terça-feira, 30 de março de 2021

NO LIMBO DA NEBULOSIDADE

Entre uma e outra percepção, nesse exato interstício, a vida existe. A Vida não é sístole. A Vida não é diástole. Da alternância das duas vem o oxigênio. Assim também, da alternância entre contrastes flui, diáfana, difusa, a consciência. A Singularidade é uma sucessão infinita de percepções fragmentadas que criam um mosaico onde ficam marcadas nossas experiências. Mosaico esse que nunca poderá ser visto em sua completude pela nossa particularidade eis que é um somatório vivo e colorido do nosso pulsar como ritmo cósmico a fluir pelo Universo. Ao retornarmos ao seio de nossa origem seremos um novo número, soma de tudo que passamos. Não mais um, não mais dois ou sequer qualquer uma de suas sucessões. Seremos absolutos na soma de nossas relatividades. Nunca saberemos quem realmente somos pois, como cometas que vão se desintegrando no atrito de suas passagens pelos caminhos do infinito, vamos nos fragmentando em cada nova observação, em cada nova análise, em cada nova passagem. Nova luz surge em cada atrito, em cada sinapse, mas morre também, nesse instante, a parte que carregávamos de nós mesmos como crenças que são sistematicamente superadas, de instante a instante, pela evolução da compreensão. Nascemos e morremos, a todo instante, em meio a tentativas de encontrar no relativo, o Absoluto. Decifra-me ou te devoro, já dizia a Esfinge.

Gildo Fonseca.

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