sexta-feira, 7 de maio de 2021

 Há 163 anos, no dia 6 de maio de 1856, nascia Sigmund Freud.

"Considero incompreensível que a ideia da transitoriedade do belo possa perturbar nossa alegria diante dele. No que diz respeito à beleza da natureza, após sua destruição pelo inverno, ela voltará novamente no próximo ano, e esse retorno em relação à duração de nossa vida deveria ser caracterizado como eterno. Vemos a beleza do corpo humano e do rosto se desvanecer no interior de nossa própria vida, mas esta efemeridade acrescenta, com seus estímulos, uma nova beleza. Se existe uma flor que brota apenas uma única noite, então seu florescimento nos parece não menos vistoso, suntuoso. Gostaria, de todo modo, de compreender como a beleza e a perfeição da obra de arte e da capacidade intelectual deveriam ser desvalorizadas por sua limitação temporal. Talvez chegue o dia no qual os quadros e as estátuas que admiramos se desfizessem ou que uma geração posterior à nossa não mais entendesse as obras de nossos poetas e pensadores ou mesmo uma época geológica emudecesse todo ser vivo sobre a terra, o valor de toda essa beleza e perfeição seria caracterizado apenas por meio do seu significado para nossa vida sensível, uma vez que esta não precisa sobreviver e, por isso, é independente da duração absoluta do tempo".
 
(Freud em "Transitoriedade", 1916.)

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