terça-feira, 11 de maio de 2021

A ansiedade é o primeiro sinal de afetos não reconhecidos, não nomeados, difíceis ou impossíveis de elaborar. Na infância, em que a criança ainda depende em demasia do adulto, e devido a que ela ainda está em contato com o mundo da palavra, o corpo se torna o palco privilegiado de manifestações diversas de ansiedade: tiques nervosos, agitação, impulsividade, retraimento, isolamento e, em muitos casos, doenças psicossomáticas. A ansiedade na infância aponta para a dificuldade de "ser" quando ainda está em questão a construção do sentido de si mesmo, na estreita relação com o ambiente cuidador (Winnicott). Aos pais, e adultos em geral, cabe a tarefa de continente, filtro e pára-raios da criança. A ansiedade na infância é signo de que também falta à família as condições para cumprir sua função. São muitas as crianças que, impedidas de ser, precisam se descaracterizar como crianças para passar a "cuidar" das angústias dos pais: papéis invertidos que testemunham que o que falta à criança é também o que falta aos pais. Ninguém nasce sabendo; aos adultos, cabe querer saber

(Evelin Pestana, Casa Aberta - Psicanálise, Arte e Educação - postagem feita a pedido de Cláudia Alcantara).

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