domingo, 2 de agosto de 2009

Sisifo


Sísifo, condenado a subir a montanha empurrando uma rocha para então ser novamente empurrado pelo rochedo para o início, e assim infinitas vezes nessa árdua tarefa, executa revoltadamente a sua ação sem jamais desistir e julgar a vida: sem esperar nada mais! A prova mais contudente de que o homem pode Sim! se revoltar, e isso não significa se verter em niilismo. A revolta que Camus nos apresenta é o sentimento-atitude de poder se revoltar sem baixar os brados flamejantes da luta pela superação das condições de miserabilidade social dizendo Sim! à vida. É um pensamento- ação que nos ajuda a olhar para essa realidade catastrófica e demenciosa a que nos encontramos em tempos de insanidade política e econômica com o direito de poder se revoltar, e como Sísifo continuar lutando. Engajar-se, diria Sartre. Lute, nem que seja sem esperança, aliás que bom seria se fosse sem esse sentimento em geral nefasto, pode ser que não atinjamos as transformações que gostaríamos, mas a questão é que lutamos: “Eu me revolto, logo existimos”, diz o homem do absurdo. Che Guevara foi um Sísifo e resumiu-se: “Antes morrer em pé, a viver ajoelhado”. A situação que nos encontramos, globalmente, pode soar como uma pandemia? Pode! Revolte-se! Mas lute. Lute sem fazer messianismo e sem esperar por um absoluto.

O absurdo exige revolta, diz-nos Camus.

Imagem: Sisifus, M. Klinger, 1914. (texto extraído de O Eterno Retorno)

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