sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Tudo é binário. Os caminhos tem duas vias. A Vida acontece "dentro" e "fora" de nós. Somos palco, somos plateia. Protagonistas e coadjuvantes. Pulsamos no corpo, na alma, em ritmo cadente entre a pulsão de realização e o vácuo, o grande buraco negro do ainda incriado. O possível e o impossível convivem, respiram, inspiram, existem pela combinação de contrastes que formam as imagens, a nossa estrada, na grande cavalgada do nosso espírito, no grande barco da transição no rio das experiências, onde somos o Caronte de nós mesmos, remando rumo à outra margem, em todos os instantes, onde buscamos encontrar outros fragmentos de nós mesmos para que depois, juntados os cacos de cada relação com as realidades, sonhos, delírios e lapsos de lucidez possamos, finalmente, compor, embora ainda pretensiosamente, o mosaico de quem realmente somos. No fim, voltaremos ao início. A gestação aconteceu por toda uma vida no líquido amniótico das convivências. Novamente por fim, conscientemente e no útero de nós mesmos, percebemos que após navegar por tantos conflitos que geram a luz da compreensão, não somos mais binários, mas um espelho, a soma dos grãos de areia de cada compreender e teremos então, embora ainda enevoada, muitas vezes até fantasmagórica, evanescente ou luminosa, uma vaga imagem de nós mesmos, que renascerá sempre, em cada pulsar da percepção, em cada Olhar do nosso Espírito, em cada batida de nossos corações. A dualidade do início e do fim está contida no Agora. Gildo Fonseca.

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