endeusamento de cada relatividade, tão absolutamente arrogante, estaremos também sufocados pela consciente prisão do Todo que somos na Parte que estejamos vivenciando.
 
Somos Tudo, Somos Parte, Somos Fluxo. Ser é um estado, sempre transcendente em cada percepção. Estar, em cada condição, em cada olhar, em cada entendimento é apenas um passo na busca do que há de vir no espaço infinito de nossa consciência, no momento seguinte, tão indelevelmente ofuscada por tantos véus a serem sucessivamente descortinados, com relativa resiliência, pelo sentir pleno de nossas almas, vagando por mundos de tantas alternâncias, buscando a Essência, a Semente, a Luz que sempre, inexoravelmente, nos instiga a seguirmos em frente em busca de nós mesmos nas águas profundas de nossos infinitos interiores. 
 
Todas as respostas, pretensas verdades, estão além de quaisquer coisas que possamos, por ora, supor acreditar. O Futuro a Ele pertence.
 
Gildo Fonseca.

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