sábado, 3 de fevereiro de 2024

Beckett maravilhoso...

Para compreender este homem apartado que é Beckett seria preciso nos determos na expressão “manter-se à parte”, divisa tácita de cada um de seus momentos, no que ela pressupõe de solidão e de obstinação subterrânea, na essência de um ser afastado que prossegue um trabalho implacável e sem fim. Diz-se, no budismo, daquele que busca a iluminação, que deve ser tão obstinado quanto “o rato que rói um caixão”. Todo escritor verdadeiro faz um esforço semelhante. É um destruidor que amplia a existência, que a enriquece minando-a.
 
(“Beckett: alguns encontros”. In: “Exercícios de Admiração”)

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