sábado, 2 de janeiro de 2021

TORNOS E ENTORNOS
 
O Devir, Instante Seguinte, é filho do Pai, o Imponderável, com a Mãe, nossa Potência inata e interior, que nos instiga a acolhermos nos braços da alma, a Luz gerada desse atrito permanente entre Expectativa e Realidade. Ela ilumina o "presente dinâmico", nesse caminho da Consciência em trânsito por tantas impermanências, inclusive a da pretensa pureza absoluta da Essência de cada um, já que, relativamente, nunca e nada somos quando estanques, somente poderemos Ser. A Vida existe enquanto há Movimento. Para Ser ou pretender Ser, então, precisamos Tornarmo-nos. E nesse processo partilhado de tornar-Se nunca se É pois, se for, mesmo que por um fragmento de momento, não estará mais se tornando. Ou Um ou Outro. Como dizia nosso querido Nietzsche "Torna-te quem És". A Vida é uma cópula permanente entre a Força Criativa das nossas ações e o Ventre Multidimensional que realiza o palco da nossa Percepção. Dessa gestação instantânea de cada big-bang perceptivo nasce a inocente, pretensiosa, volátil e fugidia lucidez em cada sensação do nosso Existir, tornando-nos, pela embriaguez consciencial da volúpia de cada desejo, de cada ilusão, uma sinapse entre Ser ou não-Ser. Eis a questão. Somos o Torno de nossos Entornos. E vice-versa.
 
Gildo Fonseca.
 
Sobre a imagem: "Esperando Godot..."

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