sexta-feira, 31 de março de 2023

O processo nauseante, por Roquentin...

“Existo, e sei que o mundo existe. Isso é tudo. Mas tanto faz para mim. É estranho que tudo me seja tão indiferente: isso me assusta. Gostaria tanto de me abandonar, me esquecer, dormir. Mas não posso, eu sufoco: a existência penetra em mim por todos os lados, pelos olhos, pelo nariz, pela boca… E subitamente, num instante, o véu se rasga: eu compreendi, eu vi. Não posso dizer que me sinta aliviado ou contente; ao contrário, isso me esmaga. Mas minha finalidade foi atingida: eu sei o que eu queria saber. A náusea não me abandonou e não creio que me abandone tão cedo; mas já não sofro, não é mais uma doença ou uma febre passageira, eu sou a náusea". 
 
Reflexões do "angustiado" personagem Roquentin em A Náusea, de Jean Paul Sartre.
 
Sartre era um desconhecido até 1938 quando Gallimard decidiu publicar "A náusea". Tinha completado 26 anos e tinha passado um ano e meio em Berlim, coincidindo com a chegada de Hitler ao poder. Durante essa fase, Sartre dedicou o seu tempo a ler Husserl e Heidegger, os dois pensadores sem os quais a sua obra não pode ser compreendido.

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