terça-feira, 18 de junho de 2013

Catarse de um povo

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Catarse (do grego Κάθαρσις "kátharsis") é uma palavra utilizada em diversos contextos, como a tragédia, a medicina ou a psicanálise, que significa "purificação", "evacuação" ou "purgação". Segundo Aristóteles a catarse refere-se à purificação das almas por meio de uma descarga emocional provocada por um drama.
Segundo o filósofo, para suscitar a catarse era preciso que 'o herói recolhesse frutos do pátio da escola'e levasse para casa a fim de comer junto com os outros heróis. 
Sob a ótica da psicologia, catarse é o experimentar da liberdade em relação a alguma situação opressora, tanto as psicológicas quanto as cotidianas, através de uma resolução que se apresente de forma eficaz o suficiente para que tal ocorra.
Por ser um conceito relativo, é difícil estabelecer uma média de frequência de processos catárticos. Por exemplo, há relatos de pessoas que, após andarem sobre brasas afirmam ter experimentado uma liberdade e confiança em termos catárticos. Entretanto, após algum tempo, quando todos os processos hormonais envolvidos nessa sensação se normalizam, estas pessoas se vêem diante da mesma situação anterior à tal experiência.
Para que uma pessoa experimente catarse em relação a um conflito é necessário que uma oportunidade de resolução apresente-se, a "disponibilidade" da pessoa em aceitar tal resolução esteja compatível com a possibilidade de tal resolução se transformar em catarse, a qualidade de tal resolução ser suficiente diante da opressão que a pessoa sente, e outros fatores pessoais, culturais e ambientais (ou seja, se é possível, dentro da realidade que circunda a vida da pessoa, de se manter a resolução).
(o texto acima foi extraído da wikipedia)
Nessa grande catarse coletiva que o Brasil passa hoje cabe pensar, estamos preparados para entender o conjunto de fatores que afeta a todos e a cada um de nós individualmente?
temos uma alternativa segura para preencher o vazio de uma eventual purgação dessa praga chamada corrupção, egoísmo e insensibilidade social que conduz o país através de seus governantes?
depois da repetição de tantas experiências, ao longo de décadas, em que só mudam os personagens políticos enquanto o caráter, que deveria ser o eixo político de todo governante, é deixado de lado, em função de interesses pessoais ou, na melhor das hipóteses, é negociado com pretensos aliados que só querem resolver seus problemas pessoais, quem ou o quê, vamos colocar no lugar como alternativa?
A dura verdade é que manifesta-se a catarse de um povo onde é purgada a náusea do desamparo social, uma revolta contida e que agora explode pela falta de um horizonte ético, amoroso e fraterno, naufragado em negociatas de bastidores onde o respeito pelos direitos do semelhante é simplesmente massacrado.
O grande desafio é, quando se faz uma catarse e a purgação é bem feita, fica um vazio no lugar.
Existem alternativas para realizar o sonho de um povo?
ou mais uma vez, como tantas repetidas vezes, sucede-se a ascensão de oportunistas de plantão, que, canalizando o descontentamento popular, assumem o papel de heróis de um povo, para depois, tornarem-se carrascos das expectativas das quais tornaram-se fiéis depositários?
a mobilização e busca de alternativas de um povo em desespero é utilizada pela hábil manipulação dos destinos, das sensações e dos interesses de cada um, pelas mídias que, associadas ao poder econômico, reconduz, com o passar do tempo e pela alternância dos personagens desse baile de máscaras chamado política, seus parceiros na função de oprimir, fazendo assim, autofagicamente para eles, o povo dar mais um passo rumo a autoconsciência e seu papel social, crescendo individual e coletivamente na incorporação de sua própria Liberdade. Esse processo de crescimento é dialético, entre a opressão e o oprimido.

Vivemos uma grande selva, onde a única coisa que nos une, é a volátil tentativa de superarmos tantos desamparos individuais tornados coletivos (sic), pela soma de desesperos pessoais contra as opressões, paulatinamente conscientes, que nos provocam, nos desafios cotidianos, a fugaz esperança de que o único caminho é entender cada "inimigo" exterior como mais um degrau do descobrimento de nossas forças interiores.


Na superação de tantas opressões que, como "cercas exteriores", nos desafiam a descobrir nossas forças e nesse atrito, geram Luz, conseguiremos, mesmo que parcamente, visualizar a nós mesmos, em nossa trágica e desafiadora circunstância do existir, rumo a quem Somos.
De tudo sempre ficará uma certeza, seremos gratos a tudo aquilo que nos desafia pois é semente de descobertas de tudo o que podemos, dentro e fora de nós, individual ou coletivamente.

O tempo é de emoção, de um fogo que consome, mas, parafraseando Jorge Luis Borges, "nós somos o Fogo".



Gildo Fonseca




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