sábado, 20 de fevereiro de 2021

INCERTEZAS DE UMA ÂNCORA
 
O ar que respiramos é uma propulsora transgressão em nossos singulares banquetes do espectro perceptivo.
Nossa Incompletude, um líquido amniótico onde pulsam as sinapses que nos vivificam, nos contém, nos alimentam num banquete de incertezas, possibilidades, múltiplos caminhos e sensações. Onde ancorar quando se é o próprio rio que flui? Quem poderá ao certo dizer para onde vai? Somos “apenas” espectadores ativos das ressonâncias dos fatos externos que nos lapidam no transcurso de nossa jornada forasteira. A propulsora, inexorável e imanente transgressão da consciência de nossas próprias limitações flerta com o Desconhecido, com a matéria escura, com os buracos negros da transcendência nas fossas abissais de nossa inconsciência. O Imponderável, protagonista no teatro do existir, com seus véus e tal qual um fantasma hamletiano, nos desafia permanentemente, na superação de nosso trágico estado de meros coadjuvantes nessa nau onde navegar é preciso. Tal qual uma cópula entre a intensidade subjacente do devir com nosso ventre de percepção o futuro nos diz: cresça e eu me realizo em ti. “Metade vítimas metade cúmplices” como dizia Sartre. Cada Instante é novo Ente. Contudo, contidos, somos um Além, a ser auto descortinado. Talvez sejamos o próprio fluxo da transcendência respirando cada vez que pisca o nosso Olhar, cada vez que pulsa nosso coração, cada vez que o oxigênio de cada nova compreensão alivia nossas almas, embala, adoça e alenta a angustiosa busca pela razão do nosso Existir. Gildo Fonseca.

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